segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mulheres no palco: O diferencial que incomoda

Ilani Silva




Ansiosa por tocar, minutos antes do show, a baterista, Norma Juliete, 18 anos, bebe uma latinha de cerveja para aliviar a sensação de nervosismo, caracterizada por um friozinho incômodo na barriga.
Sendo uma das poucas meninas a tocar bateria em Feira de Santana, Juliete é considerada por muitos como “guerreira”, pois os preconceitos formados em torno de sua vocação não são raros, pelo contrário, constantes. “Os garotos ficam observando tudo, qualquer falha, eles já dizem: Só podia ser mulher” afirma a baterista.
A cobrança em torno das mulheres que tocam instrumentos é maior do que com o sexo masculino, geralmente as bandas são compostas em sua maioria por homens, e quando uma mulher assume uma posição que as pessoas estão pouco acostumadas a verem, é motivo de maior crítica e preocupação. “Já fui a alguns shows onde meninas tocavam instrumentos, e muito bem por sinal. A sensação é de fraqueza. A gente se pergunta como um ser tão frágil e sensível pode ter tanta habilidade. Admito sentir inveja”, afirma Hélio Filho, 17 anos, compositor.
Uma das justificativas para a escassez de mulheres no palco, tocando instrumentos, começa dentro de casa, com o preconceito dos pais. “Estávamos precisando de uma guitarrista. Eu tinha uma amiga que sabia tocar, mas o pai dela reprimia seu talento. Falava que guitarra era coisa de homem”, conta indignada Amanda Queiroz, 16 anos, tecladista.
Outras pessoas desconhecem a presença do sexo feminino em cima dos palcos, exceto quando a profissão é relacionada com o canto. Norma Juliete, descreve que quando ela e as integrantes de sua banda foram fazer camisas organizadas para os fãs e amigos, assustado, o dono da gráfica questionou, após ter perguntado sobre a finalidade das camisas: “Existe banda só de meninas?”. Estas e outras perguntas são comuns na vida de Juliete que possui uma banda só de mulheres chamada Endometriose. “Fazemos um som agressivo, com letras que denunciam os preconceitos contra as mulheres, lutamos pela igualdade de direitos.”, afirma ela.
Existem grandes grupos contra o racismo, o preconceito contra homossexuais, a disputa entre as religiões, etc. “A mídia explora muitos desses assuntos, até mesmo nas novelas, mas pouco se fala sobre a má visão sobre as mulheres. O que se apresenta muito são os atos de violência praticados por alguns homens, mas a denuncia do discurso ideológico em torno de uma polarização machista ainda tem pouca visibilidade.”, diz Juliete e acrescenta: “Uma das questões camufladas na sociedade diz respeito à legalização do aborto. Não se tem debate, discussão. As decisões são tomadas sem o consentimento da população, principalmente a feminina.”.
Iolanda Silva, empresária nascida na década de 60, época em que as mulheres começaram a se rebelarem contra o machismo, conta que foi um momento difícil viver naqueles tempos. Nada era permitido. Era proibido sair de casa sozinha, pouco se falava sobre os métodos contraceptivos com as meninas principalmente por causa do tabu chamado virgindade. E as mulheres que optavam pelo meio artístico sofriam bastante preconceitos. Iolanda foi amiga da apresentadora Xuxa Meneguel na adolescência e quando a mesma saiu na revista Playboy automaticamente seu pai a proibiu de continuar a amizade. “No dia seguinte ele me disse: Filha essa sua companhia não presta mais” garante a empresária.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Notas primeira unidade

Olá pessoas. Encerrei a correção dos exercícios. Ao todo, foram cinco exercícios, cada um valendo 0,6. Quem fez os cinco, some 3,0 na nota do trabalho de análise do livro. Pelas minhas contas, as notas dos exercício são:
Aline Pires - 1,8
Aline Santos, 1,8
Ana - 3,0
Andreia - 1,8
Elton Rosa - 2,4
Elton Vitor - 3,0
Gislene - 3,0
Ilani - 3,0
Jadson - 3,0
Jamile - 2,4
João - 0,6
Josi - 3,0
Lorena - 0,0
Maiane - 3,0
Maísa - 3,0
Marlene - 3,0
Nirane - 2,4
Roberta - 1,8
Sarah - 1,8
Tamires - 1,8
Tede - 3,0
Vanhise - 3,0

A terceira edição do jornal, a cargo do Elton, ainda não está pronta. Não temos matéria de capa ainda. As matérias da quarta edição devem ser entregues dia 3 de julho. Até dia 10 de julho, nosso último dia de aula, os dois jornais devem estar diagramados. Caso contrário, todos terão pontos descontados na segunda nota. Cada jornal, para cada aluno, vale até 2,5 pontos. Quem não fez nada para o jornal, não pontua nada.

