sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Menina assanhada

Danielle Souza

Em pleno sábado à noite, com tantas outras coisas para fazer resolvi sentar na porta de casa para jogar conversa fora, saber dos babados, das fofocas da rua e rever os amigos. Tinha pouco mais de quinze dias que não vinha para casa. Conversa vai, conversa vem...todo mundo começou a ir embora, era hora da novela das oito. Só quem acabou ficando fui eu e mais duas meninas, Ananda de 12 anos e Carol de 15. Mesmo assim a conversa continuou e aos poucos o papo foi mudando. Ananda parecendo uma gralha doida não parava de falar. Contou sobre todos os garotos que Jéssica, uma piriguete de 15 anos que tem lá na rua, havia pegado, namorado e transado. Foi aí que de repente ela soltou:
- Dani, tu já assistiu filme pornô?
Eu que nem se quer esperava uma pergunta dessas, respondi:
- Já.
- Tem tempo, mas já assisti.
Só que ai veio à curiosidade, do por que o interesse dela e então perguntei:
- Sim, porque o interesse...
- Anda assistindo eh???
E com a cara mais lavada e na maior naturalidade ela me respondeu:
- O que é que tem?!
- Já assistir um monte lá em casa
- Oxente...
- E quem anda te emprestando esses filmes Dinha (o apelido de Ananda)
- Marquinho (irmão de Jessica) tem um monte menina.
- Teve uma vez que juntou eu, Marquinho, Jessica e Jó (irmão de Ananda) pra assistir
- Então formaram os casais e todo mundo se pegou neh....
- Não menina!!! Jéssica ficou até com Jó, mas eu só tava assistindo...
- Sei...
- Só assistindo!!!
- Oxe minha filha, ainda sou virgem.
- E tu anda assistindo esses filmes pra que mesmo?
- Pra aprender as posições?? (risos e mais risos)
- Neh não é?
- Daniiii, tinha uma mulher lá que gritava...
- Teve outra que tava com dois homens de vez, fazendo cada posição.
Eu e Carol não nos agüentávamos de tanto ri. E o mais interessante é que ela estava cada vez mais empolgada em encenar as partes e os gemidos do filme. Foi ai que eu disse:
- Eitâ, que essa Ananda deve ter um fogo da porra!
- Imagine quando isso começar a praticar...(risos)
Mas agora quem estava de saída era eu. 10 horas da noite e eu ainda tinha um trabalho para começar a fazer.
– Meninas já dei muita risada, mas ta na minha hora...
- Boa noite viu
- Ta cedo Dani, vai agora não, disse Carol.
- Oxente!!!
- Gostou do papo num foi!?
- Essa Carol é outra, sonsa...
- Eu não!!!
- Ta bom...Tchau!!!
EEhhh....o mundo até que continua o mesmo, mas essas crianças. HUM...Com certeza não!!!!

Uma bolsa no antiquário

Astrude Modesto


Da placa, a letra o e toda a palavra Glória caíram. Continua no ar, vitoriosamente, entre um pente e uma tesoura de plástico, apenas a palavra sala em vermelho empoeirado e sem acento. Qualquer um pode ver que o salão é antigo. Mais antigo do que o próprio dono. O cubículo deve ter uns oito metros quadrados. Pelo menos, é esta a impressão que dá abarrotado de objetos velhos inutilizados. Ou utilizados para enfeitar. Resta pouco espaço entre dois sofás, geladeira, frigobar, ventiladores, mesas, troféus, clientes, pássaros, lembranças... A lembrança de Maceió, um barquinho artesanal em cima do tabuleiro de xadrez, em cima da antiga cadeira de barbearia, ao lado de uma planta e dois tatus de madeira.

Três relógios pendurados nas paredes para não perder a noção do tempo que acontece lá fora. A hora passa lenta no antiquário. O quadro do preto velho está envelhecendo no canto esquerdo, no início da sala, para quem entra. Da mesma posição, o cliente, o amigo, o curioso ou dono do salão pode ver no canto direito, ao final da sala, a figura de Santo Antônio. E a vela de sete dias acesa. Ela também se esqueceu do tempo e passa a impressão de estar acesa há uma eternidade.

Não há mulher no recinto, tão carregado de masculinidade. A barba feita habilmente entre pôsteres do Flamengo, do Vasco, do São Paulo e da Seleção Brasileira. No entanto, a bolsa de palha enfeitada com uma grande flor verde, alças e lantejoulas, está pendurada por um prego, entre os homens do Vasco e do Flamengo, acima do sofá de três lugares. Penso por que a bolsa foi colada de modo tão visível. Logo, observo a aliança que o dono do salão carrega no dedo anelar da mão esquerda.

Quando agente menos espera...

Por: Talita Costa

Era uma tarde de sexta feira, eu havia saído de casa apressada, andava tão confusa ultimamente, que não sabia até aquele momento, para onde deveria ir. Sabia apenas que precisava sair e dissipar aquela nuvem obscura de dúvidas e vontades que pairava sobre minha cabeça e enquanto pensava sobre essas coisas, entrei no primeiro carro que me levaria a novas experiências.

Sentada no banco da frente, sem nem levantar o olhar ou prestar atenção ao que ocorria, ele apareceu:

- O cinto – pediu para o rapaz que sentava ao meu lado.

Nesse momento, olhei para ele e sorri.

- Boa tarde! Ele disse.

- Boa tarde.

Naquele momento, percebi que aquela viagem de pouco mais de uma hora, me envolveria numa relação de jogo de conquistas da qual eu não estava acostumada. Aquele homem de 35 anos, não é realmente o tipo de pessoa que eu conheço todos os dias e que claro, não deixaria passar.

Passamos metade do caminho em silêncio. Tentei ler um livro, dormir um pouco, enquanto ele pegava e despachava passageiros.

- Alô! Não minha filha, estou chegando em salvador agora, depois papai te liga – falou ao atender ao telefone.

 “FILHA! Será que ele é casado!”, pensei. Procurei a aliança entre os dedos sem encontrar nenhum sinal do que poderia me impedir a prolongar aquele momento.  Foi quando de um impulso, perguntei:

- Como é seu nome?

- Roberto. Porquê?- perguntou sem entender.

- Curiosidade. Estava fazendo uma matéria sobre transporte alternativo e todos me informaram que você seria a pessoa mais indicada a falar do assunto.

A partir daí foi fácil chamar a atenção dele pra mim.

- Você é daqui de Salvador?- perguntou.

- Não. Aqui é só mais um dos meus pontos de troca de carro. Ainda tenho que pegar outro para chegar ao meu destino.

- Você é de onde?

- Um lugarzinho no fim do mundo. Você não conhece.

- E faz o quê lá em Cachoeira?

- Faculdade de jornalismo.

- Uma vez eu dei uma entrevista para duas meninas de jornalismo. Acho que a matéria nem chegou a sair.

- É... a minha também não foi pra frente, infelizmente.

Entre perguntas e mais perguntas, soube sua idade, onde morava, que era solteiro. Ele também não perdia a oportunidade de saber mais ao meu respeito. O interesse entre agente estava tão na cara que as cantadas começaram a ser mais objetivas: 

- Você mora aqui há dois anos e eu nunca lhe vi. Por onde é que você andava? – perguntou, não esperando uma resposta, mas dando uma deixa para afirmação que viria a seguir     – Também agora eu não te esqueço mais. Talita....

A viagem ia chegando ao fim e eu, naquele dia, tinha dissipado a nuvem que pairava sobre a minha cabeça e esquecido por instante das dúvidas que me atormentava. O que estava acontecendo entre nós dois, serviu de consolo para as desastrosas investidas que eu andava dando nos últimos tempos. E de onde  agente menos espera a coisa acontece:

- Eu vou parar logo mais ali na frente – falei, quando cheguei ao meu destino.

- Não... pode deixar que eu te levo.

- Não precisa. Eu sempre por ali, estou acostumada.

- Qualquer dia desse eu te chamo pra sair lá em Cachoeira.

   - Certo. Foi um prazer conhecê-lo... Pode parar aqui!

Suspiro...

