segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Festa D'Ajuda

Lise Lobo

Em novembro ocorre em Cachoeira a tradicional Festa D’Ajuda em louvor a Nossa Senhora D’Ajuda. A comemoração chega a durar mais de uma semana com uma programação carregada de acontecimentos, como: pregões, ternos, missas, procissões, cortejos e lavagens. A festa é cheia de tradições, é uma legítima manifestação de fé e motivo de muita alegria para os cachoeiranos, que esperam cheios de ansiedade o início dos festejos.
O principal objetivo da matéria será verificar se as tradições continuam as mesmas ou se houve modificações com o decorrer dos anos, e descobrir quais seriam estas, a partir de entrevistas com habitantes da cidade que conviveram com os festejos passados. Maria José Soares da Cruz, conhecida como Mazé, uma das organizadoras desse ano da festa, será entrevistada, para falar sobre os preparativos e suas perspectivas. Será também tratado, como se organizam os blocos, a exemplo dos mais tradicionais como “As Gauchetes”, entrevistando alguns organizadores como Antônio de Jesus e Vandinho, como também os mais recentes a exemplo dos “Quendes”. Entender como se organiza a festa, os significados de cada acontecimento, será abordado, no intuito de esclarecer e tirar dúvidas. Buscar dados junto a Secretaria de Turismo, a cerca da arrecadação que o município tem no período dessa festividade, evidenciando se existem benefícios para a cidade.

Influência dos programas de televisão para os cachoeiranos

por Daniela Oliveira

“Como foi a festa de ontem?”, a resposta é imediata: “a festa ontem foi MARA!!”, “e como foi com o namorado?”, “prefiro nem comentar!!” é a resposta automática que se ouve. Frases assim são ouvidas todos os dias pelas ruas, e já foram incorporadas ao vocabulário de muitas pessoas, devido à influência dos programas de televisão, principalmente os humorísticos e as novelas, que criam hábitos, ditam modas e causam verdadeira fascinação nos telespectadores. Em uns mais, outros menos,mas é inegável notar que os atores e atrizes famosos provocam mudanças na vida das pessoas. É interessante notar se isso difere de uma classe social para outra.
A influência é desde a maneira de se vestir, a cor do esmalte, o corte de cabelo e os jargões utilizados nesses programas, que caem no gosto popular tornando-se gírias muito utilizadas. As fontes básicas da minha matéria serão entrevistas com a população, de diferentes classes sociais, dentro da cidade de Cachoeira, buscando saber e observar até onde vai a influência desses programas no dia-dia dos cachoeiranos. Procurarei também pessoas que trabalhem em salões de beleza, em lojas, para saber como o comércio é também movido por modismos de novelas e programas, e no quanto estes interferem no crescimento das vendas e da procura das pessoas para que se assemelhem aos famosos das telenovelas.

Pauta Besouro Mangangá

Por Carine Araújo

Foco: A realização do filme Besouro Mangangá nas cidades de Cachoeira e Santo Amaro.

Biografia de Besouro Mangangá:
Besouro Mangangá - zumbidos de resistência
Manuel Henrique, o Besouro Mangangá, morreu jovem, com apenas 24 anos, em 1924, restando ainda dois dos seus principais alunos: Rafael Alves França (Mestre Cobrinha Verde) e Siri de Mangue.
José Raimundo, pós-graduado em História e Cultura Afro-brasileira, licenciado em Língua e Literatura Inglesa, vice-diretor do Centro Educacional Teodoro Sampaio (Santo Amaro-BA)
José Raimundo Cândido da Silva, pós-graduado em História e Cultura Afro-brasileira, licenciado em Língua e Literatura Inglesa, vice-diretor do Centro Educacional Teodoro Sampaio (Santo Amaro-BA)

Minhas primeiras informações sobre Besouro vieram através de meu pai, Virgílio Silva, um negro bastante trabalhador e inteligente, filho de Salu, dono de uma fazenda chamada “Mucumbe” aqui em Santo Amaro – Bahia. Ele costumava contar algumas histórias sobre o capoeirista que me enchiam de curiosidade e enlevo, principalmente quando me mandava cortar o cabelo na barbearia de Caetano, irmão de Besouro, um senhor de semblante calmo e voz pausada. Esses fatos contribuíram sensivelmente para que eu desde cedo dissipasse minhas dúvidas acerca da existência de seu irmão Besouro. Seu nome era Manoel Henrique Pereira e foi assassinado com uma faca de “ticum”, aos 24 anos, numa verdadeira emboscada.

O processo de desconstrução da imagem do negro é fato bastante visível ao longo dos anos. E Besouro, Manoel Henrique Pereira, não seria uma exceção. Sob o pretexto de apenas abordá-lo como uma entidade mística e não sob uma perspectiva mítica, a história oficial acaba por não incluí-lo como uma expressão legítima de resistência na secular luta dos negros. Essa tentativa de desconstrução se amplia ainda mais quando Besouro é associado a forças demoníacas, principalmente nos momentos em que se esquivava da polícia, sumindo repentinamente por entre os matos e canaviais (os quais conhecia como ninguém), ou por declarar-se filho de Ogum e ter o “corpo fechado”.

Dormelinda Pereira dos Anjos (Dona Dó), irmã de Besouro, e o Prof. José Raimundo Cândido da Silva, em 17.09.2003, Santo Amaro-BA. Dona Dormelinda, com mais de 90 anos de idade, era menina quando conheceu seu irmão Besouro.Quanto ao apelido “Besouro Mangangá”, conta-se que surgiu quando, após arrumar mais uma encrenca com a polícia, desapareceu misteriosamente. Atordoado, um policial perguntou para um dos que assistiram à cena: “Você viu pra onde foi aquele negro?” “Vi, sim senhor. Ele virou besouro e saiu voando”. “Mangangá” é um tipo de besouro cuja picada é muito perigosa e às vezes fatal.

Na verdade, existem diversas histórias sobre Besouro as quais misturam ficção e realidade. Uma delas é contada por seu primo e aluno Cobrinha Verde, e diz que “certa feita, sem trabalho, Besouro foi à Usina Colônia (hoje Santa Eliza) em Santo Amaro e conseguiu colocação. Uma semana depois, no dia do pagamento, o patrão, como fazia com os outros empregados, disse-lhe que o salário havia “quebrado” pra São Caetano, isto é, não pagaria coisa alguma. Quem se atrevesse a contestar era surrado e amarrado num tronco durante 24 horas. Besouro, entretanto, esperou que o empregador lhe chamasse e, quando o homem repetiu a célebre frase, foi segurado pelo cavanhaque e forçado a pagar, depois de tremenda surra”.

Uma outra história diz que “certa vez, Besouro obrigou um soldado a beber grande quantidade de cachaça. O fato registrou-se no Largo de Santa Cruz, um dos principais de Santo Amaro. O militar dirigiu-se posteriormente à caserna, comunicando o ocorrido ao comandante do destacamento, Cabo José Costa, o qual designou 10 praças para conduzirem o homem preso, morto ou vivo. Pressentindo a aproximação dos policiais, Besouro recuou do bar e, encostando-se na cruz existente no largo, abriu os braços e disse que não se entregava. Ouviu-se violenta fuzilaria, ficando ele estendido no chão. O cabo José chegou-se e afirmou que o capoeirista estava morto. Besouro então se ergueu, mandou que o comandante levantasse as mãos, ordenou que todos os soldados fossem embora e cantou os seguintes versos: “Lá atiraram na cruz/eu de mim não sei/se acaso fui eu mesmo/ela mesmo me perdoe/Besouro caiu no chão/fez que estava deitado/Polícia se briga/vamos lá pra dentro do mangue/vão brigar com caranguejo/que é bicho que não tem sangue”.

Como podemos observar, Besouro não gostava de policiais e sempre se envolvia em complicações com os milicos e não era raro tomar suas armas e conduzi-los até o quartel.

As brigas eram sucessivas e por muitas vezes Besouro tomou partido dos fracos contra os proprietários de fazendas ou engenhos e policiais.

Jogar capoeira ou Danse de la guerre de Johann Moritz Rugendas, 1835. (Rugendas)Certa vez, Antônio José Diogo, fustigando Besouro com o cipó caboclo, ordenou: “Feche a porteira, nego descarado! Besouro não o obedeceu e revidou a agressão com seu facão.

No entanto, a denúncia que transcrevemos literalmente a seguir, extraída do Arquivo Público de Santo Amaro-BA, mostra-nos a maneira com que “os homens da lei” faziam suas próprias versões para as ocorrências:

“Exmº Sr. Dr. Juiz de Direito

O Promotor Público d’esta Comarca abaixo firmado, usando de suas atribuições e firmado no inquérito policial junto, vem trazer a V. Exª denúncia contra Manoel Henrique, vulgarmente conhecido por “Besouro”, brazileiro, empregado no Engenho Santo Antônio do Rio Fundo, onde rezidente, pelo fato criminoso seguinte:

No dia 31 de Dezembro de 1921, em terreno do Engenho Santo Antônio do Rio Fundo, no distrito do mesmo nome, o denunciado depois de uma troca de palavras com Antônio José Diogo, que passava pela estrada, investe contra este, armado de um facão, produzindo-lhe os ferimentos graves descritos no corpo de delito, dos quais lhe resultaram a amputação do dedo mínimo da mão direita.

Como d’esse modo, tendo o denunciado praticado o crime previsto no Art. 304 do Código Penal, apresenta a Promotoria esta denúncia para, julgada provada, ser o mesmo punido com a pena do referido artigo.

Assim, P. or. de V. Exª que se proceda a todos os termos para a formação de culpa, inquerindo-se as testemunhas arroladas em dia e hora que forem designados com sciencia d’esta Promotoria e fazendo-se as necessárias intimações:

Testemunhas Rezidência
José Maria da Paixão Engenho Novo
Francisco Alves Soares Rio Fundo
Pedro Antonio Pereira Rio Fundo
Antônio Joaquim de Oliveira Rio Fundo
Francisco Florêncio da Silva Rio Fundo

Santo Amaro, 4 de fevereiro de 1922.

Certamente, a verdadeira ocorrência do incidente acima transcrito respaldou-se, como já dissemos, no fato de Antônio Diogo ter ordenado acintosamente a Besouro, com palavras depreciativas, que fizesse algo para ele. Besouro, não obedecendo à ordem, revidou a agressão a seu modo.

Existe uma série de histórias sobre a vida de Besouro. Vejamos mais uma delas sobre as circunstâncias de sua morte. Empregando-se na casa de um rapaz conhecido por Memeu, Besouro foi com ele às vias de fato, sendo então marcado para morrer. Homem influente, o Dr. Zeca mandou pelo próprio Besouro (que não sabia ler nem escrever) uma carta para um seu amigo, administrador da Usina Maracangalha, para que liquidasse o portador. O destinatário com rara frieza mandou que Besouro esperasse a resposta no dia seguinte. Pela manhã, logo cedo, ele foi buscar a resposta, sendo então cercado por cerca de 40 soldados, que imediatamente fizeram fogo, sem contudo atingir o alvo. Um homem, entretanto, conhecido por Eusébio de Quibaca, quando notou que Besouro tentava afastar-se gingando o corpo, aproximou-se sorrateiramente edesferiu-lhe violento golpe com uma faca de ticum.

Manuel Henrique, o Besouro Mangangá, morreu jovem, com apenas 24 anos, em 1924, restando ainda dois dos seus principais alunos: Rafael Alves França (Mestre Cobrinha Verde) e Siri de Mangue.

No Arquivo Público da Prefeitura Municipal de Santo Amaro da Purificação – BA, encontra-se a certidão de óbito de Manoel Henrique Pereira (Besouro), a qual transcrevemos na íntegra:

“Santa Caza da Mizericórdia da Cidade de Santo Amaro, em 5 de Setembro de 1925.

Certidão passada a pedido verbal do Dr. João de Cerqueira e Souza, Promotor Público da Comarca e por determinação do Chefe do Serviço Clínico do Hospital da Mizericórdia e etc.

Certifico que, por determinação do Chefe do Serviço Clínico d’este Hospital da Santa Caza da Mizericórdia, revendo os livros nº 3, linha 16 cito 418, consta o seguinte lançamento: Manoel Henrique, mulato escuro, solteiro, 24 anos, natural de Urupy, rezidente na Uzina Maracangalha, profissão vaqueiro, entrada no dia 8 de Julho de 1924, às 10 e meia hora do dia, fallecendo às 7 horas da noite, de um ferimento perfuro-inciso do abdômen. É o que consta, que para aqui copiei fielmente como n’elle se contem. Eu, Jerônymo Barboza, enfermeiro, que o escrevi e assigno.