abrs, leandro

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Matéria: Um novo olhar sobre o Transporte Alternativo de Cachoeira

Um ponto, três vans, uma árvore e dois bancos compridos. Esse é o terminal de transporte alternativo de Cachoeira. Chegamos por volta das onze horas, um carro verde de marca besta, com o emblema ASCAMUCA destacado na porta, estava estacionado esperando passageiros. Procurávamos por Juninho, o presidente da Associação dos condutores Autônomos Rodoviários de Cachoeira (ASCAMUCA). Em nossa direção viera um homem de média estatura, distinto, percebi que era motorista da associação pelo fardamento, uma blusa azul de gola pólo amarela. Bastante simpático nos informou que Juninho fez uma "corrida" para Feira de Santana e que estaria lá.

Como somos também passageiros cotidianos por estudarmos em Cachoeira e morarmos em Feira, "pegamos" o carro que estava no ponto. Dentro do carro já se encontravam quatro pessoas, um jovem de mais ou menos vinte anos, um senhor, que estava dormindo, de chapéu, barba rala meio esbranquiçada e bengala, a senhora Mariele Borges Gomes, aposentada, e o agente de limpeza Antonio Carlos Silva.

Tanto Mariele quanto Antonio Carlos "pegam" sempre esse tipo de transportes. Antonio Carlos, moreno, 42 anos, quando perguntado sobre o tempo que espera para "lotar" a van, com a voz calma diz que "varia o tempo que espera para a lotação, mas que tem dias que chega perder uma hora ou mais no ponto." Dona Mariele, mais eufórica, diz ter consulta marcada com um advogado em Feira de Santana às 11:30, reclama do transporte que faz "linha" Cruz das Almas / Cachoeira, outra associação de motoristas, e diz ser um absurdo chegar a demorar mais de uma hora no ponto esperando lotar um carro. "Olha, saí de cruz às nove horas, por causa do carro que veio de Cruz não peguei o outro carro que saiu daqui. Agora já tenho uns quinze minutos nessa besta esperando lotar espero que não demore muito. Veja bem, eu não sou muito chata não, mas eu tenho um compromisso marcado, não é justo perdê-lo pela demora do transporte. Não pego o Santana (ônibus que faz o percurso nessa região) por que sinto enjôo."

A Associação dos condutores Autônomos Rodoviários de Cachoeira, (ASCAMUCA), existe há dezesseis anos, 32 carros cadastrados alternam em viagens durante todo dias. Os motoristas respeitam uma tabela que indica a seqüência dos carros que irão sair, seguindo o critério da ordem de chegada. Por dia cada carro faz, em média, duas ou três viagens entre Feira / Cachoeira, passando por Conceição da Feira, Belémzinho, cidades e povoados que ficam entre o percurso. Segundo o regulamento da ASCAMUCA os carros saem da "base", modo como os motoristas chamam o local onde ficam os carros que irão sair, no máximo com dez pessoas, esse é o numero de passageiros que lotam o carro.

Após a chegada de mais três passageiros, um casal que sentou logo atrás de mim e uma mulher, que sentou na frente, ao lado do motorista, saímos da base, ainda paramos mais na frente, ao lado do mercado municipal de Cachoeira onde entraram mais dois passageiros. A viagem seguiu-se tranqüila. Sem mais paradas, a van manteve um tranqüilidade e silencio incomum naquele tipo de transporte, que destaca-se pela conversa paralela e continua dos passageiros.

"Três horas viajando". Disse-me dona Mariele quando chegamos em Feira de Santana, pouco mais de meio dia. "Saltamos" no ponto final como de costume. Num restaurante próximo ao ponto das vans da "linha" Feira de Santana / Cachoeira, Feira de Santana / Conceição de Feira, estava Ubirajara Sobreira Guimarães Filho, o Juninho. Presidente da associação, entre idas e vindas, há quatro anos, Juninho fala, sobre a demora na lotação dos carros e reitera que, cada associação tem seu regulamento, seu estatuto de regime interno, que deve ser respeitado disciplinarmente e vale para todos. Ele diz que diariamente algumas pessoas, sem paciência para esperar o carro lotar desistem e vão pegar o Santana (ônibus). "Tem várias histórias engraçadas, as mais corriqueiras são das pessoas que deixam a van e vão pegar a Santana. Como a gente não entra em São Gonçalo, sempre ultrapassamos o ônibus durante o caminho. Daí a gente buzina, dá um tchauzinho, para pessoa ver. Dá uma provocadinha né?"

Por João Pedro Prado e Roberta Costa