Danielle Souza

Dou mais um rolé pela praça. Fome, carência, desejo...Não Sei!? Sei! “Quero um homem...” Vai ano vem ano ela quer. Preto. Branco. de preferência magro. Estiloso? Sim, Sim, Claro!!! Este?? Aquele?? Nada agrada, nenhum serve. “Boa noite, o cardápio” ................................“Dois X-Egg Burguer por favor” Esse!!É ele. Sentadas com a cara na rua, o ponteiro segue. O estômago ronca. Fome, Fome, era Fome. Talvez ela não estivesse com tanta fome assim. Passou. Cessou. Nããããããooooooo Ela está com fome SiM!!! O Hambúrguer é outro. Aquele!!! Aquele que pela fresta ela olha. E não cansava, ela olhava. Veio o Desejo. Deseja incessantemente um beijo. “Bem que ele podia trazer a comida.” Não, não mesmo....Veio ela, a velha, a mãe. Pão, Queijo, ovo, carne, salada. HUMM.... DELICIA!!!!!!! Fartas. Cheias. Tudo perfeito!! Deveria ser, mas não era. Era Ele. Não!!! Era Ela!!! Tarde, já está tarde é hora de irmos. A conta!!! Mas antes ela foi, ela entrou, matou o último desejo da noite com mais uma olhadela e saiu. Obrigado!! E ela Suspirou...“Eu não me dou com esse homem”.

Entrevista profissional

Toniel Costa

Tarde de terça-feira. Após ser aprovado no processo seletivo, Cláudio se prepara para a tão aguardada entrevista. Estava impecável. Terno, calça e sapato social preto, barba e bigode bem feitos, unhas limpas, perfume leve e pasta bem conservada. Os comentários eram de que o entrevistador é mau humorado; o que faz Cláudio ficar mais nervoso ainda. Chegando na empresa que atua na área de gêneros alimentícios, a recepcionista autoriza a sua entrada. Ombros alinhados, costas eretas, olhar brilhante, andar correto, postura firme, voz pausada, Cláudio cumprimenta o entrevistador:
- Com licença, boa tarde!
- Boa tarde. - responde o entrevistador.
- Qual o seu nome completo?
- Cláudio da Silva Andrade.
- Fale-me um pouco de si.
- Sou formado em Administração pela Uneb, fiz também um curso á distância de Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, sou uma pessoa centrada naquilo que faço, porém sempre disposto á ouvir e aprender.
- Quais outras características você tem?
- Sou entusiasmado, persistente, responsável, dedicado e criativo.
- O que você procura nesse emprego?
- Vejo como uma oportunidade de ampliar a minha experiência na área administrativa e contribuir para a consolidação da empresa no mercado.
Até então tranqüilo na entrevista, chega o momento que exigiria mais honestidade e cautela de Cláudio.
- E os seus pontos fracos? – questiona o entrevistador.
Após uma pausa de cinco segundos, Cláudio responde com franqueza;
- Sou perfeccionista e impaciente.
Foi a vez do entrevistador fazer uma pausa de seis segundos. Cláudio aguardava a próxima pergunta, mas veio um comentário sobre sua resposta.
- Quanto á isso, geralmente os bons profissionais apresentam essa característica que pode ser trabalhada no decorrer do tempo. Porém estou satisfeito com o seu relato, que será devidamente avaliado pela empresa.
Aliviado, Cláudio se retirou da sala do entrevistador com o sentimento de ter se saído bem na entrevista e de ter boas chances de ficar com a vaga.

E começa mais um dia

Toniel Costa

Seis e meia da manhã, tempo abafado, beirando os 30°. Inicia-se mais uma semana na vida de Antonio. Após seis horas de repouso e cinco de sono, carros, ônibus e motocicletas exalam poeira e poluição sonora na rua da Rodagem em São Félix.
Em um beco, ao lado de sua casa, ele ouve os já tradicionais comentários proferidos por dois torcedores: um doente pelo Esporte Clube Bahia e outro saudável sem agremiação assumida.
Depois de um banho, o café da manhã acompanhado de um biscoito criado na padaria do centro, mas comprado no supermercado da esquina e pela companheira de quase todas as horas vagas: a televisão. O jornal das 7:15h que, devido ao horário de verão iniciado na primavera, começa uma hora antes, já estava nos 15 minutos finais, na melhor parte por sinal; mostrando os gols da última rodada do Campeonato Brasileiro.
Encerrado o jornal e também a agradável refeição, veste de forma apressada a camisa branca e a calça jeans azul, pois ainda restam alguns minutos até a hora de sair para mais um dia de aula. Minutos esses que serão gastos navegando na internet.
Depois de um longo tempo de três minutos entre o acionamento do botão do estabilizador e a abertura da página do servidor local, autorizando assim a navegação. Observa o seu e-mail que reluta em atender os comandos e desliga, passados dez minutos.
Á caminho da universidade, tudo ao redor parece estar da mesma maneira de sempre: movimentação moderada de pessoas, típico do tamanho da cidade.
Já em Cachoeira, ainda resta um tempo para pegar uma apostila para a aula do dia seguinte na copiadora da esquina. Surpreendentemente, não é preciso esperar longos minutos até a cópia ficar pronta, pois já havia uma apostila guardada.
Ao chegar para a aula, a discussão do texto do dia já havia começado. Sentando-se em uma cadeira que ficava de frente para o quadro “branco” no acanhado espaço da sala de aula, Antonio se situa no tema abordado pelo professor e pelos colegas.
Depois de discutido o texto, hora de preparar as matérias que serão postadas na aula da tarde. Antonio descobre que a gravação da entrevista que iria para o blog, só pode ser ouvida no mp3. É preciso então, transcrever a fala para transformar em texto.
Finalizada a aula ás cinco e meia da tarde, um banho refrescante, um jantar delicioso e um sono reparador espera Antonio em sua casa, encerrando mais um dia.

Miss simpatia

Toniel Costa

Os cabelos são cacheados, brincalhona, vê-la de mau humor é tão habitual quanto assistir aula no quarteirão Leite Alves. Sempre tem uma “tirada” bem humorada para cada situação.
No momento veste uma blusa preta e calça jeans. Seu visual é assim; simples e básico. Anda com sua inseparável bolsa.
Magra, boa estatura, na sala faz parte da “galera do fundão”, porém está sempre atenta ao que acontece na aula.
Personalidade firme, convicta de suas opiniões, possui facilidade de comunicação com todos. O jeito espontâneo se ser é uma das suas marcas.

Insônia

Toniel Costa

Já passa das 11 horas da noite, e o bom, velho e “quase sempre assíduo”, sono está demorando para chegar. Preciso descansar por algumas horas e repor as energias gastas em elaboração de texto, preparação de seminário e leitura de apostilas. Enquanto ele não vem, o jeito é utilizar a alternativa que está mais perto do quarto. A televisão na sala. Vamos ver o que temos na programação até o sono chegar. Bendito horário de verão do sudeste e sul do Brasil que me impede de assistir todos os programas de debate esportivo que tanto gosto. Mesa redonda, Terceiro Tempo... É, mas atualmente eles estão tão chatos! Falam do futebol como se esta modalidade fosse o conceito do que é esporte, e do futebol paulista como se o Brasil se resumisse a São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos. Nem a coitada da Portuguesa e o copeiro São Caetano ganham importância nesse monopólio dos grandes clubes. Sem falar no fadado discurso dos jogadores e dos técnicos: “No próximo jogo nosso objetivo é conquistar os três pontos”; “O time todo está de parabéns”. Próximo canal, filme. Parece que o cardápio da TV aberta atualmente, se resume á produções de ação com orientais (Jackie Chan) e de terror com um enredo difícil de entender. Vejamos os outros. Reprise da sessão da câmara e do senado, programação religiosa, canais de compra, programa de auditório que só toca forró...Depois de tanto passear pelas “vastas”, opções oferecidas pela TV, já estou com sono. Hora de descansar durante as horas que me restam.