Jeronymo Barbosa - Enfermeiro.

Hoje, Besouro é símbolo da Capoeira e não só em território baiano, sobretudo pela bravura e lealdade com que sempre se comportou em relação aos fracos e negros perseguidos pelos fazendeiros e policiais.

“Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, paletó, almofadinha (...)
Adeus Bahia, zum-zum-zum, cordão de ouro,
Eu vou partir porque mataram meu Besouro”
(Paulo César Pinheiro).

Além desta homenagem musical de Paulo César Pinheiro e Baden Powel, em “Lapinha”, Besouro foi cantado verdadeiramente em prosa e verso. Jorge Amado, em seu expressivo romance “Mar Morto”, dedica um capítulo deste livro a Besouro:

“Essa cidade de Santo Amaro onde Guma está com o saveiro foi pátria de muito barão do Império, viscondes, condes, marquesas, mas foi também de gente do cais, a pátria de Besouro. Por esse motivo, somente por esse motivo, não é por produzir açúcar, condes, viscondes, barões, marqueses, cachaça, que Santo Amaro é uma cidade amada dos homens do cais. Mas foi ali perto, em Maracangalha, que o cortaram todinho a facão, foi ali que seu sangue correu e ali brilha a sua estrela, clara e grande, quase tão grande como a de Lucas da Feira. Ele virou estrela porque foi um negro valente” (...)

Em termos poéticos ele foi cantado em cordel através dos versos do poeta e compositor também santamarense Antônio Vieira, que publicou “O Encontro de Besouro com o Valentão Doze Homens”. Vejamos alguns trechos deste trabalho:

“Esta é uma história
De natureza baiana
Que envolve o recôncavo
O massapé e a cana
O engenho, a usina
O candeeiro de manga
O carreiro que conduz
A junta de boi de canga” (...)

“Ela envolve uma cidade
Bem antiga da Bahia
Um de seus protagonistas
A ela é que pertencia
Me refiro a Santo Amaro
A cidade de Besouro
Negro valente danado
Que não levava desaforo”.

“Dizem que Besouro
Ainda propôs pra Doze Homens
Suspenderem a paleja
Enfrentar juntos os homens
Botá-los pra correr,
Mostrar que ‘o couro come’
E depois de os vencer
Lutar de homem pra homem” (...)

(Antônio Vieira – “O Encontro de Besouro e o Valentão Doze Homens”).

Ainda são poucas as manifestações de apreço por parte, até mesmo, de grupos de capoeira da Bahia em relação ao que Besouro representou para a trajetória de luta da resistência negra. Por isso, é de se registrar com enorme satisfação a homenagem feita recentemente em nossa cidade pelo Grupo Forte de Capoeira, com sede em Salvador-BA, quando foram até a Santa Casa da Misericórdia, onde faleceu Manoel Henrique Pereira, e colocaram uma placa em sua homenagem ao som do toque de berimbaus e cânticos característicos, como também é importante registrar os trabalhos de informação e conscientização desenvolvidos pelos instrutores santamarenses mestre Antônio Lampião, mestre Macaco, a pesquisadora Zilda Paim, a professora Maria Mutti, diretora do NICSA, e o professor Raimundo Artur, que faz um trabalho de resgate histórico-cultural de nossa cidade, dentre outros.

Na oportunidade, sugerimos às entidades culturais de preservação da cultura e história do negro brasileiro, não somente da Bahia, mas também do Brasil, que imprimam um enfoque múltiplo e maior sobre a importância de Manoel Henrique como mais um símbolo do povo negro, para que os “zumbidos de resistência” que trilham o “céu de uma cidade do interior” ecoem também em outros céus, não apenas como um “objeto não identificado”.

Axé, Besouro Mangangá!!


Manoel Henrique (1897?-1920?), Besouro Mangangá ou Besouro Cordão de Ouro foi um lendário capoeirista da região de Santo Amaro, Bahia. Muitos e grandiosos feitos lhe são atribuidos. Diziam que tinha o "corpo fechado", que balas e punhais não podiam feri-lo. Porém, mesmo as circunstâncias da sua morte são contraditorias. Há versões de que foi num confronto com a polícia, e outras que foi na "trairagem", num ataque de faca pelas costas.

A palavra capoeirista assombrava homens e mulheres, mas o velho escravo Tio Alípio nutria grande admiração pelo filho de João Grosso e Maria Haifa. Era o menino Manuel Henrique que, desde cedo aprendeu, com o Mestre Alípio, os segredos da Capoeira na Rua do Trapiche de Baixo, em Santo Amaro da Purificação, sendo batizado como Besouro Mangangá por causa da sua flexibilidade e facilidade de desaparecer quando a hora era para tal.

Negro forte e de espírito aventureiro, nunca trabalhou em lugar fixo nem teve profissão definida.

Quando os adversários eram muitos e a vantagem da briga pendia para o outro lado, "Besouro" sempre dava um jeito, desaparecia. A crença de que tinha poderes sobrenaturais veio logo, confirmando o motivo de ter ele sempre que carregar um "patuá". De trem, a cavalo ou a pé, embrenhando-se no matagal, Besouro, dependendo das circunstâncias, saia de Santo Amaro para Maracangalha, ou vice-versa, trabalhando em usinas ou fazendas. Certa feita, quem conta é o seu primo e aluno Cobrinha Verde, sem trabalho, foi a Usina Colônia (hoje Santa Eliza) em Santo Amaro, conseguindo colocação. Uma semana depois, no dia do pagamento, o patrão, como fazia com os outros empregados, disse-lhe que o salário havia "quebrado" para São Caetano. Isto é: não pagaria coisa alguma. Quem se atrevesse a contestas era surrado e amarrado num tronco durante 24 horas. Besouro, entretanto, esperou que o empregador lhe chamasse e quando o homem repetiu a célebre frase, foi segurado pelo cavanhaque e forçado a pagar, depois de tremenda surra.

Misto de vingador e desordeiro, Besouro não gostava de policiais e sempre se envolvia em complicações com os milicianos e não era raro tomava-lhes as armas, conduzindo-os até o quartel. Certa feita obrigou um soldado a beber grande quantidade de cachaça. O fato registrou-se no Largo de Santa Cruz, um dos principais de Santo Amaro. O militar dirigiu-se posteriormente à caserna, comunicando o ocorrido ao comandante do destacamento, Cabo José Costa, que incontinente designou 10 praças para conduzir o homem preso morto ou vivo. Pressentindo a aproximação dos policiais, Besouro recuou do bar e, encostando-se na cruz existento no largo, abriu os braços e disse que não se entregava. Ouviu-se violenta fuzilaria, ficando ele estendido no chão. O cabo José chegou-se e afirmou que o capoeirista estava morto. Besouro então ergueu-se, mandou que o comandante levantasse as mãos, ordenou que todos os soldados fossem e cantou os seguintes versos: Lá atiraram na cruz/ eu de mim não sei/ se acaso fui eu mesmo/ ela mesmo me perdoe/ Besouro caiu no chão fez que estava deitado/ A plícia/ ele atirou no soldado/ vão brigar com caranguejos/ que é bicho que não tem sangue/ Polícia se briga/ vamos prá dentro do mangue.

As brigas eram sucessivas e por muitas vezes Besouro tomou partido dos fracos contra os propritários de fazendas, engenhos e policiais. Empregando-se na Fazenda do Dr. Zeca, pai de um rapaz conhecido por Memeu, Besouro foi com ele às vias de fato, sendo então marcado para morrer.

Homem influente, o Dr. Zeca mandou pelo próprio Besouro, que na atilde;o sabia ler nem escrever, uma carta para um seu amigo, administrador da Usina Maracangalha, para que liquidasse o portador. O destinatário com rara frieza mandou que Besouro esperasse a resposta no dia seguinte. Pela manhã, logo cedo, foi buscar a resposta, sendo então cercado por cerca de 40 soldados, que incontinente fizeram fogo, sem contudo atingir o alvo. Um homem entretanto, conhecido por Eusébio de Quibaca, quando notou que Besouro tentava afastar-se gingando o corpo, chegou-se sorrateiramente e desferiu-lhe violento golpe com uma faca de ticum.Manuel Henrique, o Besouro Mangangá, morreu jovem, com 27 anos, em 1924, restando ainda dois dos seus alunos Rafael Alves França, Mestre Cobrinha Verde e Siri de Mangue.

Hoje, Besouro é símbolo da Capoeira em todo o território baiano, sobretudo pela sua bravura e lealdade com que sempre comportou com relação aos fracos e perseguidos pelos fazendeiros e policiais.


Fontes: Lílian Navarro e Luiz Henrique (produtores do filme), atores (Gato, capoeirista que viverá Besouro quando jovem), historiador santamarense (José Raimundo), Mestres de capoeira angola(Santa Rosa, Ivan, Pelé, Curió...)

Fotos: Locações do filme, entrevistados, Besouro (referências históricas)
PAUTA – RESGATE DO 2 DE JULHO FUTEBOL CLUBE

Toniel Costa

Fundado em 16 de outubro de 1953, um dos times mais tradicionais da cidade, retornou as atividades esportivas á cerca de dois anos.
Por iniciativa de Galileu Fraga, atual presidente, juntamente com Lindelso Maturino, vice, iniciou-se uma busca pela documentação e pelo histórico do clube. Neste ano, a diretoria inscreveu a equipe no Campeonato da Liga Sanfelista de Futebol, mais conhecido como InterBairros, e acabou conquistando um título inédito na história do 2 de Julho.
A pauta sugere entrevistas com o presidente do clube, Galileu Fraga, o vice, Lindelso Maturino, com jogadores que fizeram parte do grupo campeão da Liga e pessoas que colaboraram para a recuperação da documentação do time.
O objetivo é entender os motivos que influenciaram a suspensão das atividades do 2 de Julho, detalhes sobre o processo de retorno e um panorama do futebol sanfelista naquela época em comparação com os dias atuais.

domingo, 28 de setembro de 2008

Por trás da ilegalidade

Hamurabi Dias

Cachoeira, como muitas cidades pequenas do interior da Bahia tem como forte econômico o comercio. Basta andar pelo centro da cidade que é possível notar a grande quantidade de lojas e também o movimento na feira do município. Porem, andando por Cachoeira percebe-se o grande número de barracas que comercializam CDs e DVDs piratas e também a venda de eletrônicos no comercio informal como mp3, mp4, entre outros. Uma realidade vivida por pessoas que não encontram um emprego formal e vivem, ou tentam viver dessa atividade ilegal. Essa matéria procura traçar um perfil do comercio informal, ou subemprego em Cachoeira. Identificar o prejuízo do setor logístico da cidade (que é pouco), que trabalham no ramo de CDs, DVDs e artigos eletrônicos devido a concorrência com as vendas do comercio informal, como também o outro lado da moeda, o que leva essas pessoas a esse subemprego, seu dia-a-dia, dificuldades, como lidam com as fiscalizações ou “batidas” da policia.

sábado, 27 de setembro de 2008

Pauta- Assembléia Geral e Ocupação

Pauta- Assembléia Geral e Ocupação

No dia 23/09 foi proposta uma Assembléia Geral que teve como pauta única a ocupação do Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL), a Reitoria em Cruz das Almas ou o prédio do IPHAN, que serviria como residência universitária para os alunos do Centro. Contudo, em votação a maioria dos presentes optou por elegeram o CAHL como melhor lugar de Ocupação.
Este matéria visa apresentar os pontos discutidos em assembléia e o desdobramento da ocupação, desenvolvendo seus pontos positivos e negativos. Entrevistarei alunos que participaram para conhecer suas opiniões sobre o que foi discutido e se a ocupação é o melhor recurso para, se não resolver, melhorar os problemas do CAHL. Pretende expor também o ponto de vista de alguns professores e funcionários sobre o assunto, para desta forma abrir espaço de discussão para todos os seguimentos da comunidade acadêmica. Será exposto também sobre o que gerou desde o dia da Assembléia Geral até o dia da ocupação, visto os demais movimentos e reuniões propostas desde o dia 23/09.

Lorena Souza

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Pauta - Mastrotto

A empresa Mastrotto Reichert S/A é um pólo de curtimento especializado na produção de peles bovinas para estofamento e automóvel. Foi implantada em Cachoeira no ano 2000 e está localizada na rodovia BR 101, KM 201 em Capoeiruçu. A empresa sofre acusações de lançar seus dejetos líquidos diretamente no rio Paraguaçu, apesar de constar no seu site que respeita sensivelmente as leis ambientais.
O objetivo da reportagem é verificar o fundamento das acusações e, caso estas sejam confirmadas, observar o que tem sido feito pelos órgãos competentes, como o IBAMA, para punir a empresa.
A pauta sugere que sejam entrevistados Juracy Rocha, presidente da Associação dos Amigos do Rio Paraguaçu, Badinho ( ambientalista residente em Cachoeira), Carlos Bili (o secretário Municipal do Meio Ambiente) e funcionários e direção da própria empresa.

