quarta-feira, 2 de abril de 2008

Uma moça em meio a multidão

Ilani Silva


O brinquinho prateado em formato circular vibrava em sua orelha rosada a cada movimento que fazia. Não se movia bruscamente. Talvez o seu físico isente de volume não a permitisse fazer, pois tinha a aparência tão frágil, que às vezes eu pensava que não pesasse mais que um lápis e a qualquer instante parecia que iria partir em mil pedacinhos.
Não conseguia concentrar-se, mexia-se, ajeitava os cabelos. A franja castanho-escura, partida ao meio escorria-lhe nos olhos, assim como uma calda de chocolate desliza sobre a superfície de um sorvete, impedindo-a de prosseguir o exercício que praticava. Sentada na cadeira, e apoiando o cotovelo sobre a mesinha a sua frente, não permanecia ereta, sua coluna tinha o formato da letra “C”. Essa postura embaraçava a estampa colorida de seu vestido, era um carnaval de cores pulsantes, uma mistura de azul, branco, rosa-escuro que contrastavam com sua tez amarelada.
Às vezes sorria, e quando o fazia, os seus olhos de cor castanho-escuro, combinando com os seus longos cabelos amarrados ficavam tão apertados como a lua minguante invertida. Sua voz, pouco se ouvia, falava baixinho como se a todo tempo tivesse preocupada se alguém estaria escutando-a. E eu a escutei, mesmo com tantas vozes seguindo em minha direção, eu ouvi o seu pedido, fiz e termino por aqui.

Um comentário:

Leandro Colling disse...

um pouco mais sobre estatura, peso, altura, ajudaria a formar mais a imagem