Ela tem todos os defeitos

Quem mais poderia ser certinha demais, romântica demais, sentimental demais e vaidosa ao extremo? Seus cabelos pretos sempre estão impecavelmente bem arrumados, mesmo quando ela não dá aquela passada básica no salão de beleza. Não chega a ser narcisista, porem acho que ela mantém um relacionamento secreto com seu espelho, no dia que ela não sacar ele da bolsa e dá aquela olhada no seu visu, é por que algo grave aconteceu. Quando temos aula pela manha é quase que automático: ela põe seus óculos escuros que escondem ou aquela tremenda olheira de uma noite mal dormida ou então seus belos olhos negros, fico com a segunda. Sua tez café-com-leite (foi a primeira coisa que me veio a cabeça), esta sempre coberta por um conjunto bem básico, às vezes ela joga um vestido e coisa e tal, mas em Cachoeira não cabe o luxo. É um calor danado! O que mais me surpreende é o que ela carrega: é aquele caderno da Môranguinho (ela vai saber o motivo no acento!) cheirando a produtos femininos que certamente ela usa e traz consigo para a qualquer momento formar o quarteto fantástico: ela, seus brilhos labiais, seu espelho (sempre ele) e seu caderno cor de rosa, certa vez quando ela pediu que eu segurasse seus materiais (entre eles estava esse caderno) eu comentei o meu apreço (aqui vai um tom irônico) sobre essa cor. Agora me responda o porquê desse caderno, logo essa personagem? Se bem que eu acho que tem um pouquinho a ver com ela. Sua estatura que é inversamente proporcional a sua falta de confiança. Ô menina insegura! Por que ela pensa tanto no que os professores vão achar dos seus trabalhos, dos seus textos? Por que ela convive tanto com esses fantasmas. Apesar desses pouquíssimos defeitos, claro em uma visão masculina (vá falar para uma mulher, as que vivem o século XXI que elas não precisam se arrumar tanto! e ela nem precisa disso tudo, não é feia, muito pelo contrário), ela às vezes passa quase por imperceptível (não quero dizer que seja insignificante, longe de mim, mas ela é um pouco tímida, quieta, sei lá...). Ela não é muito quente, nem muito fria. Esta na temperatura ambiente, nem gosta de fortes emoções, tampouco de viver na mesmice. Ela é um meio termo. E tem qualidades, lógico: ser minha amiga, e uma fina leitora de Jorge Amado e Pablo Neruda, isso foi o que consegui descobrir em quase dois anos de convívio, anos que tambem nem me permitem escrever isso, mas quando encontrar com ela, espero que ela tenha lido essa descrição, tenho cartas na manga, descuspas. Afinal ela sabe que o problema não esta em temperamento, em seus defeitos (se é que o que citei for isso) ou em suas qualidades. Ela é esse mosaico mesmo. Como todas as mulheres difíceis de compreender, ou até de decrever também. Tem dias que ela acaba de chegar na universidade, depois de uma hora de viagem, às vezes ela vem dormindo e diz:
- Tô doida para ir pra casa!
- DANI-se o mundo – penso eu.
Que preguiça! E olha que eu me esqueci de citar isso.
Hamurabi Dias

Conquistando o mundo

Daiane Dória

Sábado. Dia bom para sair à noite e encontrar alguém. Em Salvador, sábado é dia de festa. Pink e Cérebro combinam de sair para conquistar o mundo.
- Passo em sua casa às dez. Diz Pink.
No horário marcado Pink chega. Cérebro já esperava por ele. Resolvem ir a um barzinho mui conhecido na cidade, o Tijuana, onde iriam encontrar outros amigos.
- Olha quem tá ali Pink! Acho que vou lá. Fala Cérebro olhando para uma mesa com três garotas.
- Nem chegou direito hein. Vá lá cara.
A noite segue e Cérebro consegue enfim conquistar a garota. Pink também fica com uma amiga, mas não é nada que vá além do Tijuana.
- Já tô indo véi. Vai ficar aí? Pergunta Pink.
- Não. Só que não vou pra casa não. Dá pra você me deixar ali no Campo Grande? Diz Cérebro afirmando sutilmente que a noite não terminaria ali.
- Vamo lá.
Pink deixa Cérebro e sua acompanhante nu motel e vai levar sua amiga em casa. No caminho, o celular toca, era Cérebro:
- Fala...
- Ô Pink véi, eu tô aqui morrendo de fome. Tem quase uma hora que eu pedi um rango e até agora nada e pra completar ainda ficam tocando a campainha toda hora.
Pink dá uma gargalhada que deixa Cérebro ainda mais angustiado.
- Qual foi cara?
- Você já olhou do lado da porta? Tem uma portinha, a comida tá lá dentro e tão tocando a campainha pra avisar porque vocês estão demorando demais pra pegar. Responde Pink às gargalhadas com sua amiga dentro do carro que ouniu toda a conversa.

O que é a vida, afinal?

Quinta feira pela manhã, estava sentado a mesa, lendo um livro bastante usado com capa vermelha e no centro um quadrado amarelo para destacar o título. Tão concentrado que estava com o estudo, que só fui me dar conta da discussão em seu final. Foram seis estrondos:
- São fogos de artifício – disse alguém.
- Não, não são fogos, isso são disparos de arma – disse meu irmão.
Voltei ao que fazia sem dar importância. Tanto fazia se eram disparos de arma ou fogos de artifício.
O telefone toca.
- Meu Deus! – exclamou minha mãe com a voz quase aos prantos, porem sem derramar uma lagrima – não pode ser, já avisaram para ela.
Preocupado com o tom de voz de minha mãe, não esperei a ligação se completar, corri até ela e perguntei, mais curioso que nervoso, ao contrario dela:
- O que foi?
- Seu Zé foi baleado na frente da casa de sua madrinha.
A boca secou. Fiquei sem reação. Agora fazia sentido os seis disparos ouvidos minutos antes.
- Quem lhe avisou?
- Sua madrinha.
- Foi baleado aonde? – não dei tempo para resposta, engatilhei outra pergunta – Já foi socorrido?
- Não sei, estou muito nervosa.
- Liga para o meu pai, fala com ele – disse.
Nada de o celular dar resposta.
- Não atende.
- Continua tentando. Fala para chamar a policia.
Antes de tentar nova ligação o telefone toca novamente.
- Como posso avisar isso para ela? Como avisar que seu Zé foi baleado. Não consigo – falava ao telefone minha mãe que não desgrudava dele.
- E ai? – pergunto
- Foram quatro homens armados que disparam contra ele, que também estava armado. Seu Zé e sua mania de andar armado, eu sabia que poderia acontecer alguma coisa. Ele já ta velho e quer tirar uma de valentão.
- Não sabem em que parte do corpo foi baleado? – perguntei. A essa hora a prova que tinha a noite já fora esquecida.
- Eu vi tudo – disse um vizinha que tinha acabado de chegar em minha casa – os mal encarados, estacionaram o carro do lado lá de casa e saíram como se tivessem perseguindo alguém!
Estava agitado e queria saber mais. Meu pai chegou em casa, disse que a policia já estava no local do crime e que tinha conversado com o filho da vitima, também policial, que lhe disse que seu Zé fora encaminhado para o Hospital.
- Será que não foram as mesmas pessoas as quais ele, semana passada, impediu que assaltassem uma pessoa atirando pára cima, para assustá-los? - essa foi a minha primeira suspeita desde que fiquei sabendo do ocorrido.
- Pode ser.
A tarde já entrava e dessa vez as noticias já vinham mais concretas.
Os assaltantes passaram por seu Zé já o ameaçando:
- Entra velho, entra!
Nosso policial aposentado não é de levar desaforo e saiu ao enfrentamento, mostrando a arma que carrega consigo diariamente.
Houve troca de tiros. Sei Zé foi alvejado por três disparos. Dois na perna e um no estomago.
- Já esta sendo operado – disse minha mãe – quem o socorreu foi o próprio neto.
Mais de uma semana depois, ninguém sabe o destino dos elementos, seu Zé repousa depois do “susto” e recebe muitas visitas.
- Tomara que nosso Charlton Heston, ou melhor, Clint Eastwood entenda que em Hollywood tudo é encenação e deixe de ficar com essa arma para lá e para cá – disse brincando, como consigo brincar uma hora dessas, mas, o que é a vida afinal?
Hamurabi Dias

Smells like teen spirit

Sábado a noite e aqui estamos nós. A diversão começa, minha respiração é continua e prolongada, cabelos pretos, caindo sobre suas costas, pele clara, seios fartos, ela tinha um aspecto que misturava Capitu e Monalisa, seus olhos profundos e ressaquiados puxavam-me em sua direção, seu sorriso enigmático despertava em mim a libido; sussurrava em meu ouvido, seu hálito era quente e cheirava a sexo, seu corpo encostado no meu revelava sua temperatura. Estava em ebulição. Nervosa... Talvez. Olhava-me com ternura, sorria, roçava seus pés nos meus. Vou ao céu... Impressionante. Poderia durar para sempre, refletia comigo. Não falava nada, permaneci calado. Ela continuava seus sussurros e isso me alimentava cada vez mais. Sete segundos de adrenalina, meus músculos se contraiam ou me traiam. Já não respirava mais, arfava e beijava-me. Estava ofegante. Seu corpo sinuoso agora está disposto sobre a cama. Emparelhados olhávamos um ao outro. Rimos, coversamos coisas tão banais que não caberia aqui. Já não era mais misteriosa, já não tinha ares nem de Capitu nem de Monalisa, seus enigmas foram todos desvendados por mim. Ela se retira, já não cheirava a sexo, cheirava como espírito jovem. Se despede faceira. Como é por dentro outra pessoa? Quem é que o saberá sonhar? Pergunto ainda pensando em minutos atrás. Meu corpo agora gelado ainda carrega seu suor, ainda tinha um pouco de seus cabelos, trazia ainda as marcas de sua boca em minha pele, como tatuagem. Guardo as lembranças dessa noite. Acendo um cigarro. A alma de outrem é outro universo... As reminiscências se vão, amanha será outro dia. Estará aqui de novo? Sussurrará novamente? Aguardarei.