Daiane Dória

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

NOVAS PAUTAS

Olá pessoas. Apenas para lembrar que as pautas para a próxima edição devem ser postadas até segunda-feira. Quero pautas bem feitas, com o material pré-apurado. Ou seja, uma boa pauta deve ter: objetivo da reportagem, fontes a serem ouvidas, o que cada uma delas pode colaborar para que a reportagem alcance os seus objetivos e informações adicionais sobre o que já se sabe sobre o assunto.

abrs, leandro

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Cidade

Cachoeira em cena

Por quase dois meses, cidade serviu de cenário para série portuguesa Equador

Patrícia Neves e Calila Oliveira

A cidade da Cachoeira teve sua rotina mudada entre os meses de julho e agosto devido às gravações da série portuguesa Equador, baseada no best-seller do escritor português Miguel de Sousa Tavares, que vendeu 200 mil exemplares no Brasil. Cachoeira foi a cidade mais propícia a tornar-se cenário devido à sua arquitetura barroca do início do século XIX.
A história se passa em 1905 e conta as desavenças de um triângulo amoroso entre o boêmio Luís Bernardo (Luis Filipe Duarte), David Lloyd Jameson (João Ricardo) e sua esposa Ann, vivida pela atriz portuguesa Maria João Bastos, que já realizou trabalhos no Brasil nas novelas O Clone, Sabor da Paixão e Sitio do Pica-Pau Amarelo, todos na Rede Globo.
Na trama Equador, Luís Bernardo recebe um chamado do rei português dom Carlos para uma missão patriótica: ser governador de São Tomé e Príncipe e se ocupar das relações diplomáticas com o cônsul David Lloyd Jameson - que a Inglaterra mandara para “vigiar” os portugueses devido à divergência sobre a escravidão. Incrédulo, passa a acreditar no amor quando conhece a esposa de David, Ann, com quem vive um romance secreto.
Produzida pela TVI, canal de maior audiência em Portugal, “Equador é a mais importante produção feita por uma TV portuguesa”, segundo Sérgio Baptista, coordenador de produção da série. A princípio, a série não está prevista para ser exibida no Brasil.
FILMAGENS - Dos 26 capítulos, 70% foram filmados em Cachoeira e em algumas fazendas da região, os outros 30% foram gravados em cidades como Valença, no Rio de Janeiro, e Itacaré, na Bahia. Também foram feitas gravações na Índia e em Portugal. Segundo Sérgio Baptista, a escolha da cidade cachoeirana foi feita após serem confirmadas as dificuldades de filmar nas ilhas de São Tomé e Príncipe, na África, onde se passa a história do livro. “Faltava desde lugar para hospedagem até animais como galinha e cavalo”, complementa o coordenador.
Para a produção na cidade, alguns locais ganharam uma nova roupagem, muitas casas e estabelecimentos comerciais foram alugados e passaram por pequenas reformas, além da utilização de várias peças cenográficas.
PARTICIPAÇÃO POPULAR - Nilza Vieira Mateus, aposentada, 74 anos, ficou satisfeita em alugar seu imóvel que serviu de casa para uma modista. “Moro sozinha com meu filho e quase não uso essa sala. Aluguei também um móvel antigo. Com o dinheiro do aluguel, dá para fazer umas boas compras”, anima-se a dona de casa.
Cerca de 300 pessoas, entre atores, técnicos, produtores e câmeras lotaram os poucos hotéis e pousadas da cidade. Segundo Daniel Santana, atendente da Pousada do Convento, o local ficou com 100% de ocupação. Para Cleide Conceição, que trabalha na lanchonete Vieira, o movimento foi muito bom. “Eles ficaram no hotel daqui e consumiam bastante aqui na lanchonete”, diz a atendente.
O trânsito ficou caótico, pois grande parte das filmagens foi ao ar livre. “Foi complicado para transitar pela cidade, mas é bom ver Cachoeira participando de uma coisa dessas”, diz Marcos Freitas, morador da cidade. A produção também contou com cerca de mil figurantes locais que se revezavam durante as gravações.
A população e os visitantes foram aos poucos se familiarizando. Em pouco tempo, cada visitante já tinha seu lugar preferido para jantar ou apenas sentar e olhar o movimento da cidade. No final de semana, atores, produtores e moradores da cidade se encontravam numa festa dance promovida por algumas pessoas que trabalhavam na produção.
João Lourenço, diretor financeiro da TVI, não quis dar informações sobre o custo da produção. “Não podemos revelar o quanto gastamos” diz ele.
Cachoeira já serviu de cenário para outras produções, como os filmes Jubiabá (1987), de Nelson Pereira dos Santos, e Cidade Baixa (2005), de Sérgio Machado, com os baianos Wagner Moura e Lázaro Ramos.
Cultura

Falta de interesse ou falha de comunicação

Alguns moradores de Cachoeira pouco sabem sobre o Centro de Cultura e Arte de Cachoeira

Lise Lobo

O Centro de Cultura e Arte, situado na Rua Ana Néri, no centro histórico da cidade de Cachoeira, funciona em um prédio pertencente à prefeitura, sede da Secretaria de Cultura, e ainda divide espaço com o restaurante Maktub, a Associação dos Artistas e Animadores Culturais de Cachoeira (AAACC), o Instituto Mauá e a Associação Muleki é Tu.
Alguns moradores da cidade não possuem noção de como funciona a Casa da Cultura. Raimundo Souza Brito, 52 anos, aposentado, diz saber pouco do centro: “Eu acho que lá tem aulas de capoeira e o que eu sei, às vezes, é sobre eventos já ocorridos, quando saem em alguns jornais”, diz ele.
A desinformação decorre da falta de interesse da população, mas também de necessidade de uma melhor comunicação do centro para com os habitantes da cidade. “Já passei várias vezes pela porta, mas nunca tive a curiosidade de entrar e conhecer”, diz Célia Souza, 21 anos, estudante. Juliana de Oliveira Santos, 22 anos, aluna do curso de história, diz já ter ouvido falar da existência da casa, mas não recebe nenhuma informação.
È perceptível a falta de organização no local onde estão inseridas as atividades. Não fica definido quem é o verdadeiro responsável pelo prédio que pertence à Secretaria de Cultura, mas também é administrado pela AAACC.
RESTAURANTE – O Maktub é o único que paga um valor (R$ 500) para ocupar o espaço. O dinheiro é repassado à Secretaria de Cultura e desta para a AAACC, como uma ajuda para manutenção da associação. A AAACC é uma organização não-governamental, que possui 21 anos e se dedica a promover a cultura com a produção artística local. Atualmente, possui cerca de 200 associados mas, segundo Roni Bom, vice-presidente, a maioria não se dedica nem participa da organização. Ela está no Centro de Cultura e Arte desde 2005 e tem como presidente Fábio Batista. Perguntado pela situação atual da AAACC, Roni Bom afirma que não fizeram nada desde que se encontram instalados no prédio e que estão em processo de organização, como também em fase de amadurecimento quanto aos projetos. Em relação aos problemas enfrentados, diz ter superado um dos maiores, que seria o espaço físico, e que hoje só sofre com desequilíbrios internos e a falta de equipamentos, como computadores, linha telefônica, entre outros.
A Associação Muleki é Tu conseguiu a concessão do espaço da AAACC. É também uma organização não-governamental sem fins lucrativos e possui o objetivo de trazer para as crianças e adolescentes o contato com a arte e a cultura, a exemplo da capoeira. A organização oferece diversas oficinas, como a de pintura, xilogravura, percussão, confecção de berimbau, entre outras.
Todos os professores são voluntários e muitas vezes são eles quem pagam os materiais utilizados nos cursos. Segundo Cecília Geneviéve, uma das professoras, a falta de materiais é um dos maiores problemas. Por mais que existam alguns colaboradores, os recursos ainda são insuficientes. Ela ressalta que a motivação e vontade de continuar vem da paixão pelo projeto. “Eu tenho vontade de parar de trabalhar na academia e me dedicar totalmente ao Muleki é Tu, mas, como vou pagar minhas contas?”.
O Instituto Mauá - órgão vinculado à Secretaria de Educação, é mantido pela prefeitura, que cedeu o espaço no Centro de Cultura e Arte e que também paga os professores, funcionários e outras contas. “De Mauá aqui só tem o nome, pois não arca com nada, a prefeitura é quem paga tudo,” afirma Terezinha Borges dos Santos, professora da instituição. O instituto oferece cursos gratuitos de corte e costura, bordado, crochê, pintura e artesanato em geral.
O Mauá de Cachoeira trabalha com base na proposta de promover a produção artesanal local, tornando as pessoas capacitadas para trabalhar e ganhar o seu próprio dinheiro, além de ajudar na preservação das tradições culturais do artesanato. Segundo Terezinha, esse ano a procura pelos cursos foi grande. Noventa e quatro alunos estão matriculados, distribuídos nos turnos da manhã e da tarde. Geralmente, utilizam a rádio para divulgação dos cursos. Os alunos pagam apenas um valor único de R$ 5 na matrícula e precisam levar todo material que irão utilizar. Tudo o que eles produzem fica em poder dos próprios alunos.
Política

Uma dose de riso na campanha eleitoral

Apelidos diferentes dos candidatos aguçam a curiosidade e divertem a população

Daiane Dória

Durante o período eleitoral é quase impossível conter a curiosidade quando nos deparamos com tantos nomes engraçados e, às vezes, estranhos, utilizados pelos candidatos. Enquanto somos bombardeados com a impressionante quantidade de apelidos diferentes, buscamos também descobrir os seus significados.

Não é apenas para se sentir mais próximo do povo que são usados tantos pseudônimos intrigantes. Grande parte desses nomes tem origem na própria vida pessoal dos candidatos ou nas suas características físicas. Na maioria das vezes, eles são utilizados como um método mais fácil de reconhecimento, pois são com esses apelidos que os candidatos são conhecidos nas ruas.

Ao entrevistarmos o candidato a vereador Nailton dos Santos, mais conhecido como Nau Nego Bom, descobrimos o significado de seu codinome. Segundo ele, o apelido teve origem na sua infância e, desde então, todos passaram a chamá-lo dessa forma. “Nego Bom” surgiu porque Nailton gostava muito de comer o doce de banana que tem o mesmo nome. A partir dessa conversa, descobrimos João da Galinha, também candidato a vereador em Cachoeira. Sua criação de galinhas lhe rendeu o apelido utilizado hoje em sua campanha e, diariamente, na sua vida pessoal.

Em outras cidades a coisa não é diferente. Em Nazaré, cidade também situada no Recôncavo Baiano, uma famosa e animada corrida de jegue atribuiu ao seu organizador o nome de Kêu do Jegue, apelido de Cândido Pereira Filho, atual vereador e candidato à reeleição. Ele ainda continua utilizando um jegue em sua campanha. Nessa mesma cidade, também encontramos Rastafari e Memeu do Camarão. O primeiro tem longas tranças estilo rasta. O segundo, Bartolomeu Ferreira, recebeu o apelido por morar na zona rural denominada Camarão.

Os nomes engraçados não se resumem apenas aos candidatos a vereador. Também em Cachoeira, o candidato a prefeito Raimundo Leite é dono de um apelido um tanto diferente. Apesar de não ser usado na campanha, Dinho Farofa é outra maneira pela qual as pessoas se referem ao candidato. Segundo Joeci Borges, diretor do comitê do candidato, Raimundo Leite passou a ser chamado dessa forma por gostar muito de comer farofa. “Em tudo que estava comendo, ele jogava farinha, mexia e fazia uma farofa”, afirma Joeci, aos risos.

