segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Política

Debate agita sucessão em Cachoeira

Tato não comparece e Lu e Raimundo se unem para combater o atual prefeito

Danielle Souza e Queila Oliveira

Tudo começou em clima de euforia. A população vibrava a cada pronunciamento do candidato Luiz Araújo (PV-PT), mais conhecido como Lu, e se entusiasmava a cada afirmação de Raimundo Leite (PR). No início, nem parecia ser um debate político e sim um comício eleitoral, onde os candidatos presentes haviam se juntado para expor propostas, deixando a impressão de união e chegando até a posar abraçados para fotos. Gritos e vaias tomaram conta do auditório no momento em que a mediadora Sandrine Souza justificou a ausência do prefeito Fernando Pereira, o Tato (PMDB), candidato à reeleição. Revoltada, a platéia não aceitou a justificativa. “Devido a compromissos assumidos anteriormente, não será possível comparecer ao debate”, dizia a carta enviada à organização.
A iniciativa dos alunos do jornal Reverso em promover o debate político, que ocorreu no dia 11 de setembro de 2008, no auditório do Colégio Estadual da Cachoeira (CEC), serviu como base para os eleitores analisarem melhor as propostas dos postulantes à Prefeitura de Cachoeira. Além de avaliar o desempenho de cada candidato diante dos problemas do município, muitas expectativas foram depositadas em cima do debate. A população ansiava pelo comparecimento de todos os candidatos, principalmente pela presença de Tato Pereira. “Sem Tato não tem graça, afinal ele é o prefeito e é a obrigação dele comparecer”, diz a funcionária do CEC, Cristina dos Santos Bispo, de 48 anos.
O debate lotou as dependências do auditório e foi dividido em seis blocos. O primeiro foi destinado à apresentação dos candidatos, o segundo à troca de perguntas com direito a resposta, réplicas e tréplicas e os outros blocos intercalaram perguntas feitas pelos integrantes do Reverso e entre os candidatos. As regras foram expostas, mas, como em qualquer evento, principalmente político, imprevistos aconteceram. Algumas pessoas se manifestaram querendo participar mais ativamente do debate. Porém, segundo a organização, não seria possível selecionar perguntas entre a platéia. Outro destaque foi o aparecimento de alguns jovens com o intuito de atrapalhar o debate e ofender os candidatos.
TEMAS - Assuntos como turismo, comércio, poluição, movimentos sociais, saúde, cultura e educação foram abordados. Entretanto, no plano de governo de Lu o que mais se destacou foi a cultura e a educação. Para ele, é necessário pensar em políticas culturais com o objetivo de valorizar as peculiaridades da cidade, como o samba de roda, o artesanato, a culinária e o Candomblé. “Temos que capacitar as famílias para sobreviverem sem depender dos turistas”, afirmou Lu. Ao fazer uma crítica ao modelo educacional em vigor, ele acredita que um dos aspectos fundamentais para melhorá-lo é o fortalecimento do Conselho Municipal de Educação. “O modelo que esta aí é falido. Nós precisamos transformar a educação das escolas em um centro cultural aberto, reciclando os aspectos metodológicos, o ensino e a aprendizagem dos professores”, defendeu o candidato da coligação PT e PV.
Nos momentos em que Raimundo Leite teve o direito de falar, insistiu com discursos ofensivos para a atual administração, além de louvar as realizações de seu mandato de prefeito. “Não concordo com a maneira como o município vem sendo administrado atualmente, porque todos aqui me conhecem, tenho 15 irmãos e em momento algum, nenhuma quitandinha foi aberta”, ironizou. Entretanto, algumas de suas propostas visam mudar a educação, melhorar a merenda escolar e reajustar o salário dos professores para quase R$ 1 mil.
“Rede verde branca”, o “tigre de papelão” e “o prefeito alucinado” foram alguns dos codinomes direcionados a Tato pelos candidatos que, em clima de empolgação, trouxeram à tona algumas acusações. Foi o caso do Plano Diretor Urbano, que, segundo Lu, Tato se recusa a fazer; a questão do candidato Waldo Maia (PTN) que, para Raimundo, seria um laranja de Tato; o abandono das escolas em localidades como Baixa Grande e a abertura de empresas também laranjas, nas quais a prefeitura compraria produtos e enriqueceria a sua família. Essas denúncias foram feitas pelos dois debatedores. “É possível a gente entender como é a política dessa administração, é obras, obras e obras, só aspecto físico”, concluiu Lu.

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