Hamurabi Dias

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

É agora ou nunca

O dia é hoje, não tem jeito. A gente já ta nessa enrolação há mais de um mês e as coisas não andam nem pra frente nem pra trás. Será que ele vai chegar na hora? Não, claro que não.Desde o começo que ele nunca chega, só pra me deixar mais nervosa... Eu já o conheço, já sei de muita coisa sobre ele. Merda, por que eu tinha que estar apaixonada?! Até hoje só quebrei a cara com isso. Parece que não aprendo, ou gosto de sofrer. Será que é possível alguém gostar de sofrer? Se não for, não sei diagnosticar meu caso. Não consigo pensar em nada com nada. Já são oito horas, ele sempre chega por esse horário, que ansiedade! Oito e quinze, oito e meia, cadê ele? Penso na festa de ontem, era pra eu ter ficado com alguém, assim não ia ficar tão na cara que eu estou gostando. Mas será que era mesmo? Não consegui. O que será que eu devia ter feito? Paciência, não consigo fazer o que não quero. E olhe que oportunidades não me faltaram. Na verdade só faltou ele. Porque era nele que eu pensava, era ele que eu queria. Eu fiz a coisa certa, não ia agir de um jeito que não sou. Se for pra haver alguma decepção, que seja minha com ele e não ele comigo. Já estou meio que acostumada. A menina ingênua que acredita no amor se prepara pra mais uma. Não, ele é diferente, é diferente de todos os que eu já conheci, tem que ser, eu tô me confiando nisso. Já vão dar nove horas, até que enfim ele chegou. Eu falo? Ou eu não falo nada? Está incrivelmente bonito, parece que veio assim pra me provocar. E muito cheiroso também, como de costume fico viajando em seu perfume. Por onde eu começo? Vamos sentar no quintal, assim ficamos sozinhos e eu consigo criar coragem pra dizer alguma coisa. Digo? Não digo? A essa altura do campeonato ele já percebeu que eu tô diferente, por isso pergunta se está acontecendo alguma coisa. É agora ou não é nunca mais. Porque do jeito que tá não dá pra continuar não, eu to me apegando demais, já vi esse filme... Respiro fundo e vamo lá. O seguinte é esse, a gente já ta “junto” há mais de um mês e eu to começando a gostar de verdade. Ontem eu fui pra festa e não fiquei com ninguém porque pensei o tempo inteiro em você, e quero saber o que você ta sentindo. Do jeito que ta pra mim não dá mais, vou acabar quebrando a minha cara. Pronto, falei demais. Praticamente me joguei pra ele, o que deve estar pensando? Sim, ele está reflexivo, tento quebrar o clima de algum jeito. Fala alguma coisa... Ele muda de assunto e permanece calado, ou falando pouco. Pronto, quebrei minha cara de novo. E o pior é que não adianta esconder, eu to gostando muito. O que eu faço? Tento parecer calma, mas meus nervos estão à flor da pele. Fico quieta observando. Que horas ele vai falar alguma coisa? Passaram-se duas horas até que finalmente quebrou o clima de tensão, porque eu já estava tensa. Me enrolou um pouco e falou sobre algumas coisas sobre as quais não prestei muita atenção, meus ouvidos estavam programados pra ouvir duas coisas, e meus olhos e minha boca já estavam semi-acionados, caso acontecesse o pior. Eu não podia me humilhar, não podia mostrar a minha fragilidade. Seria forte e fria até o momento que ele fosse embora, aí sim eu podia desabar. Que drama, meu Deus, que nervoso. Até que, num determinado momento que em nem consigo lembrar ele diz: “acho que já ta na hora de a gente passar para um compromisso mais sério, não é?” Toda aquela tensão, aquele medo, aquela ansiedade, aquela expectativa se esvaecem do meu corpo num enorme sorriso. Eu sabia que ele era diferente, que nunca me decepcionaria. Não era agora que eu iria errar. De repente tudo se transformou pra mim, e um beijo intenso confirmou minha resposta. “A gente vai ser feliz pra sempre”, foi meu último pensamento àquela noite.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Primeiro beijo...hum será?!

Queila Oliveira

Já são seis horas e estou presa aqui nesse engarrafamento e para piorar esse ônibus lotado. Culpa desse trabalho de História, que eu tenho que entregara amanhã...na verdade culpa dessa professora mal amada, que não tem o que fazer, fica passando trabalho para entregar nessa manhã, em plena sexta-feira. Logo hoje que eu tinha que chegar mais cedo em casa para me ajeitar...afinal não é todo dia que uma BV tem a chance de ficar com um garoto tão fofo como Adriano...ele é do terceiro ano...as minha colegas vão morrer de inveja...nada desse ônibus chegar...E se não der tempo. Ainda tenho que criar uma desculpa pra minha mãe...o que eu vou dizer? Minha irmã tem que me ajudar. Tenho que pegar média com ela...acho que vou dar aquele blusa minha que ela tanto gosta. Será que ela me empresta aquela sandália preta dela, ia combinar perfeitamente com aquele meu vestido. Eu não to nem acreditando... é hoje... Esqueci de passar no mercado para comprar umas balinhas, soube que ajuda muito. Quando eu chegar em casa vou continuar treinando com a laranja e o gelo no copo. Tenho que chegar lá craque, para fazer bonito. Andréia ficou de passar aqui para ir comigo, afinal preciso de apoio moral. Tô tão nervosa. Será que vai dar tudo certo? Preciso falar com Deise, ela sempre diz coisas que me deixa mais calma. As meninas sempre falam para eu deixar as coisas fluírem...mas como? Essa minha ansiedade me deixa louca. Aff cheguei em casa...sete horas não acredito..como vou chegar no Iguatemi as oito horas? Vou pedir para minha prima me levar de carro...vou ligar para ela...ai meu Deus...não lembro o número...cadê meu celular?! Eita que bolsa lotada de coisa...eba achei uma balinha..se não conseguir comprar, essa ai vai me salvar...tô imaginado minha prima...ela vai tirar um sarro de mim. Vou pedir para ela me deixar na porta do shopping, assim não corro o risco de minha prima encontrar com ele e começar a falar besteira...aí vou pagar o maior mico. Esse shopping está frio... cadê as meninas... será que vou ter que encarar sozinha? Os celulares delas só andam fora de área. Vou matá-las. Ai meu Deus ele tá vindo...o que faço....vem ele...será que tô bem? Minha roupa tá legal? Eu escovei os dentes direito...aí meu hálito...minha bala...aí...ai...lá vem...lá vem. Estou parecendo uma menina da roça...calma...calma.... O “oi” saiu com muita dificuldade. Fomos direto para área verde do shopping. Pouca conversa e ele vai logo me agarrando... Hum o que é isso na minha boca. Que estranho. E agora o que faço. Vou pensar em outras coisas....ai meu Deus não consegui...quando é que vai acabar...tenho que pensar nas minhas técnicas...eu treinei tanto no gelo e na laranja... não é possível...será que ela tá percebendo que nunca beijei? E minhas mãos faço o quê com elas? Lá vem a mão boba... homens são todos iguais...não vou deixar...que absurdo...não tem respeito...plaft!! Ai meu Deus...desculpas...tenho que ir tchau...tchau..desculpas...o que foi que eu fiz...que mico..mas bem que ele mereceu..quem manda ser tão cachorro...ele deve ta morrendo de raiva de mim...eita amanhã na escola...todos vão ficar me olhando...não quero ver niguém.. amanhã não vou pra aula...droga..tenho o trabalho para entregar...se eu pudesse eu sumia pra sempre...não tenho nem onde colocar minha cara....nenhum menino vai querer ficar mais comigo...vou ficar encalhada por resto da vida...eu que não quero mais saber desses meninos idiotas. “Táaaaaaaaaaaxi Pituba por favor”.