São vários os nomes diferentes que podemos encontrar no período eleitoral. Embora não conseguíssemos descobrir o significado de todos, vale a pena citar alguns que são bem intrigantes e despertam a curiosidade popular, como Cafuné, César de Boeiro e Bulau da Bahia, em Cachoeira; Ricardo Cara Larga, Cotó e Bulacha, em Santo Amaro; e Fuim, Pirata e João Bacalhau, em Nazaré.
Política

Adolescentes se preparam para as eleições

Voto de jovens vai fazer a diferença nas eleições municipais deste ano

Hamurabi Dias

Dos 1.500 novos títulos de eleitor cadastrados até 7 de maio de 2008 para a próxima eleição, cerca de 80% estão nas mãos de pessoas entre 16 a 24 anos. A informação é de Antonio Fernando Paixão, chefe do Cartório Eleitoral de Cachoeira. Mesmo com o cancelamento de 8 mil títulos na revisão eleitoral ocorrida entre outubro e novembro de 2007, 21% dos eleitores do município são adolescentes (16 a 18 anos) ou possuem até 24 anos
Cachoeira tem uma população votante, segundo contabilizado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para as eleições 2008, de 20.140 eleitores, o que está no limite aceitável pelo Tribunal, de 65% da população. A parcela jovem desse eleitorado, a qual pertence a estudante secundária Jamile Silva, 19 anos, já está votando pela segunda vez. Influenciada por sua mãe, que lhe indicara um candidato na eleição passada, ela se sente mais responsável e independente para exercer seu direito no dia 5 de outubro. Para Fernando Paixão, os jovens atualmente são muito suscetíveis às influências alheias e também dos familiares e cabe à escola o papel de educar e formar novos eleitores conscientes.
POR OPÇÃO - O parágrafo 1º do capítulo 4 da Constituição diz: “O alistamento eleitoral e o voto são: II - facultativos para: c) maiores de 16 e menores de 18 anos.” Mesmo não sendo obrigatório, Anderson Luis, 18 anos, que também está em sua segunda eleição, não abre mão de votar. “Quis exercer o meu direito e escolher a pessoa que iria governar o meu país. Assisti todos os debates e analisei as propostas dos candidatos”, diz Anderson acerca de seu primeiro voto. Ele é estudante do CEC (Colégio Estadual da Cachoeira) e presidente do Grêmio Estudantil Salvador da Rocha Passos e acredita que está na escola a função de formar os novos eleitores. Anderson Luis conta que já tentou realizar algumas atividades sobre esse tema no colégio, mas diz esbarrar na falta de apoio da própria direção. Também lamenta o pouco interesse dos estudantes quando a questão é a política. Para o estudante, o futuro prefeito de Cachoeira tem que investir nos jovens, capacitando-os para futuros empregos. A consciência revelada por Anderson parece ainda distante da vida de Idivanilson da Silva Nunes, de 16 anos. Ele conhece a lei que lhe garante o voto, mas relatou falta de tempo para retirar o título. Mesmo não participando do sufrágio desse ano, ele diz que o próximo prefeito e vereadores da cidade devem ser honestos e cumprirem com as suas propostas.
NÚMEROS – Do total de eleitores de Cachoeira, a maioria é formada por mulheres, que somam 52%, segundo dados do site do TSE. Os jovens somam cerca de 4.300 votantes. Os eleitores que estão na faixa etária de 16 a 18 anos somam 478, mais de 2% do eleitorado, um pequeno número que pode fazer a diferença na contagem dos votos.
Política

Veja o perfil e propostas dos candidatos

Reverso solicitou as prioridades dos postulantes a prefeito de Cachoeira. Recorte e guarde

Mariana Monte

Luiz Antônio Araújo:
Conhecido como Lu (PV), Luiz Antônio nasceu em Salvador e é formado em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Hoje, ele é funcionário da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).
As propostas de Lu têm por objetivo construir um plano de governo de administração democrática, participativa e descentralizada e estão distribuídas em 15 páginas. Destacam-se as seguintes promessas: melhoria da infra-estrutura municipal para a geração de trabalho e renda, através do fortalecimento das atividades agropecuárias, do apoio e orientação aos comerciantes do Mercado Modelo Municipal e do desenvolvimento dos setores de serviço e comércio. Além disso, ele pretende investir recursos no turismo histórico, cultural e ecológico, visando uma parceria mais efetiva com o programa Monumenta. Outros projetos que destaca são o “estação e trem da cultura popular”, a restauração e reabertura do cinema como espaço multimídia, o Festival Internacional de Cultura Popular e Contemporânea e o Birô de Audiovisual/Cinema.
O candidato propõe a criação de diversos roteiros turísticos que englobem toda a região e a construção de um ginásio de esportes. Ainda no campo do esporte, ele pretende montar uma equipe de profissionais de educação física para executar um programa esportivo englobando todas as faixas etárias.
Lu deseja fortalecer o funcionamento do Conselho Municipal de Educação, implantar mais escolas na zona rural e estimular a prática de atividades culturais como a capoeira, o teatro e a dança. O candidato quer organizar bibliotecas em todas as escolas municipais e articular uma parceria com o Ministério da Cultura e a Secretaria de Cultura do Estado. Pretende também criar um prêmio para professores e direções das escolas que se destacarem aplicando experiências pedagógicas que integrem as escolas com a comunidade.
Na saúde, pretende fortalecer o funcionamento do Conselho Municipal de Saúde, estabelecer parcerias entre as instituições que integrem o SUS, realizar convênios com a Santa Casa de Misericórdia e promover campanhas de saúde preventiva. Por fim, pretende revisar o Plano Diretor proposto, em parceria com a Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFBA e com o apoio técnico e financeiro do Ministério das Cidades.

Raimundo Bastos Leite:
Natural de Santo Estevão, Raimundo Leite (PR) chegou a Cachoeira aos três anos de idade. Tem o ensino médio completo e iniciou sua vida pública como presidente da Liga Desportiva de Cachoeira. Foi prefeito da cidade em duas oportunidades, de 1993 a 1997 e de 2001 a 2004.
De acordo com as propostas de governo que constam em 12 páginas, a prioridade será a educação. Nesse campo, o candidato pretende construir novas escolas e ampliar as existentes, realizar novos concursos públicos para professores, fazer a manutenção e a ampliação do transporte escolar e da merenda escolar. Leite pretende informatizar toda a Secretaria de Educação e as escolas municipais, além de criar ou ampliar as bibliotecas em todas as unidades. O candidato pretende atualizar o corpo de professores através de convênios com as universidades.
No campo da saúde, o candidato pretende ampliar o número de postos na sede e na zona rural, disponibilizar o Programa de Saúde Bucal para toda a comunidade, criar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família, ampliar a assistência farmacêutica para a maior oferta de medicamentos e interagir com as faculdades da área de saúde.
O candidato propõe, na área de agricultura e pesca, apoiar o surgimento e fortalecimento das empresas agroindustriais, incentivar a organização de produção em grupos através de cooperativas e estimular o crédito fundiário no município, assim como a produção de alimentos na área rural.
Na assistência social, Raimundo Leite pretende ampliar o número de atendidos no Bolsa Família, fortalecer o Conselho de Assistência Social, criar a Casa do Idoso, apoiar as entidades de apoio às crianças, e criar o Núcleo de Reparação Racial.
No campo da administração e obras, o candidato pretende adotar o concurso público como principal porta de acesso aos servidores, adotar um plano de cargos e salários a todos os funcionários, ampliar a oferta de saneamento básico, manter a iluminação pública funcionando na zona rural e criar a guarda municipal.
Na área de cultura e turismo, pretende criar o Centro de Artes na antiga estação ferroviária, incentivar a instalação de hotéis e pousadas na cidade, incentivar a produção artesanal e culinária e promover o calendário de festas populares para atração turística.

Fernando Antônio da Silva Pereira:
Conhecido como Tato (PMDB), Fernando Pereira é o atual prefeito da cidade de Cachoeira. Mesmo perante alguns problemas com a legenda, foi liberado para candidatar-se à reeleição.
Tato desenvolveu, juntamente com a sua equipe, os chamados Quinze Compromissos, que mostram suas propostas para essa segunda administração. Os compromissos propostos por Tato são: geração de trabalho e renda através da criação direta de empregos, ampliação do sistema de saúde do município a partir da construção e implantação de postos de saúde e da distribuição dos medicamentos, transformação do sistema de ensino do município no melhor do Estado da Bahia através da qualificação e capacitação dos profissionais de educação, acompanhamento psicopedagógico dos alunos e da implantação do sistema de educação integral, dos laboratórios de informática e das bibliotecas.
Outro compromisso assumido por Tato para esse segundo mandato é a melhoria da segurança pública no município, dando maiores oportunidades aos jovens e o fortalecimento da segurança policial. Ele pretende transformar a agricultura em fonte de renda do município, adquirindo máquinas agrícolas, capacitando o produtor, incentivando a Secretaria de Agricultura e a criação de cooperativas. Além disso, o prefeito deseja ampliar a rede de esgotamento sanitário e calçamento nos bairros da cidade, fazer uma recuperação imediata das estradas para o avanço da empregabilidade do município, preservar o meio ambiente e transformá-lo como meio de educação, saúde e geração de renda, fortalecer as associações comunitárias e o movimento popular, criando novas associações e cooperativas de trabalho, e melhorar o sistema de transporte coletivo, com integração das áreas urbana e rural.
Outro compromisso é profissionalizar o sistema de administração do município. Ele também pretende integrar as famílias e recuperar jovens envolvidos com o crime e com as drogas, implantar um programa de moradia popular para que as famílias mais carentes tenham seu próprio teto e valorizar o esporte e a cultura. O último compromisso do prefeito Tato é a implantação do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) municipal, com o objetivo de que a população tenha percepção da verdadeira atuação do município.
Política

Funcionários da prefeitura acusam Tato

Prefeito estaria perseguindo os servidores concursados que não apóiam sua reeleição

Sandrine Souza

No debate realizado pelo Reverso, um dos assuntos recorrentes foram as supostas perseguições políticas do prefeito de Cachoeira, Fernando Antonio da Silva Pereira, o Tato, contra os seus opositores. Mas não são apenas os candidatos da oposição que parecem sofrer com o problema. Vários funcionários concursados da prefeitura, por não apoiarem a reeleição de Tato, relatam diversas perseguições e já entraram na Justiça para tentar garantir os seus direitos. Pelo menos uma sentença contrária ao prefeito já foi proferida. Procurado para comentar as denúncias, Tato não foi encontrado. O Reverso também tentou conversar sobre o assunto com a sua assessora, Jurema Neves, e também não obteve retorno.
O advogado Silvio Roberto Oliveira afirma que Cachoeira recebeu uma decisão judicial numa ação civil publicada na Justiça do Trabalho (processo 252/2004) tramitada e julgada, proibindo contratação sem concurso público e que, mesmo assim, Cachoeira tem em média 700 pessoas contratadas escondidas no IDEB, que terceiriza os contratos da prefeitura.
Silvio Roberto diz já ter advogado mais de 30 processos qualificados como perseguição política. As reivindicações mais comuns dos reclamantes foram: reajuste salarial, transferência de local e tentativa de receber salários atrasados. Dentre os clientes de Oliveira estão: Roberto Roque Bispo dos Santos, Carlos Mello Neto, Ana Cristina Leite Melo e Maria Lícia Melo. O que eles têm em comum? Além de perseguidos, os quatro foram destinados para prestar serviço em igrejas católicas da cidade na atual gestão. Além disso, eles venceram este ano uma ação trabalhista contra o município de Cachoeira. O juiz garantiu a manutenção dos reclamantes nos órgãos em que prestavam serviço, através da chamada tutela antecipada (decisão judicial tomada sem ouvir a outra parte). Os dois primeiros ainda esperam que o prefeito os reintegre. Por enquanto, estão sem trabalhar.
Na decisão judicial, o juiz titular da Vara do Trabalho de Cruz das Almas foi enfático: “ficou evidenciado que a mudança no local de prestação de serviços ocorreu por motivos persecutórios, em virtude de divergências políticas, fato que merece a repulsa do Poder Judiciário, mormente para que seja preservado o ‘estado de direito’. Deste modo, (...) não resta outra alternativa senão declarar a ilegalidade do ato do gestor municipal”, escreveu ele, na sentença do processo 453/2008, proferida em 5 de agosto deste ano.
Roberto Roque Bispo dos Santos, concursado como assessor administrativo e simpático à candidatura de Raimundo Leite, foi relocado cinco vezes no governo Tato Pereira e penalizado com perda de cinco meses de salário. Até hoje o valor não foi ressarcido. Ele já moveu seis ações judiciais contra a atual administração. O último lugar onde trabalhou foi na Igreja Matriz recebendo turistas. Ana Cristina Leite Melo, funcionária efetiva da área de saúde do município e esposa de Raimundo Leite, foi relocada seis vezes e soma oito ações judiciais. Durante quatro meses, os seus salários oscilavam entre R$ 134 a um salário mínimo. Ela estava grávida neste período. O último lugar onde trabalhou foi na Igreja D’Ajuda.
Maria Lícia Melo, agente administrativa há 14 anos, esposa de Danton Melo, foi relocada duas vezes em quatro anos. Diz ter sido obrigada a renunciar da presidência da APAE, sob ameaça da prefeitura não passar mais verbas para o órgão. De lá foi parar na Igreja D’Ajuda para atender turistas. Carlos Mello Neto foi relocado seis vezes e passou três meses sem receber salários. O último lugar onde trabalhou foi na Igreja Matriz.
João Mascarenhas, 45 anos, candidato a vice-prefeito de Raimundo Bastos Leite e proprietário do jornal Correio do Recôncavo, diz que o prefeito tentou fechar o seu jornal, que fazia oposição à sua gestão, pedindo aos patrocinadores, algumas prefeituras (ele não quis identificá-las), por exemplo, para que deixassem de financiá-lo. Diz ainda que as pessoas da cidade comentam que as edições do jornal estavam sendo recolhidas. “Outra questão é que, mesmo sendo da comunicação, tenho dificuldade de acesso aos meios da região. O prefeito fez acordo com as rádios de Muritiba (rádio Vox) e de Cachoeira (rádio Paraguassú) para que elas não dêem voz aos seus adversários. Tem até censura prévia de crítica ao atual gestor”, declara.
Para João Mascarenhas, o prefeito adota o “regime Mussolini” e que os funcionários da prefeitura são proibidos de falar. “Em algumas comunidades, como Tabuleiro e Boa Vista, as pessoas nos barraram com medo de retaliações nos contratos da prefeitura. Muitos dizem: ‘Meu voto é de vocês, mas não entrem aqui’. Essa repressão amedronta e revolta”, denuncia. “Fiquei sabendo que antes e depois dos comícios da oposição, assessores de Tato aparecem para saber quem foi para os comícios”, complementa Mascarenhas.
O candidato a prefeito Luiz Antônio Araújo (PT-PV), o Lu, afirma que o gestor de Cachoeira é intolerante à crítica e ao livre pensamento e que segue um modelo patriarcalista e arcaico. Lu diz ainda que o prefeito criou um mecanismo de contrato indireto com uma instituição (referindo-se ao IDEB), que abriga um número de cabos eleitorais, pagos para fazer pressão.
Política