Búuuuu.....

Por: Talita Costa

Eu tranquei o cadeado...? Tranquei... E a janelas e porta da cozinha... também. Ninguém entra. Meus celulares estão aqui. Pronto. Eu não gosto de estar sozinha em casa e ter que vim direto pra cama. Me dá um medo!!! Ter que conferir tudo e sair apagando as luzes. Tenho medo dessa escuridão toda. Tenho sempre a sensação de alguém estar me observando. Prefiro dormir no sofá. È mais fácil. No meio da noite, eu acordo e puf na cama, direto. Só acordo no outro dia. Agora eu fico aqui, prestando atenção em tudo, sem conseguir pregar o olho. O que foi isso? Qual o número da polícia, meu Deus? 190? Já vou deixar em ponto de bala aqui no celular, sei lá, vai que acontece alguma coisa. DROGA! Meu celular tá descarregado. Era só o que me faltava. Fiquei esse tempo todo no computador e nem lembrei de carregar. Agora também não adianta mais. A tomada fica longe da cama e eu não vou ter coragem de ir pegar o celular. No máximo eu cubro a cabeça e rezo se for gente morta e grito se for viva!!!! Vai ficar assim mesmo, por mim. Cadê esse sono que não aparece!!! Eu vou ficar de barriga pra cima. Tô sozinha e não tenho por quem chamar. Deitada de bruço alguém me prende na cama. Melhor não. Ainda bem que os cachorros não estão latindo, pelo menos isso. Merda! Agora é que é coisa. Esses gatos resolveram brigar todas as noites. Nessa agonia o tempo todo. A porta tá destrancada, fica mais fácil sair correndo. Daqui que eu ache a chave no meio de tanta bolsa nesse quarto. Já era!!! Também, ficar olhando para o escuro da sala, não dá. Vultos passando e barulhos estranhos é o que mais dá ali naquele breu. Ninguém consegue entrar aqui. O muro é alto. E cortaram o galho. Eu pulo a janela e grito, se alguém entra pela porta da cozinha. Ele é policial e vem logo. Que moto é essa rapaz!!! Esse barulho me dá raiva. Que moto barulhenta... O que alguém tá fazendo na rua uma hora dessas? Debaixo dessa chuva? Uma hora da manhã... De uma quarta-feira...como é que pode!!! Esses barulhinhos nojentos. Estalos. Coisas batendo. Será que é aqui? Eu morro de medo de assombração. Meu Deus, “o Senhor é meu pastor e nada me faltará!”

AVISO

PESSOAS, QUEM AINDA NÃO POSTOU OS EXERCÍCIOS DEVE FAZER ISSO ATÉ SEXTA-FEIRA. NO SÁBADO FECHAREI AS NOTAS. ENTREGO OS TRABALHOS COM AS NOTAS NA PRÓXIMA SEMANA, DURANTE UMA DAS AULAS DO PROFESSOR PÉRICLES.

Ela só queria dormir

“Vixiii” Trabalho pra terminar, texto pra ler, artigo pra entregar, se não bastasse ela ainda tem que ir para Feira de Santana levar o Reverso para a Gráfica. A leitura começa. Ih! Esse seminário amanhã . Sono. Sono. Cansaço! Essa leitura já não ta rendendo nada! A cabeça coça, o sono aperta. Não to entendendo nada! Sentada na cama, com a apostila nas mãos, seus olhos tentam se manter abertos lutando contra a vontade do restante do corpo .“Vixiii”. Eu tenho que ler isso, eu tenho que ler isso. Adorno, Horkeheimer, indústria cultural, Miguez, seminário amanhã. Eu não sei nada, esse seminário vai ser uma benção. Dia cansativo cheio de coisa pra fazer, apostila ruim. O sono aperta, ela já está deitada mas ainda resistente ao cansaço. Acordar sete amanhã, Feira, Reverso, Colling, Indústria Cultural. Já não suporta, desiste.
- Não agüentou a pressão não, Dani?
-Dá pra mim não!
Boa noite! Ela dorme.

Camila Moreira

Começar de novo

Por: Talita Costa

Como se a convidasse a levantar, o sol entra no quarto. Talita acorda cedo. Seis horas da manhã. Preguiçosamente se mantém na cama. Rola daqui e dali, sem o mínimo de vontade de levantar. Adora viajar em seus pensamentos... Sonhar acordada. Recapitular tudo que tinha programado para aquele dia, embora muitas coisas não dêem certo. Ela olha o relógio, sete horas. Com muito esforço se deixa cair para fora da cama. Espreguiça-se. Boceja. Olha no espelho. Vai ao banheiro. Adora sentar no vaso sanitário e pensar na vida. Toma banho. Não porque estivesse suja ou morrendo de calor. O sol ainda estava frio. Acostumou-se desde pequena a sempre tomar banho antes de sair pela manhã. Atenta aos horários não gosta de se atrasar. Ela gosta de ser responsável. Para ir à faculdade, não faz muito esforço. Abre a janela do quarto. O frescor da manhã anuncia um belo dia. Anima-se. Depois de se vestir, vai tomar café. Adora comer. Numa lista de cinco itens, comer seria o terceiro de suas preferências. Ela não compreende porque as pessoas fazem regime. Param de comer. Anorexia! Bulimia! Ela não entende. Alimenta sua carne. Café preto, pão com manteiga, coloca ela de pé até meio-dia. Não tem pressa. Adora comer com calma, experimentando todas as sensações possíveis. Prazer e angústia se confundem do início ao fim. Sempre usa escova de dente. Fio dental normalmente não. Nessa hora do dia não lhe sobra tempo para uma limpeza mais profunda. Tenta cumprir sua agenda. Caminho longo. Sol escaldante. E... Tempo esgotado. Outro dia atrasada na faculdade. Entra na sala. Entre a discussão do texto e as conversas paralelas com os colegas, Talita telefonema para casa. Intervalo. Às vezes nem se dá ao luxo de sair da sala. Querido diário... E mais uma tentativa frustrada de se tornar uma boa escritora. Doze horas. Hora do almoço. O típico feijão com arroz. Atrasada, come devagar. Hora de voltar à faculdade. Internet. Matérias. Vídeos. Fica nisso até as quatro da tarde. Ou seria até as cinco, caso não fosse interrompida subitamente. Aponta fraquinha. Vai levando e até acha que dá para agüentar. Nada feito. A cólica se torna insuportável e vai para casa. Chega em casa quatro e meia. Dor. Pressa. Joga tudo no sofá. Remédio. 40 gotas. Não gosta muito de tv e liga o som. Ana Carolina canta. Muito calor. Agonia. Desespero. Deita no chão frio. A dor não passa. Mais 40 gotas. A dor se tornara insuportável. Ela passa mal. Pressão abaixa. Sozinha em casa, não tem que lhe ajude. Sal debaixo da língua alivia o incômodo. Cochila um pouco. Toma banho e a dor permanece constante. Volta a deitar-se. Desliga-se de si mesma. Amanhã ela levantará as seis.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

"Último Romance"

"Último Romance"

Pode ser que não venha mais...ta cedo, ainda há tempo. Com quem será que vem? Não, bebida agora não, quero estar consciente. Chegaram. Calma clama. Ele está vindo em minha direção...estendo a mão ou levanto-me para um cumprimento formal? As pernas imóveis. O coração apertado. Não teria outro lugar melhor para ele sentar? Serei obrigada a vê-lo...toda a festa. Agora é hora de pedir uma cerveja..Nossa música tocando. O olhar dele disperso. Sei que ta pensando em mim. Cabou. 9,00 reais. Casa. Preciso falar com Ele.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Dia de grande expectativa