Evento lota auditório e estreita laços com a comunidade

Lorena Souza e Talita Costa

Na tentativa de despertar o senso crítico e fazer com que o leitor opine de forma mais consciente, o debate, realizado pelo Reverso, com as presenças dos candidatos Luiz Araújo (PV-PT) e Raimundo Leite (PR-PDT), produziu um compromisso social com a comunidade e refletiu de forma positiva na sociedade de Cachoeira. “O Reverso, só em realizar um debate democrático, já realizou uma iniciativa fantástica para o processo de democracia, de liberdade de imprensa e de expressão”, afirmou o professor Péricles Diniz, um dos responsáveis pelo projeto.
A falta de um dos candidatos, o atual prefeito Fernando Pereira (PMDB), o Tato, não chegou a prejudicar. No entanto, todos concordaram que a presença dele seria importante. “Se ele estivesse presente teria uma discussão mais polêmica, já que os candidatos presentes o atacaram várias vezes”, disse Maísa Almeida, estudante de jornalismo da UFRB. Jurema Neves, integrante da equipe de campanha do atual prefeito, esteve no debate e afirmou que Tato não compareceu porque tem uma agenda lotada. Segundo ela, o prefeito já havia assumido compromissos anteriores. Para Jurema, Raimundo Leite e Luiz Araújo não são administradores porque não aproveitaram o tempo que tiveram para falar de suas propostas. “São dois candidatos que não dá um Tato”, disparou.
Para Roberto Roque, 41 anos, a ausência de Tato é uma vergonha. “Ele, que diz ser uma pessoa que detém 90% dos votos e coloca seu nome para ser candidato, tem que sentar com o povo para debater as propostas que são melhores para o município. Ao se omitir do debate, deixa de assumir um compromisso com a comunidade”, opina Roque.
Os ataques à candidatura do atual prefeito eram esperados e vistos por muitos como naturais. “Os candidatos atacaram o atual gestor quando deveriam se apresentar”, disse Sandrine Souza, mediadora do evento e estudante do curso de Jornalismo da UFRB. Rogério Torres, comerciante, afirmou que o ataque existiu porque o candidato à reeleição é quem está no poder.
Para Luiz Araújo, mais conhecido como Lu, quanto mais debates são realizados em um processo eleitoral, mais o eleitor é enriquecido, já que as discussões servem de exercício para os candidatos serem questionados quanto aos seus planos de governo. “Antes, nas eleições, o que mais se fazia, ao invés de debater, era iludir o povo com festas, e isso escondia o conteúdo das propostas e dos projetos dos candidatos”, disse Lu.
A presença da comunidade cachoeirana superou as expectativas dos organizadores, que não contavam com o grande número de pessoas que lotaram o auditório do Colégio Estadual da Cachoeira. Apesar disso, alguns participantes consideraram que o público deveria ser maior. “A comunidade cachoeirana não tem essa coisa de ir para ambientes fechados. Muitos têm medo de perseguição política”, disse João Mascarenhas, candidato a vice-prefeito da chapa de Raimundo Leite. Para Maísa, o evento contou com uma participação relevante da população e não teve mais gente porque Tato não estava. Ela acredita que grande parte do público era formado por cabos eleitorais.
Quanto à iniciativa do Reverso na produção do evento, foi unânime a idéia de responsabilidade social assumida pelos estudantes da universidade. “É uma prova da importância da UFRB que trouxe para dentro de Cachoeira um segmento jovem ativo e decidido, que vai irradiar um senso crítico na população como um todo e que vai ajudar a erradicar um comportamento passivo e até medroso na comunidade”, declarou Lu.
Política

Debate agita sucessão em Cachoeira

Tato não comparece e Lu e Raimundo se unem para combater o atual prefeito

Danielle Souza e Queila Oliveira

Tudo começou em clima de euforia. A população vibrava a cada pronunciamento do candidato Luiz Araújo (PV-PT), mais conhecido como Lu, e se entusiasmava a cada afirmação de Raimundo Leite (PR). No início, nem parecia ser um debate político e sim um comício eleitoral, onde os candidatos presentes haviam se juntado para expor propostas, deixando a impressão de união e chegando até a posar abraçados para fotos. Gritos e vaias tomaram conta do auditório no momento em que a mediadora Sandrine Souza justificou a ausência do prefeito Fernando Pereira, o Tato (PMDB), candidato à reeleição. Revoltada, a platéia não aceitou a justificativa. “Devido a compromissos assumidos anteriormente, não será possível comparecer ao debate”, dizia a carta enviada à organização.
A iniciativa dos alunos do jornal Reverso em promover o debate político, que ocorreu no dia 11 de setembro de 2008, no auditório do Colégio Estadual da Cachoeira (CEC), serviu como base para os eleitores analisarem melhor as propostas dos postulantes à Prefeitura de Cachoeira. Além de avaliar o desempenho de cada candidato diante dos problemas do município, muitas expectativas foram depositadas em cima do debate. A população ansiava pelo comparecimento de todos os candidatos, principalmente pela presença de Tato Pereira. “Sem Tato não tem graça, afinal ele é o prefeito e é a obrigação dele comparecer”, diz a funcionária do CEC, Cristina dos Santos Bispo, de 48 anos.
O debate lotou as dependências do auditório e foi dividido em seis blocos. O primeiro foi destinado à apresentação dos candidatos, o segundo à troca de perguntas com direito a resposta, réplicas e tréplicas e os outros blocos intercalaram perguntas feitas pelos integrantes do Reverso e entre os candidatos. As regras foram expostas, mas, como em qualquer evento, principalmente político, imprevistos aconteceram. Algumas pessoas se manifestaram querendo participar mais ativamente do debate. Porém, segundo a organização, não seria possível selecionar perguntas entre a platéia. Outro destaque foi o aparecimento de alguns jovens com o intuito de atrapalhar o debate e ofender os candidatos.
TEMAS - Assuntos como turismo, comércio, poluição, movimentos sociais, saúde, cultura e educação foram abordados. Entretanto, no plano de governo de Lu o que mais se destacou foi a cultura e a educação. Para ele, é necessário pensar em políticas culturais com o objetivo de valorizar as peculiaridades da cidade, como o samba de roda, o artesanato, a culinária e o Candomblé. “Temos que capacitar as famílias para sobreviverem sem depender dos turistas”, afirmou Lu. Ao fazer uma crítica ao modelo educacional em vigor, ele acredita que um dos aspectos fundamentais para melhorá-lo é o fortalecimento do Conselho Municipal de Educação. “O modelo que esta aí é falido. Nós precisamos transformar a educação das escolas em um centro cultural aberto, reciclando os aspectos metodológicos, o ensino e a aprendizagem dos professores”, defendeu o candidato da coligação PT e PV.
Nos momentos em que Raimundo Leite teve o direito de falar, insistiu com discursos ofensivos para a atual administração, além de louvar as realizações de seu mandato de prefeito. “Não concordo com a maneira como o município vem sendo administrado atualmente, porque todos aqui me conhecem, tenho 15 irmãos e em momento algum, nenhuma quitandinha foi aberta”, ironizou. Entretanto, algumas de suas propostas visam mudar a educação, melhorar a merenda escolar e reajustar o salário dos professores para quase R$ 1 mil.
“Rede verde branca”, o “tigre de papelão” e “o prefeito alucinado” foram alguns dos codinomes direcionados a Tato pelos candidatos que, em clima de empolgação, trouxeram à tona algumas acusações. Foi o caso do Plano Diretor Urbano, que, segundo Lu, Tato se recusa a fazer; a questão do candidato Waldo Maia (PTN) que, para Raimundo, seria um laranja de Tato; o abandono das escolas em localidades como Baixa Grande e a abertura de empresas também laranjas, nas quais a prefeitura compraria produtos e enriqueceria a sua família. Essas denúncias foram feitas pelos dois debatedores. “É possível a gente entender como é a política dessa administração, é obras, obras e obras, só aspecto físico”, concluiu Lu.
Política

Ritmos e letras para todos os estilos

Jingles caem no gosto popular e são cantados e odiados nas ruas de Cachoeira

Camila Moreira

Em época de eleições, a criatividade dos candidatos é posta à prova. Ritmos e letras compõem jingles para os mais variados gostos e estilos. A maioria das letras não faz mais do que enaltecer as qualidades dos candidatos. Apesar disso, caem no gosto popular e são cantadas por muitas pessoas nas ruas. Muitos eleitores, entretanto, reclamam do barulho excessivo.
Os jingles são repetidos incessantemente e expõem a criatividade ou falta a de. Muitas músicas parodiam alguma melodia de sucesso e trazem apenas o nome do candidato, seu número e algumas de suas qualidades impossíveis de serem comprovadas, como é o caso do homem que “tem o cheiro do povo”.
Os moradores e eleitores da cidade reclamam do barulho e dizem ser vítimas daqueles que só aparecem no período de campanha. “Eles passam quatro anos sem aparecer e agora chegam com essa barulheira toda”, afirma a vendedora ambulante Marta Menezes. Segundo ela, o som incomoda muito e assemelha-se ao de um trio elétrico, principalmente quando os carros de som passam em frente aos comitês, lugar onde parecem promover uma disputa de volume.
“A zoada incomoda demais na cabeça da gente, pra quem tá doente como eu mesma, ainda é pior”, reclama a dona de casa Jana Martins. Nenhum dos pretensos a um cargo político abre mão de ter o seu nome alarmado nas ruas. Cachoeira tem três candidatos a prefeito e só uma das coligações lançou 90 candidatos a vereador. A moradora de Cachoeira, Valdinéia Souza, se sente incomodada quando está no trabalho. Ela considera os jingles pouco criativos. “Eles não dizem o que realmente querem, os candidatos não falam de suas pretensões”, acrescenta Valdinéia.
O fato é que as músicas ou jingles causam um estranho fascínio nas mentes dos ouvintes. Muitos deles fazem sucesso pelas ruas e, talvez, os compositores consigam em um mês o que muitas bandas almejam por toda uma vida artística: ver suas composições sendo cantadas por um elevado número de pessoas. É claro que a memorização é fruto da repetição intensa, mas não se pode negar que a frase certa numa melodia empolgante facilita o trabalho.
O compositor Atanagildo Soares, 31 anos, conhecido como Tanú, compõe jingles e paródias para candidatos. Em Cachoeira, compôs para alguns vereadores e para o atual prefeito. Segundo ele, não há muito segredo nas composições. O importante é trazer uma mensagem de fé e esperança para os eleitores. Para ele, é importante também incluir o nome das comunidades de Cachoeira, pois assim os eleitores não se sentem excluídos do processo eleitoral.
Jairo Lima, 27 anos, também compositor de jingles, afirma que os candidatos não influenciam na criação, apenas pedem para o número ser repetido várias vezes. “Quando ele é da área de saúde, pede para pôr alguma coisa sobre isso. Se for de esporte, a mesma coisa. Mas, no mais, fica a nosso cargo”, conta Jairo. Ele acredita que muitos eleitores votam apenas analisando o jingle. No entanto, ele não faria isso e não aconselha quem queira fazer. “Conhecer a proposta do candidato é o mais importante”, justifica Jairo. A eleitora e dona de casa Neusa Santana diz que a música ajuda na fixação do número, mas não serve como único incentivo na hora de votar. “A pessoa que vai ser votada tá aqui na cabeça da gente e não tem música que possa mudar isso”, diz Neusa.
Quanto à superficialidade das letras, os compositores se justificam dizendo que são contratados para prestar um serviço, ou seja, não há um trabalho de pesquisa em torno da composição. Para um candidato a vereador, o serviço de composição do jingle custa em média R$ 350. Para prefeito fica mais caro, geralmente entre R$ 1.500 e 2 mil.
Enquanto o período de campanha determinado pela Justiça Eleitoral não se esgota, o eleitor fica em meio a esse turbilhão de músicas que, mesmo não dizendo muito, acabam esquentando o período eleitoral, às vezes dando até um ar irreverente para a disputa.