Por: Queila Oliveira

Nem um pouco acanhada. Louca pra chegar o grande dia. Juliana estava morrendo de vontade de dar a zuzinha, isso mesmo, seu órgão genital. A menina tinha um fogo que perdia para uma cadela no cio. Nem o corpo de bombeiros conseguia apagar esse fogo todo.
O encontro foi marcado na pracinha perto de casa. Deviam ver a empolgação da garota naquele dia, era uma mistura de medo, expectativa, felicidades e ansiedade. Três meses de namoro e o que lhe restava era torcer para tudo dar certo. Nada mais propício do que um final de semana chuvoso, um friozinho gostoso e melhor ainda, ele tinha conseguido o carro do pai.
As outras tentativas no carro não tinham dado certo. O carro era muito desconfortável. Eles resolveram que dessa vez ia ser no Plaza, o motel mais chique da cidade. Juliana lembra de como era engraçado quando o clima esquentava no carro. Um sonzinho romântico, beijinhos, carícias, e Pedro vai para cima dela com uma ânsia, que misericórdia!
- Pedro, calma!
- Você me deixa louco e agora quer calma.
- Alguém pode chegar. Juliana indaga
- Não aqui é muito escuro, não vão ver. Relaxe!!
Os dois começam a ficar ofegantes.
- Cuidado com minha blusa, você vai rasgar.
- Esse banco tá me furando.
Chupões por toda parte e Juliana cada vez mais nervosa.
- Corre, core, corre. Tem alguém vindo. Eu conheço aquele carro. Vão nos ver. Minha mãe vai me matar.
Desesperados e com medo de serem apanhados por alguém conhecido, resolvem ir embora. Depois do susto, só esperando mais um pouco para irem ao um lugar mais decente.
Sim... O dia do motel. Como já havia dito, o dia estava propício para uma noite romântica, como toda menina imagina a sua primeira vez. Juliana compra um lingerie novo, para fazer uma gracinha. Lá vão eles empolgados.
- Hoje vai. Afirma Pedro, com um sorriso de rasgar a boca.
Vão os dois em direção ao motel. Olhando para todos os lados para ver se não vem alguém e finalmente chegam ao motel. Pedem um quarto. E sem demora, lá vão eles. Chegando ao quarto, Juliana entra no banheiro para se produzir. Cada segundo para ele é uma eternidade.Até que não agüenta e resolve bater na porta.
- Já to saindo.
Nervosa ela sai do banheiro com seu lingerie novo, toda perfumada e maquiada.
Ele a pega no colo e vai direto para cama. Quando ele começa a acariciá-la, ouve um...
- ESPERA.
Já sem paciência diz:
-Afffffffff ... O que foi dessa vez?
- Nada... Eu só to um pouquinho nervosa.
- Você pode apagar a luz?
Ele na ânsia, nem levanta. Joga uma toalha no lustre.
- Pronto resolvido.
O que ele menos queria aconteceu. Foi interrompido mais uma vez. Já tava no capítulo 10 do livro de anatomia e... a toalha começa a pegar fogo, com a lâmpada muito quente.
- Corre... Levanta... Faz alguma coisa..., grita Juliana morrendo de medo de pegar fogo em tudo.
Pedro desesperado procura algo para derrubar a toalha. Para piorar a toalha cai na cama e queima o lençol também. A confusão se formou e o que lhes restavam era pegar suas coisinhas, pagar o prejuízo e ir para casa esperando o próximo grande dia. Depois de muito esforço conseguem conter o desastre.
- E agora o que vamos fazer? Pergunta Juliana.
- Éh, vamos ter que pagar o prejuízo. Só que eu não tenho dinheiro suficiente.
Juliana fica mais desesperada ainda.
- Vamos ficar presos aqui. Todo mundo vai saber.
- Calma amor. Vou conversar com a recepcionista Ele teve que pagar, além do quarto, a lâmpada queimada, os lençol, a tolha. Por não ter dinheiro para pagar todo o prejuízo, teve que penhorar algumas coisas. Só foram liberados por que a recepcionista era uma conhecida dele. Com certeza essa primeira vez foi inesquecível.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Dia que não chega

Lise Lobo

Ansiedade. Já arrumei as malas. A noite é uma eternidade. Saudades, saudades.

- Vai dormir Carol! Grita minha tia.

Já é 1 hora da manhã, e ainda é quinta, o sábado não chega. Quem dera conseguir dormir, o computador é meu refúgio. Mãe, pai, avô, irmãos, primos, tios, quero logo estar perto. O MSN me chama. Irmã, que maravilha.

- Saudades.... quero logo estar aí!!

- Calma inha...os dias passam logo.

Antes fosse, o relógio parece não sair do lugar. Tic tac, tic tac. Só barulho, mas o mesmo dia.

- Vivi e Rick tiveram aqui...foi muito massa!

- Eu sei, eles me falaram!

Ah!!como eu queria estar aí. Queria ter participado!Droga não agüento mais ficar longe de vocês. A ansiedade ta me sufocando. Merda, porque me lembrou isso, tenho raiva por estar aqui sem fazer nada e vocês aí se divertindo.

- Porque ta acordada ate essa hora?

- Ansiedade!!já arrumei até as malas!!Não vejo a hora de chegar aí!

Não me lembra não, eu quero esquecer. Ouvir música! é isso!Talvez o tempo passe.

- Eu já vou amore.....já to com sono!Sábado nos vemos!

- Ta bom! Vou tentar dormir. Beijão!Te amo!

- Também. Boa noite!

E agora? Não tem mais ninguém on-line, o jeito é fazer o que eu disse: Tentar dormir!E ver se sábado chega. Se bem que amanhã é sexta! Meu Deus....mas um longo dia de espera.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Minha aldeia

Carine Costa
Nasci cresci e vou morrer em Iritinga, esta é uma frase que eu falo com muita convicção, depois de ter passado umas férias decepcionantes em Salvador, durou apenas uma noite. Iritinga é um vilarejo do sul da Bahia, desconhecido pela maioria das pessoas. Eu sempre quis conhecer Salvador, tinha até o sonho de ir morar lá.
-Salvador é a capital do progresso, falava minha prima Cátia.
Cátia foi criada junto comigo, como se fosse minha irmã, aos 10 anos foi morar com os pais lá na capital na busca de melhores oportunidades. Sempre nas férias ela vinha para cá, ficava exaltando a cidade. Mostrava para todos que estava muito bem de vida e que tinha evoluído intelectualmente mais que todos. Eu de pronto fiquei ansiosa para conhecer o modo de vida na capital. Como minha prima nunca me convidava para casa dela, eu tive que tomar a iniciativa.
-Prima, nas minhas férias vou para sua casa.
-Mas prima, você pode não acostumar com o barulho e a agitação de Salvador.
-Tenho certeza que vou gostar.
Cátia relutou um pouco, mais por fim concordou, não conseguiu fazer nada diante da minha cara de pau.
Nas férias lá fui eu, meu coração disparou ao chegar na capital por volta das dezoito horas, no caminho para a rodoviária, olhei pela janela do ônibus e vi o shopping, fiquei admirada diante de tamanha beleza. Tudo me encantou, os carros, a praça, as pessoas, as passarelas, os vendedores, os prédios tão altos, apenas me entristeci ao ver várias crianças no semáforo pedindo esmola e limpando os pára brisas dos carros, em troca de poucas moedas ou simplesmente um obrigado. Ao desembarcar vi minha prima, abri um sorriso e fui em sua direção. Caminhamos para o ponto.
-E ai Gertrudes, como foi de viagem?
-Fui ótima, e então Cátia ,aquele é o táxi?
-Táxi? Ora essa, tá pensando o que prima? Veja se eu vou gastar dinheiro com táxi, nós vamos é de GOL- Grande Ônibus Lotado. Corre que lá vem o busão.
Minha prima me puxou pelo braço, foi uma correria, um amontoar de gente em torno da porta, um empurra- empurra geral, um queria entrar na frente do outro para achar assento.
-Cátia este ônibus está lotado, vamos esperar outro, tentava eu, espremida na porta pelo povo, convencê-la.
- Eu sei Gê, mas ônibus para periferia demora muito, e todos são cheios como este, calma que apertando sempre cabe mais um. Trouxe a passagem?
-Quanto custa?
-Dois contos.
-Eu tenho sim.
-Ótimo, vou passar junto com você, para economizar meu dinheiro.
Minha prima me espremeu na borboleta, além do sufoco, tive que ouvir os desaforos do cobrador.
-Ei vocês duas, são muito sem vergonhas heim? Tão vendo que não pode passar duas pessoas, a passagem é individual suas pilantras.
-Vai te catar, tá incomodado pague a minha, seu puxa saco de empresa. Retrucou Cátia.
Todos no ônibus assistiam aquela cena. Fiquei morta de vergonha, minha prima me empurrava, berrando atrás de mim.
- Anda lerda, tem mais gente querendo entrar.
Era quase impossível dar um passo a frente, o ônibus estava tomado de pessoas, quando eu tentava andar mais um pouco ouvia reclamações.
- Veja por onde tá pisando sua cega, olha meu pé; -empurra não, tá pensando que é quem que tá aqui? – Vê se não me leva junto, nem rasga minha roupa, vai ter dinheiro para me dar outra?
Achei um minúsculo espaço, segurei numa pontinha do ferro, disputado por muitas mãos. Cátia ficou ao meu lado. O trânsito estava congestionado. Iríamos demorar em torno de duas horas para chegarmos na periferia segundo Cátia. Enquanto isso era obrigada a escutar um barulho insuportável no fundo do ônibus. Um grupo de rapazes batucava nas cadeiras, pulavam e gritavam totalmente desafinados.
-“Vaza canhão, vaza canhão e vaza canhão”
Quando olhava em volta, percebia muitas pessoas com os rostos indiferentes a situação, estavam cansadas, outras cochilavam em pé ou sentadas. Eram trabalhadores, que ao passar o dia todo trabalhando, ainda tinham que agüentar este transtorno na volta para casa. De repente sentir algo estranho nas minhas costas, para ser mais precisa no meu bumbum. Disfarçadamente olhei para trás e me deparei com um homem barrigudo, careca e fedendo a suor. Ele estava se esfregando em mim, olhou-me com uma cara tão maliciosa que me deu nojo, eu gelei naquele momento. Cátia percebeu o caso e armou o maior barraco.
-Tá “comendo terra” em minha prima, seu velho safado, se compreenda seu ridículo, vá procurar quem te queira. Seu motorista pare na primeira delegacia ai, para essa coisa ir pro xilindró.
- Eu tô fazendo nada não moça, já tô até indo embora. Apavorado falou o homem.
O pessoal do fundão ficou aos gritos... “haê, haê, haê, pega o tio, deixa escapar não”. Eu procurei um buraco para enfiar minha cara, nunca imaginei passar tanta vergonha numa cidade que eu achava ter tanto glamour. Toda viagem foi um suplício, olhava para o vazio, minhas pernas doíam, pessoas me empurravam a todo instante, berravam.
- Motor meu ponto. Tá dormindo? É pago para quê?
Quando desci daquela bagunça, cheguei a um lugar feio, cheio de bares, muito barulho, casas amontoadas e quase nenhuma urbanização. Essa era uma Salvador que eu na conhecia, fiquei desiludida. Já estava com saudades do meu vilarejo, queria voltar.
-Seja bem vinda Gê, suas férias serão ótimas.
-Pela recepção já deu para eu vê. Prima cátia, você tinha razão, aqui não é o meu lugar, amanhã retorno para meu vilarejo, e vou de dia, porque ônibus lotado nunca mais.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Uma mente preocupada

por Daniela Oliveira


Matéria do Reverso, seminário de Realidades, seminário de Teorias da Cultura, artigo de Leandro Colling, projeto de Sérgio Matos, namorado, arrumar um emprego, férias, viagem, meus pais, dor de estômago. Todas essas idéias juntas e ao mesmo tempo, me preocupam e povoam minha mente a cada segundo do meu dia. Preciso passar em todas as matérias, tarefa quase impossível nesse semestre. Ao mesmo tempo, imagino as minhas férias e como farei para convencer meus pais de que preciso viajar e estar com meu namorado. A universidade com tantos problemas me fazem temer meu futuro. Sonhei tanto com esse curso, são dias de calor, chuva, vento, seja como for viajo todos os dias para freqüentar a universidade, e não, não é possível que tudo isso seja em vão! Imagino tantas coisas pra minha vida, sonho tanto, tanto, que às vezes tenho a impressão de que apenas me iludo e ainda vivo na era dos contos de fada, quando criança pedia a minha mãe lesse todos os dias “Cinderela”, minha história preferida. Preciso encontrar um emprego, que me permita continuar indo e voltando a Cachoeira todos os dias e ainda me permita fazer algum curso de informática a noite. Mais uma missão muito complicada! Preciso ter o mínimo de independência financeira para me sentir mais segura a tomar decisões. É muito fácil retrucar com os pais, brigar e reclamar e 5 minutos depois, ter que pedir dinheiro para ir a determinado lugar, o que torna-se quase uma permissão e que após uma briga, o NÃO, bem sonoro já é esperado. Sem dinheiro não há independência. E essa dor no estômago? Todas essas preocupações juntas só explodem na minha gastrite. Preciso parar de pensar um pouco nisso tudo e me focar em uma coisa apenas, pelo menos por esses dias: universidade. Estudar, estudar e nos intervalos? Estudar também! Para conseguir salvar pelo menos parte do meu janeiro.

Eu e minha prova oral

por Daniela Oliveira

Eu e minha turma do curso de inglês, estamos do lado de fora da sala, esperando ansiosamente nossa colega sair da prova oral e nos contar como tinha sido. Ela sai da sala e nós todos perguntamos:
- Como foi de prova? Ela te perguntou o que?
- Ela me perguntou quantos anos minha filha tinha,só me veio na cabeça “dez”, mas ela já tem 14, e eu sei lá como é 14 em inglês?
O riso é geral,nem ela se contém.
Um a um vai entrando e saindo da sala, contando mais algumas perguntas que a professora fez e quando restam apenas eu e um colega, chega minha vez. Me sinto uma verdadeira ovelha indo ao matadouro,já me dei mal em uma prova hoje,outra ruim não vou agüentar!!! (risos). Entro na sala,sento em uma cadeira em frente a Paula, minha professora, e aí começa o turbilhão de perguntas, que seriam bem simples de responder, se não fossem feitas todas ao mesmo tempo, em inglês e ainda mais eu estando tão cansada,mas vamos lá!
- Boa noite Dani, como você ta?
- cansada, muito cansada.
- Você estudou hoje?
- Sim.
- Você estuda aonde mesmo?
- Cachoeira
- Faz qual curso?
- Jornalismo
Me sinto em um verdadeiro interrogatório, essa primeira parte ela fez perguntas óbvias e de maneira devagar. Até aí tava massa, era só eu responder com respostas curtas e tudo ia acabar bem,pelo menos assim eu esperava.
- Quantos anos você tem? Mora com seus pais? Quantos anos eles tem?
- Hã? Calma, calma! (risos)
- Ok (risos)
- Eu tenho 20 anos, moro com meus pais. Meu pai tem 48 anos,minha mãe 45.
- Você tem irmãos, irmãs?
- Sim, um irmão. Nenhuma irmã
- Quantos anos ele tem?
- 24 anos
- Ele costuma pegar no seu pé?
- Não! Nunca. (risos)
- Você gosta de morar com os seus pais?
- Não.
- Por que?
- Hum...ah eu não consigo explicar o porque em inglês, não sei as palavras!
- Bem...e você pretende fazer o que depois do curso? Quer continuar morando com seus pais por mais tempo?
- Não, quando eu concluir meu curso, quero morar em outra cidade.
- Qual?
- Aracaju
- Você gosta de Aracaju?
- Sim. Meu namorado mora lá.
- Vocês namoram a quanto tempo?
- 1 ano e 9 meses.
- É um bom tempo!!
- É sim.
- Bem, Daniela, acabamos.
- Ok
Depois disso abro um rápido sorriso,mais de alívio do que de qualquer outra coisa! Levanto da cadeira, pego minha bolsa e meu caderno e olho em direção a Paula e meu colega Manassés:
- Boa noite, tchau.
- Boa noite Dani, tchau.