Eleitor pode denunciar

Um abuso fica ainda mais evidente no período eleitoral: carros de som nas proximidades de locais proibidos, principalmente de escolas, prejudicam o andamento de aulas. Segundo o resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “são vedados a instalação e uso de alto-falantes ou amplificadores de som em distância inferior a duzentos metros dos hospitais e casas de saúde, das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros quando em funcionamento.” Apesar disso, é comum perceber que a norma está sendo violada em Cachoeira.
Os representantes dos comitês afirmam que já foram notificados e que estão adotando medidas para resolver o problema. Segundo eles, existe a recomendação para o cumprimento da lei mas, muitas vezes, são os operadores de som que acabam desrespeitando as ordens. Ouvidos pelo Reverso, os motoristas dos carros garantem que não transitam com o som em locais proibidos. No entanto, nos prédios onde são ministradas as aulas dos cursos do CAHL é comum flagrar a passagem desses veículos. O som, muitas vezes, exige a interrupção das aulas. Qualquer eleitor com título em Cachoeira pode procurar a secretaria da Justiça Eleitoral, localizada no Fórum Municipal de Cachoeira, e prestar queixa.
Planos fúnebres ganham vida

Funerárias do Recôncavo desenvolvem habilidades para conquistar clientes

Carine Costa

“Não deixe despesas, deixe saudades”. Esse é o slogan da funerária São Félix, que faz parte do mercado funerário dos municípios de Cachoeira, São Félix e Muritiba. Planos funerários são oferecidos aos moradores pelas funerárias Pax Bahia, A Crediária, União e São Félix, que usam de estratégias para atrair a clientela e se manter firme diante da competitividade.
Os gerentes das empresas dizem que aumentou a oferta dos planos, principalmente, a partir dos anos 90, com o término do auxílio funeral (benefício dado pelo governo aos trabalhadores de baixa renda). “A criação do Plano de Assistência ao Funeral tem a finalidade de preservar as famílias no momento da perda de um ente querido, dos oportunistas que se preocupam em ganhar em cima dos familiares, no momento difícil”, complementa Rogério Santos Bispo, 35 anos, proprietário da funerária São Félix.
O plano familiar ou plano funeral oferece aos seus clientes urna mortuária, capela, carro para anúncio, flores, cemitério, viagem, cartório, translado, dentre outros. Esses serviços variam entre as empresas. Para obtê-los, os clientes pagam mensalmente um carnê, que tem valores entre R$ 11 a R$ 34. A dívida cessa somente com a morte do freguês. O período de carência alterna entre três e seis meses. Algumas dessas empresas possuem convênios com farmácias, óticas, laboratórios e clínicas.
Através de vendedores que vão às casas dos moradores, as funerárias oferecem seus produtos com vantagens em relação à concorrência. A maioria dos clientes que adere aos carnês é composta por idosos aposentados, diz Rosângela Batista, 34 anos, funcionária da funerária A Crediária, de Muritiba. Gilvan Pelegrino, 29 anos, proprietário da funerária União, de Cachoeira, declara o oposto ao afirmar a adesão de clientes jovens aos seus planos.
A aposentada Anedina Ramos de Almeida, 63 anos, moradora da cidade de Muritiba, comprou um plano familiar da funerária Pax Bahia e colocou três filhos e uma neta como dependentes. O incentivo veio através de amigos que já tinham aderido ao plano.
“O plano é importante porque deixa o caixão pago, na hora da morte não tem dificuldade, meus filhos não precisarão pegar dinheiro emprestado para pagar, ainda mais que eu tenho problema de coração, diabete, colesterol e pressão alta”, disse Anedina. Porém, há quem não concorde com a idéia, como é o caso de Marinalva dos Santos, de 30 anos. “Eu nunca me interessei porque é uma coisa chata. Uma pessoa com saúde já ficar planejando a morte, com o plano a pessoa já acha que vai morrer logo”, acredita ela.
CONCORRÊNCIA - Segundo Ana Claudia Veloso, 29 anos, funcionária da funerária União, de Muritiba, a funerária Pax Bahia, da mesma cidade, realiza concorrência desleal ao induzir os clientes da União a aderir aos seus planos. “Inclusive, eles chegaram ao ponto de rasgar dois carnês dos meus associados”, garante ela.
“A constituição diz que o cidadão tem o livre arbítrio, tem o direito de ir e vir. Houve transferência porque estavam insatisfeitos. Os próprios clientes rasgaram os carnês. Nós não induzimos, apenas mostramos o nosso trabalho e isso induz de alguma forma, mas nós não obrigamos ninguém”, rebate Wanderlândia Cerqueira, 25 anos, secretária da Pax Bahia.
“Muitos serviços são colocados à disposição dos clientes na hora de vender o plano, como empréstimos de equipamentos de convalescença. Vale salientar que nenhuma empresa de plano empresta os equipamentos, e sim aluga. Cabe aos clientes, quando visitados pelos vendedores, solicitar todas as informações sobre os serviços da empresa. Só os clientes têm o poder de banir a concorrência desleal e fazer com que a empresa cumpra todos os benefícios ditos pelos vendedores e pelas propagandas”, diz Rogério Santos, da funerária São Félix.
Segundo Rosângela Batista, da funerária A Crediária, a concorrência desleal existe e alguns vendedores visitam os doentes já visando realizar o funeral dos mesmos. Rosângela garante que alguns empresários pagam funcionários dos hospitais para serem informados sobre os falecimentos. A enfermeira chefe do hospital Dr. Otto Alencar, de Muritiba, Lívia de Souza, 25 anos, diz não conhecer a existência da prática. “Se eu souber de algum caso a respeito, o funcionário será imediatamente desligado de suas funções”, garante ela.
Na cidade de Cachoeira foram contabilizados 162 mortos em 2007. Em 2008, o número é de 86 óbitos. Para as funerárias do Recôncavo, o interessante é que seus associados tenham vida, pois é através dela que os carnês são pagos e geram o lucro. Para viver e para morrer, custa caro.
Educação

UFRB alça novos vôos

Universidade recepciona os calouros com palestra de Edgard Navarro

Daniela Oliveira

A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) promoveu uma série de eventos acadêmicos durante toda a primeira semana de aulas, o chamado Reencôncavo. O objetivo foi o de dar as boas vidas aos novos estudantes e, principalmente, acolher os calouros dos três novos cursos implantados nesse semestre - Ciências Sociais, Serviço Social, Cinema e Audiovisual -, além de uma nova turma do curso noturno de História.
Dentro da programação, realizada na primeira semana de setembro, ocorreu, no Convento do Carmo, a aula magna ministrada pelo polêmico e irreverente cineasta baiano Edgard Navarro, que contou um pouco da sua trajetória. Ele disse que passou a se interessar pelo cinema para fugir da realidade. “A vida é muito difícil e, no cinema, tudo sempre acaba dando certo. O cinema é algo que inebria, avassala os sentidos”, disse ele.
Em diversas vezes, Navarro provocou risos do público com a maneira própria e bem humorada de lidar com a vida e com o cinema. Para ele, a implantação do curso de Cinema e Audiovisual é um passo decisivo para o desenvolvimento do cinema na Bahia. O coordenador do curso, professor Danillo Barata, também se mostra bastante esperançoso e ansioso por essas mudanças. Para ele, o curso irá trazer a ampliação dos olhares com relação a essa área, além, é claro, de trazer avanços na área do audiovisual como um todo. Edgar Navarro foi escolhido para ministrar a aula magna não apenas por ser conhecido nacional e internacionalmente. “Ele é uma história viva do audiovisual, vem acompanhando todas as mudanças ocorridas na área, desde as dificuldades vividas na década de 60, 70, como nos dias atuais”, disse Barata. O calouro do curso de Cinema, Leon Sampaio, 21 anos, aprovou a escolha. “Edgard fala muito por nossa geração. Eu já o conhecia de outros encontros, ele é especial para mim, um cara muito bacana, o cara ideal para essa aula”, afirmou o estudante.
NOVIDADES - Os cursos de Cinema e Audiovisual e de Serviço Social são os primeiros oferecidos em uma universidade pública na Bahia. As expectativas da coordenadora do curso de Serviço Social são as melhores possíveis. Jucileide Nascimento espera que o curso consiga formar profissionais competentes e críticos para o exercício da profissão de Assistente Social. O professor representante do curso de Ciências Sociais, Clóvis Zimmermann, acredita que o curso é uma oportunidade de abrir novos caminhos. Segundo ele, a escolha de implantação do curso em uma cidade como Cachoeira não foi por acaso, pois as cidades históricas são ideais para esse tipo de curso e Cachoeira ainda tem o diferencial de ter diversas manifestações culturais, que são um ótimo campo de estudo para a Antropologia, uma das áreas de abrangência do curso.
Para Zimmermann, a chegada do curso será a chave para o desenvolvimento regional, de maneira especial com relação ao aproveitamento das políticas públicas. “Para que essas políticas sejam implantadas, é necessário que se conheça melhor a região e assim a população pode tirar o melhor proveito delas”, explicou o professor.
Apesar do pioneirismo da UFRB, os problemas de infra-estrutura ainda impedem o pleno desenvolvimento das atividades no CAHL. Os calouros reclamaram da falta de um prédio único para todos os cursos e disseram que a interação entre eles e os veteranos ficará comprometida. “Acredito que ficará comprometida sim. É preciso lutar pelo término das obras do Leite Alves, para que todos possam partilhar do mesmo bem”, disse o calouro do curso de Ciências Sociais, Gerinaldo Lima, 30 anos. Já outros acreditam que há como produzir uma boa relação entre os estudantes. “A relação se faz muito mais fora da universidade. A cidade é pequena e contribui para isso”, diz Sampaio.
O vice-diretor do CAHL, professor André Itaparica, durante a apresentação aos calouros, no Convento do Carmo, anunciou que até o final do ano o Quarteirão Leite Alves deverá estar plenamente equipado para receber os alunos e professores.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Eleições

Eleições

Perfil e propostas dos candidatos

Conhecendo melhor os candidatos à prefeitura da cidade

Luiz Antônio Araújo:

Conhecido como Lú, Luiz Antônio nasceu em Salvador e é formado em História pela UFBa – Universidade Federal da Bahia. Hoje, o candidato a prefeito é funcionário da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional. Apesar de não ter sido prefeito da cidade, Lú teve participação ativa no mandato de seu pai Salu.
As propostas de Lú (PV) estão distribuídas nas quinze páginas de seu plano de trabalho. Segundo o programa, as propostas têm por objetivo debater e construir um plano de governo de administração democrática, participativa e descentralizada que viabiliza o desenvolvimento sustentável. Destacam-se as seguintes propostas: melhoria da infra-estrutura municipal para a geração de trabalho e renda, através do fortalecimento das atividades agropecuárias, do apoio e orientação aos comerciantes do Mercado Modelo Municipal e do desenvolvimento dos setores de serviço e comércio. Além disso, Lú pretende investir recursos no turismo histórico, cultural e ecológico, visando uma parceria mais efetiva com o programa Monumenta e com as instituições que tiveram seus monumentos restaurados, alguns projetos também serão desenvolvidos, como o “estação e trem da cultura popular”, a restauração e reabertura do cinema como espaço multimídia, o Festival Internacional de cultura popular e contemporânea e o Birô de Audiovisual/Cinema.
O candidato visa a criação de diversos roteiros turísticos que englobem toda a região e construir um ginásio de esportes dentro da cidade. Ainda no campo do esporte, ele pretende montar uma equipe de profissionais de Educação Física para executar um programa esportivo para todas as faixas etárias. Na educação, Lú deseja fortalecer o funcionamento do Conselho Municipal de Educação, implantar mais escolas na zona rural, e estimular a prática de atividades culturais como a capoeira, o teatro e a dança. Bibliotecas serão organizadas em todas as escolas municipais e será articulada uma parceria com o Ministério da Cultura e a Secretaria de Cultura do Estado. Existirá também um prêmio para professores e direções das escolas que se destacarem aplicando experiências pedagógicas que integrem as escolas com a comunidade. No setor da saúde, Lú pretende fortalecer o funcionamento do Conselho Municipal de Saúde, estabelecer parcerias entre as instituições que integrem o SUS, realizar convênios com a Santa Casa de Misericórdia e promover campanhas educativas de saúde preventiva.
Por fim, Lú pretende revisar o Plano Diretor proposto, em parceria com a Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFBa e com o apoio financeiro e técnico do ministério da Cidade.

Raimundo Bastos Leite:

Natural de Santo Estevão, Raimundo Leite chegou a Cachoeira aos 3 anos de idade. Tem seu Ensino Médio completo, e iniciou sua vida pública como Presidente da Liga Desportiva de Cachoeira. Foi prefeito da cidade em duas oportunidades: de 1993 a 1997 e de 2001 a 2004.
De acordo com suas propostas de governo que constam nas 12 páginas de seu plano de trabalho, a prioridade de sua administração será a educação. Nesse campo, o candidato pretende construir novas escolas e ampliar as existentes, realizar novos concursos públicos para professores, fazer a manutenção e a ampliação do transporte escolar da zona rural para as sedes escolares e das merendas escolares, as quais serão feitas essencialmente com alimentos produzidos no município. Ainda no setor da educação, Raimundo Leite pretende informatizar toda a Secretaria de Educação e as escolas municipais, interligando-as via internet, além de criar ou ampliar as bibliotecas em todas as escolas municipais. O candidato pretende atualizar o corpo de professores atreves de convênios com a UFRB e a Faculdade de Pedagogia do IAENE e apoiá-las através de parcerias de interesses mútuos. Ele também visa ofertar transporte aos estudantes de nível superior para deslocamento à faculdades em Feira de Santana e Cruz das Almas, e fortalecer o núcleo de esportes da Secretaria de Educação.
Além das propostas no campo da educação, Raimundo Leite também pretende, no campo da saúde, ampliar o número de postos na sede e na zona rural, disponibilizar o Programa de saúde bucal para toda a comunidade, criar o Núcleo de Apoio a Saúde da Família, que irá atender diversas especialidades à toda a população, ampliar a assistência farmacêutica para a maior oferta de medicamentos e interagir com as faculdades da área de saúde na IAENE através de convênios.
O candidato também propõe, na área de agricultura e pesca estimular e apoiar o surgimento e fortalecimento e empresas agroindustriais, incentivar a organização de produção em grupos através de cooperativas e estimular o crédito fundiário no município, assim como a produção de alimentos na área rural.
Na assistência social, Raimundo Leite pretende ampliar o número de atendidos no Bolsa Família, fortalecer o Conselho de Assistência Social, criar a Casa do Idoso, apoiar as entidades de apoio às crianças, e criar o Núcleo de Reparação Racial.
No campo da administração e obras, o candidato pretende adotar o concurso público como principal porta de acesso aos servidores, adotar um plano de cargos e salários à todos os funcionários, ampliar a oferta de saneamento básico, manter a iluminação pública funcionando na zona rural, criar a guarda municipal para reforçar a segurança pública e monitorar a preservação do patrimônio histórico.
Na área de cultura e turismo, Raimundo pretende criar o Centro de Artes na antiga estação ferroviária, incentivar a instalação de hotéis e pousadas na cidade, incentivar a produção artesanal e culinária na cidade e promover o calendário de festas populares para atração turística.

Fernando Antônio da Silva Pereira:

Conhecido como Tato, Fernando Pereira é o atual prefeito da cidade de Cachoeira. Mesmo perante alguns problemas, foi liberado para candidatar-se à reeleição.
Tato desenvolveu juntamente com sua equipe os chamados Quinze Compromissos, que mostram suas propostas para essa segunda administração. Os quinze compromissos propostos por Tato são: geração de trabalho e renda através da criação direta de empregos, ampliação do sistema de saúde do município a partir da construção e implantação de postos de saúde e da distribuição dos medicamentos, transformação do sistema de ensino do município no melhor do Estado da Bahia através da qualificação e capacitação dos profissionais de educação, acompanhamento psicopedagógico dos alunos e da implantação do sistema de educação integral, dos laboratórios de informática e das bibliotecas.
Outro compromisso assumido por Tato para esse segundo mandato é melhorar a segurança pública no município dando maiores oportunidades aos jovens e o fortalecimento da segurança policial. Ele pretende transformar a agricultura em fonte de renda do município adquirindo máquinas agrícolas, capacitando o produtos, incentivando a Secretaria de Agricultura e a criação de cooperativas. Além disso, o prefeito deseja ampliar a rede de esgotamento sanitário e calçamento nos bairros da cidade, fazer uma recuperação imediata das estradas para o Avanço da empregabilidade do município, preservar o meio ambiente e transforma-lo como meio de educação, saúde e geração de renda, fortalecer as associações comunitárias e o movimento popular criando novas associações e cooperativas de trabalho e melhorar o sistema de transporte coletivo com integração das áreas urbana e rural.
Outro compromisso de Fernando Pereira e profissionalizar o sistema de administração do município. Ele também pretende integrar as famílias e recuperar jovens envolvidos com o crime e com as drogas a fim de solucionar esse problema, implantar no município um programa de moradia popular para que as famílias mais carentes tenham seu próprio teto e valorizar o esporte e a cultura para que eles sejam futuras profissões dos jovens da cidade.
O último compromisso do prefeito Tato e a implantação do SAC (Serviço de atendimento ao consumidor) Municipal, com o objetivo de que a população tenha percepção da verdadeira atuação do município.

Cartel político

Política

Para quem não acredita que os opostos se atraem, Lú e Raimundo unidos até na concorrência

Danielle Souza e Queila Oliveira

Tudo começou em clima de euforia. A população vibrava a cada pronunciamento do candidato Luiz Araújo (PT), mais conhecido como Lú, e se entusiasmava a cada afirmação de Raimundo Leite (PR). No início nem parecia ser um debate político, e sim um comício eleitoral, onde os candidatos presentes haviam se juntado para expor propostas, deixando a impressão de união, chegando até a pousar abraçados para fotos. Gritos e vaias tomam conta do auditório no momento em que a mediadora, Sandrine Souza, justifica a ausência do prefeito, Fernando Pereira, o Tato (PMDB). Revoltada, a platéia não aceitou a justificativa. “Devido a compromissos assumidos anteriormente não será possível comparecer ao debate”.
A iniciativa tomada pelos alunos do Jornal Reverso em promover o debate político, que ocorreu no dia 11 de setembro de 2008, no auditório do Colégio Estadual da Cachoeira (CEC), serviu como base para os eleitores analisarem melhor as propostas mencionadas pelos candidatos. Além de avaliar o desempenho de cada candidato diante dos problemas existentes em Cachoeira, muitas expectativas foram depositadas em cima do debate. A população ansiava pela comparecimento de todos os candidatos, principalmente pelo presença de Tato Pereira, o atual prefeito que vem levando o seu mandato recheado de denúncias e polêmicas. “Sem Tato não tem graça, afinal ele é prefeito e é a obrigação dele comparecer”, diz a funcionária do CEC Cristina dos Santos Bispo, 48 anos.
O debate foi dividido em seis blocos. O primeiro seria dada à oportunidade de apresentação dos candidatos, o segundo seria destinado à troca de perguntas com direito a resposta, réplicas e tréplicas e os outros blocos intercalavam perguntas feitas pelo Jornal Reverso e entre os candidatos. As regras foram expostas, mas como em qualquer evento, principalmente político, imprevistos acontecem, como foi o caso de algumas pessoas que se manifestaram querendo participar ativamente do debate. Porém, segundo a organização não seria possível selecionar quem poderia perguntar. Outro fato foi o aparecimento de alguns jovens com o intuito de atrapalhar o debate e ofender os candidatos. “Lú mijão e Dinho Bujão” foi o grito de um deles.
Falo Candidato: Assuntos como turismo, comércio, poluição, movimentos sociais, saúde, cultura e educação foram abordados. Entretanto, no plano de governo de Lú o que mais se destacou foi a cultura e a educação. É necessário se pensar em políticas culturais com o objetivo de valorizar as peculiaridades da cidade, como o samba de roda, o artesanato, a culinária e o candomblé. “Temos que capacitar as famílias para sobreviverem sem depender dos turistas”, afirma Lú. Ao fazer uma crítica ao modelo educacional, ele acredita que um dos aspectos fundamentais para melhorar é fortalecer o conselho municipal de educação. “O modelo que esta aí é falido. Nós precisamos transformar a educação das escolas em um centro cultural aberto, reciclando os aspectos metodológicos, o ensino e a aprendizagem dos professores”.
Enquanto isso, nos momentos em que Raimundo Leite tinha o direito de voz, poucas propostas foram ouvidas. Ele insistia com discursos ofensivos a atual administração, além de se promover com afirmações de quando era prefeito. “Não concordo com a maneira que o município vem sendo administrado atualmente, porque todos aqui me conhecem, tenho 15 irmãos e em momento algum, nenhuma quitandinha foi aberta”. Ele demonstrou insegurança diante dos questionamentos feitos, mesmo sendo um candidato experiente que governou Cachoeira por dois mandatos.
Rede verde branca, o tigre de papelão e o prefeito alucinado foram alguns dos codinomes direcionados a Tato pelos candidatos, que em clima de empolgação trouxeram à tona algumas acusações da sua candidatura. Como foi o caso do Plano Diretor Urbano que Tato se recusa a fazer, a questão do candidato Waldo Maia (PTN) seria um laranja de Tato, o abandono das escolas em localidades como Baixa Grande e abertura de empresas, também laranjas, onde a prefeitura compra produtos que enriquece a sua família. “È possível a gente entender como é a política dessa administração, é obras, obras e obras, só aspecto físico”, afirma Lú.

Enquanto isso, nos bastidores...

Debate promove interação entre alunos e comunidade de Cachoeira

Por Daiane Arllin e Caio Barbosa

A finalidade do debate, intitulado de Fala Candidato, era informar a população sobre as propostas dos candidatos e proporcionar maior interação entre os alunos e a comunidade cachoeirana. Um dos grandes desafios dos estudantes na organização, foi a falta de credibilidade por ser um jornal laboratório e não possuir o crédito debitado pela sociedade ao jornalista já formado e pertencente à grande mídia.
Toda elaboração do debate ficou sob responsabilidade dos alunos. A divulgação só foi possível graças à ajuda dos estudantes do curso de Jornalismo e dos professores do CAHL, pois a UFRB, por questões de políticas internas não financiou a propaganda do debate.
Para Danielle, essa foi uma experiência nova e ao mesmo tempo meio turbulenta, embora as rádios tenham dificultado um pouco, negando-se a transmitir. Ela gostou de ver a repercussão que o debate ganhou e a sensação de ser reconhecida como jornalista.
O Colégio Estadual da Cachoeira cedeu o seu auditório para que fosse realizado o evento e foram bastante prestativos no decorrer da organização, além de colaborar na divulgação entre os seus alunos. A estudante Talita Costa diz que o debate serviu de experiência para futuras atividades acadêmicas e que a fez sentir dentro da profissão.
Danielle Souza e Lorena Souza entraram em contato com as rádios locais, Paraguassú e Maguinificat, ambas não demonstraram interesse em transmitir o debate e alegaram não se envolver em questões políticas. A rádio comunitária Maguinificat, afirmou não ter equipamentos e recursos suficientes para fazer a transmissão, entretanto concordaram em fazer divulgação.
Nos Comitês, as alunas Sandrine Souza e Mariana Cardoso foram bem recebidas, e encontraram pessoas dispostas a cooperar com seu trabalho. Verificamos nos comitês dos candidatos opositores ao atual Prefeito, edições do Jornal Reverso: “Abalo do Império Verde”, que estava sendo distribuído aos correligionários que transitavam nos comitês, diz Sandrine.
Para Mariana, a promoção deste debate foi uma iniciativa extremamente válida da universidade, colaborando para que a cidadania fosse exercida na cidade, além de aproximar a UFRB e a comunidade.
Durante toda semana em que houve divulgação do Fala Candidato, a população acolheu muito bem a nossa proposta, mostrando-se interessados em participar e aprovando nossa iniciativa.
Organizar e dirigir este debate, foi uma experiência válida para os estudantes de Jornalismo, por fazer com que se sentissem dentro da profissão, em contato com o que é realmente ser um jornalista, e experimentar a vivência universitária em Cachoeira.

Série Equador

Rodando...

Por quase dois meses Cachoeira serviu de cenário para série portuguesa Equador.

Patrícia Neves

A cidade da Cachoeira teve sua rotina mudada entre os meses de julho e agosto, devido às gravações da série portuguesa Equador, baseada no best-seller do escritor português Miguel de Sousa Tavares, que vendeu 200 mil exemplares no Brasil. Cachoeira foi a cidade mais propícia devido a sua arquitetura barroca do início do século XIX. A história se passa em 1905 e conta as desavenças de um triângulo amoroso entre o boêmio Luís Bernardo (Luis Filipe Duarte), David Lloyd Jameson (João Ricardo), e sua esposa Ann vivida pela atriz portuguesa Maria João Bastos, que já realizou trabalhos no Brasil na novela o Clone, Sabor da Paixão e Sitio do pica-pau amarelo, todos na Rede Globo.
Luís Bernardo recebe um chamado Português D. Carlos para uma missão patriótica: ser governador de São Tomé e Príncipe e se ocupar das relações diplomáticas com o cônsul David Lloyd Jameson - que a Inglaterra mandara para “vigiar” os portugueses devido à divergência sobre a escravidão. Incrédulo passa a acreditar no amor quando conhece a esposa de David, Ann, com quem vive um romance secreto.
Produzida pela TVI, canal de maior audiência em Portugal. “Equador é a mais importante produção feita por uma TV portuguesa”. diz Sergio Baptista coordenador de produção da série.
Dos 26 capítulos, 70% foram filmados em Cachoeira e em algumas fazendas da região, os outros 30% foram gravados em outras cidades brasileiras, como Valência no Rio de Janeiro e Itacaré na Bahia, também foram feitas gravações na Índia e em Portugal. Segundo Sergio a escolha da cidade cachoeirana foi feita após serem confirmadas as dificuldades de filmar nas ilhas de São Tomé e Príncipe na África, onde se passa a história. “Faltava desde lugar para hospedagem até animais como galinha e cavalo”, complementa.
Para a produção na cidade, alguns locais ganharam uma nova roupagem, muitas casas e estabelecimentos comerciais foram alugados, e passaram por pequenas reformas, além da utilização de várias peças cenográficas.
Nilza Vieira Mateus, aposentada, 74 anos, fala sobre sua satisfação em alugar seu imóvel que serviu de casa para modista. “Moro sozinha com meu filho e quase não uso essa sala. Aluguei também um móvel antigo. Com o dinheiro do aluguel, dá para fazer umas boas compras”, anima-se a dona-de-casa.
Cerca de 300 pessoas entre atores, técnicos, produtores e câmeras, lotaram os poucos hotéis da cidade. Segundo Daniel Santana atendente da Pousada do Convento, o hotel ficou com 100% de ocupação.
Para Cleide Conceição que trabalha na lanchonete Vieira o movimento foi muito bom. “Eles ficaram no hotel daqui, e comsumiam bastante aqui na lanchonete” diz a atendente.
O trânsito ficou caótico, pois, grande parte das filmagens foram ao ar livre. “Foi complicado para transitar pela cidade, mas é bom ver a cidade participando de uma coisa dessas”. diz Marcos Freitas morador da cidade.
A produção também contou com cerca de 1000 figurantes locais que se revezavam durante as gravações.
A população e os visitantes foram aos poucos se familiarizando. Em pouco tempo cada visitante já tinha seu lugar preferido para jantar ou apenas sentar e olhar o movimento da cidade. No final de semana atores, produtores e moradores da cidade se encontravam numa festa dance promovida por algumas pessoas que trabalhavam na produção.
João Lourenço diretor financeiro da TVI não quis dar informações sobre o custo da produção. “Não podemos revelar o quanto gastamos” diz ele.
Cachoeira também já serviu de cenário para outras produções como os filmes Jubiabá (1987), de Nelson Pereira dos Santos, e Cidade Baixa (2005), de Sérgio Machado, com os baianos Wagner Moura e Lázaro Ramos.

Texto Série Equador

Rodando...

Por quase dois meses Cachoeira serviu de cenário para série portuguesa Equador.

Patrícia Neves

A cidade da Cachoeira teve sua rotina mudada entre os meses de julho e agosto, devido às gravações da série portuguesa Equador, baseada no best-seller do escritor português Miguel de Sousa Tavares, que vendeu 200 mil exemplares no Brasil.
Produzida pela TVI, canal de maior audiência em Portugal. “Equador é a mais importante produção feita por uma TV portuguesa”. diz Sergio Baptista coordenador de produção da série.
Dos 26 capítulos, 70% foram filmados em Cachoeira e em algumas fazendas da região, os outros 30% foram gravados em outras cidades brasileiras, como Valência no Rio de Janeiro e Itacaré na Bahia, também foram feitas gravações na Índia e em Portugal. Segundo Sergio a escolha da cidade cachoeirana foi feita após serem confirmadas as dificuldades de filmar nas ilhas de São Tomé e Príncipe na África, onde se passa a história. “Faltava desde lugar para hospedagem até animais como galinha e cavalo”, complementa.
Cachoeira foi à cidade mais propícia devido a sua arquitetura barroca do início do século XIX. A história se passa em 1905 e conta as desavenças de um triângulo amoroso entre o boêmio Luís Bernardo (Luis Filipe Duarte), David Lloyd Jameson (João Ricardo), e sua esposa Ann vivida pela atriz portuguesa Maria João Bastos, que já realizou trabalhos no Brasil na novela o Clone, Sabor da Paixão e Sitio do pica-pau amarelo, todos na Rede Globo.
Luís Bernardo recebe um chamado Português D. Carlos para uma missão patriótica: ser governador de São Tomé e Príncipe e se ocupar das relações diplomáticas com o cônsul David Lloyd Jameson - que a Inglaterra mandara para “vigiar” os portugueses devido à divergência sobre a escravidão. Incrédulo passa a acreditar no amor quando conhece a esposa de David, Ann, com quem vive um romance secreto.
Para a produção na cidade, alguns locais ganharam uma nova roupagem, muitas casas e estabelecimentos comerciais foram alugados, e passaram por pequenas reformas, além da utilização de várias peças cenográficas.
Nilza Vieira Mateus, aposentada, 74 anos, fala sobre sua satisfação em alugar seu imóvel que serviu de casa para modista. “Moro sozinha com meu filho e quase não uso essa sala. Aluguei também um móvel antigo. Com o dinheiro do aluguel, dá para fazer umas boas compras”, anima-se a dona-de-casa.
Cerca de 300 pessoas entre atores, técnicos, produtores e câmeras, lotaram os poucos hotéis da cidade. Segundo Daniel Santana atendente da Pousada do Convento, o hotel ficou com 100% de ocupação.
Para Cleide Conceição que trabalha na lanchonete Vieira o movimento foi muito bom. “Eles ficaram no hotel daqui, e comsumiam bastante aqui na lanchonete” diz a atendente.
O trânsito ficou caótico, pois, grande parte das filmagens foram ao ar livre. “Foi complicado para transitar pela cidade, mas é bom ver a cidade participando de uma coisa dessas”. diz Marcos Freitas morador da cidade.
A produção também contou com cerca de 1000 figurantes locais que se revezavam durante as gravações.
A população e os visitantes foram aos poucos se familiarizando. Em pouco tempo cada visitante já tinha seu lugar preferido para jantar ou apenas sentar e olhar o movimento da cidade. No final de semana atores, produtores e moradores da cidade se encontravam numa festa dance promovida por algumas pessoas que trabalhavam na produção.
João Lourenço diretor financeiro da TVI não quis dar informações sobre o custo da produção. “Não podemos revelar o quanto gastamos” diz ele.
Cachoeira também já serviu de cenário para outras produções como os filmes Jubiabá (1987), de Nelson Pereira dos Santos, e Cidade Baixa (2005), de Sérgio Machado, com os baianos Wagner Moura e Lázaro Ramos.

Texto Série Equador

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Por quase dois meses Cachoeira serviu de cenário para série portuguesa Equador.

Patrícia Neves

A cidade da Cachoeira teve sua rotina mudada entre os meses de julho e agosto, devido às gravações da série portuguesa Equador, baseada no best-seller do escritor português Miguel de Sousa Tavares, que vendeu 200 mil exemplares no Brasil.
Produzida pela TVI, canal de maior audiência em Portugal. “Equador é a mais importante produção feita por uma TV portuguesa”. diz Sergio Baptista coordenador de produção da série.
Dos 26 capítulos, 70% foram filmados em Cachoeira e em algumas fazendas da região, os outros 30% foram gravados em outras cidades brasileiras, como Valência no Rio de Janeiro e Itacaré na Bahia, também foram feitas gravações na Índia e em Portugal. Segundo Sergio a escolha da cidade cachoeirana foi feita após serem confirmadas as dificuldades de filmar nas ilhas de São Tomé e Príncipe na África, onde se passa a história. “Faltava desde lugar para hospedagem até animais como galinha e cavalo”, complementa.
Cachoeira foi à cidade mais propícia devido a sua arquitetura barroca do início do século XIX. A história se passa em 1905 e conta as desavenças de um triângulo amoroso entre o boêmio Luís Bernardo (Luis Filipe Duarte), David Lloyd Jameson (João Ricardo), e sua esposa Ann vivida pela atriz portuguesa Maria João Bastos, que já realizou trabalhos no Brasil na novela o Clone, Sabor da Paixão e Sitio do pica-pau amarelo, todos na Rede Globo.
Luís Bernardo recebe um chamado Português D. Carlos para uma missão patriótica: ser governador de São Tomé e Príncipe e se ocupar das relações diplomáticas com o cônsul David Lloyd Jameson - que a Inglaterra mandara para “vigiar” os portugueses devido à divergência sobre a escravidão. Incrédulo passa a acreditar no amor quando conhece a esposa de David, Ann, com quem vive um romance secreto.
Para a produção na cidade, alguns locais ganharam uma nova roupagem, muitas casas e estabelecimentos comerciais foram alugados, e passaram por pequenas reformas, além da utilização de várias peças cenográficas.
Nilza Vieira Mateus, aposentada, 74 anos, fala sobre sua satisfação em alugar seu imóvel que serviu de casa para modista. “Moro sozinha com meu filho e quase não uso essa sala. Aluguei também um móvel antigo. Com o dinheiro do aluguel, dá para fazer umas boas compras”, anima-se a dona-de-casa.
Cerca de 300 pessoas entre atores, técnicos, produtores e câmeras, lotaram os poucos hotéis da cidade. Segundo Daniel Santana atendente da Pousada do Convento, o hotel ficou com 100% de ocupação.
Para Cleide Conceição que trabalha na lanchonete Vieira o movimento foi muito bom. “Eles ficaram no hotel daqui, e comsumiam bastante aqui na lanchonete” diz a atendente.
O trânsito ficou caótico, pois, grande parte das filmagens foram ao ar livre. “Foi complicado para transitar pela cidade, mas é bom ver a cidade participando de uma coisa dessas”. diz Marcos Freitas morador da cidade.
A produção também contou com cerca de 1000 figurantes locais que se revezavam durante as gravações.
A população e os visitantes foram aos poucos se familiarizando. Em pouco tempo cada visitante já tinha seu lugar preferido para jantar ou apenas sentar e olhar o movimento da cidade. No final de semana atores, produtores e moradores da cidade se encontravam numa festa dance promovida por algumas pessoas que trabalhavam na produção.
João Lourenço diretor financeiro da TVI não quis dar informações sobre o custo da produção. “Não podemos revelar o quanto gastamos” diz ele.
Cachoeira também já serviu de cenário para outras produções como os filmes Jubiabá (1987), de Nelson Pereira dos Santos, e Cidade Baixa (2005), de Sérgio Machado, com os baianos Wagner Moura e Lázaro Ramos.