Lorena Souza: autêntica

por Daniela Oliveira

No primeiro momento, esta menina magra, com altura em torno de 1,50, com olhos arredondados, nariz pequeno, ela parece estar sempre de mau humor, o mundo parece estar sempre contra ela! Mas, conhecendo-a perceberá que ela é muito mais do que uma menina marrenta, é determinada, mantém convicções e crenças que ninguém é capaz de mudar. Fala do que acha certo, com tanta veemência, que causa espanto e admiração.
Negra: e tem muito orgulho em ser. Chamá-la de morena é praticamente um insulto. Traz na cabeça um cabelo naturalmente crespo, preto, amarrados em um rabo de cavalo ou trançados, mas sempre deixando a mostra todo o sangue negro que percorre cada veia do seu corpo.
Sempre de sandália rasteira e uma aparente calma ao andar “arrastando”os pés. Traz um escapulário em um dos pulsos, no outro uma fitinha do Senhor do Bomfim, fé? Aparentemente sim, mas para ter fé não é preciso ter religião. Em uma boca de lábios grossos, dentes milimetricamente do mesmo tamanho, brancos, e que em conjunto formam um belo sorriso. A qualquer hora do dia que a encontre ela estará com uma bolsa cinza nas costas, que pelo volume, não contém nada pesado. Caderno? Não, não acha necessário carregá-lo.
Brincalhona, adora tirar saro dos colegas e com os colegas. Quando se trata de futebol então, é uma torcedora corintiana insuportável, aliás tão chata se tratando de futebol, quanto qualquer um dos torcedores desse time.
Não se importa com a moda ditada por revistas e pela televisão. Uma calça jeans, com detalhes rasgados, blusa sem mangas, básica, sandálias rasteiras e está pronta para ir a qualquer lugar. Unhas curtas, arredondadas e sem esmalte.
Não faz “tipo” para agradar a ninguém. Ela é assim e quem quiser que a aceite como ela é. Se tivesse que definir sua personalidade com uma música, talvez, definiria como: “eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim”

Cliente mala

Lorena Braga

Vida de vendedora de loja é uma história. Todos os dias nós temos que agüentar todo tipo de cliente, principalmente os chatos. E é incrível como eles me marcam. Acho que vou passar a ser menos simpática, quem sabe eles me esquecem um pouco.
Não tem jeito. Meus nervos já ficam a flor da pele quando ouço uma voz fina me chamando.
- Psiu! Queridinha...
“Meus Deus! É ela de novo.” – Penso com vontade de sair correndo.
- Pois não, senhora. Em que posso ajudar? – respondo com toda aquela simpatia.
- Hoje quero um presente para um homem.
Na verdade, eu nunca sei por que ela pede minha opinião. Ela sempre sabe o que quer e por mais que a gente fale alguma coisa, ela acaba levando a opção dela.
- A senhora já pensou em alguma coisa? – pergunto tendo certeza da resposta.
- Olha aquela canequinha! Não é uma linda lembrança?
- Mas senhora... Não é muito feminino, não? – perguntei meio no automático. Era para eu ter dito: “É perfeita!”. E ela ia embora rapidinho. Eu e minha boca...
- Eu aceito idéias. Pode falar.
Eu sabia que ela ia fazer isso. Então vou eu passeando pela loja, mostrando todas as opções de presentes: agendas, canetas, chaveiros... Coisas que eu achava que era melhor do que uma canequinha com dizeres super fofos.
- Que tal uma agenda? – comecei.
- Ele já tem.
- Ou uma caneta?
- Caneta??? Faça-me o favor, minha querida.
Nessa hora juro que quase me descontrolei.
- Quantos anos ele tem? – perguntei para ver se me surgia outra idéia.
- Acho que tem uns 40.
- Pode ser um chaveiro personalizado.
- Hum... Não!
- Tem algum valor máximo?
- Não se preocupe. Quero um presente bom.
- A senhora poderia dar um perfume.
-Que nada minha filha! Ele tem muito dinheiro! Que compre!
Fiquei indignada. Ela queria dar um presente ou não?
- Sabe... Eu gostei mesmo da canequinha.
Começou. Agora ela vai tentar me convencer de que a bendita canequinha é uma ótima opção.
- A senhora pode levar a caneca como complemento, já que disse que queria um presente melhor.
- Resolvi!
Nesse momento quase gritei um “Aleluia!”.
- Então o que vamos fazer?
- Quero só a caneca!
- Só a caneca???? – perguntei desolada.
- Sim. Não sei se ele merece mais que isso.
Filha da mãe! Isso no mínimo é para fazer média com alguém e não quer gastar praticamente nada.
Pois sim. Ela levou só a caneca e ainda me fez embalar para presente em um papel cheio de corações.
O valor? Ah sim... O valor!!
- Sua conta deu R$2,50, senhora!
- Aqui está. Obrigada, você foi um amor!
Como diz o ditado: “A gente ganha pouco mas se diverte”.
Peraê... Se diverte o caramba!!!


A menina só sorrisos

Lorena Braga

Uma baixinha com pele da cor típica da Bahia (morena!), olhos pequenos castanhos brilhantes que transmitem carinho, cabelo na altura dos ombros que recebem um cuidado todo especial da dona e o maior sorriso do mundo.
A delicadeza, a vaidade e o bom gosto são notados pelo seu jeito de vestir sempre bem comportado (até demais muitas vezes!). Sempre de jeans, camiseta básica, sandália rasteira, brincos pequenos e uma bolsa de palha super charmosa, que é sua amiga inseparável, se acha de tudo dentro dela. Apesar da vaidade, nunca a percebi usando maquiagem.
Sempre com um caderno rosa e lilás nos braços. Isso demonstra certa dedicação, mas não a preguiça que tem de escrever.
Sempre atenta, lança um olhar discreto sobre as pessoas e coisas. Voz num tom mediano e quando faz algum comentário... nunca acha que alguém ouviu.
O bom humor faz dela uma pequena notável. Sempre sorridente, acaba conquistando a todos. Assume seu lugar em nossas vidas e o preenche de felicidade.
Uma alegria imensurável, gargalhada contagiante, ternura no olhar e nas palavras usadas sempre no momento certo e um sorriso aconchegante.
Ela pode ser traduzida em apenas uma palavra: SORRISO!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A mais nova morena do CAHL

Carine Costa
A menininha mudou o visual, mas continuou com o mesmo jeitinho meigo de todos os dias. Os cabelos são longos e lisos, ops! Agora estão mais lisos devido à escova e a chapinha, atualmente o tom é preto, antes eram castanhos escuros com as pontas mais claras. Essa garota tem um lindo sorriso, dentes perfeitos (valeu apena os anos de incomodo com o aparelho), possuem apenas uma restauração. Pele branca, realçada mais ainda com a nova cor dos cabelos. Ela tem estatura mediana, é magra, gosta de roupas básicas, hoje está usando calça jeans, blusa verde e detalhes prata com decote na parte da frente e também nas costas, usa brincos pequenos, a bolsa que se encontra sobre a mesa é marrom com duas bonequinhas coloridas como chaveiro, usa base nas unhas das mãos e dos pés, por falar neles ela está calçando uma sandália dourada sem salto.
Ela tem um nariz arrebitado, lábios finos, sobrancelhas cheias mais estão bem feitas por isso o volume está diminuído. Os olhos são pretos, o que reforça o olhar, aliás, quando ela fala fixa sempre o olhar em seu receptor. A fala é suave, e baixa. No dedo nota-se uma aliança, isso demonstra o firme compromisso de 6 anos que ela me confidenciou.
Ela neste momento está escrevendo, mão esquerda na cabeça, o caderno é rosa, a borracha também, pelo jeito ela é adepta do pink. Está pensativa, em uma distração ela pára, olha em minha direção e sorrir. Concluo que ela mudou, porém foi somente o visual, pois a meiguice continua a mesma.

Emancipação

Carine Costa
Minha vida começa a mudar. Quantos anos tenho? Quanta responsabilidade, ora, mas também são muitas as conquistas... Enfim está chegando o grande dia, vou em direção ao altar, sonhos de muitas mulheres românticas como eu. Repulsa de tantas outras, mais liberais e modernas.
Qual a minha reflexão sobre esta nova trajetória? Ah! Estou emagrecendo, também só eu resolvo tudo.
- Vamos bem, você tem que me ajudar, não deixe tudo nas minhas costas.
E o dinheiro? É só gasto por cima de gasto. Cadê meus presentes? Ah meu apartamento como está lindo, sim é verdade que é pequeno, mas foi comprado com muito esforço, para inicio de uma nova vida está bom. Depois vêm mais mudanças, melhor é um dia após o outro. Afinal nem sei o dia de amanhã, o melhor é eu relaxar.
Está chegando o dia, ai, os dias estão passando tão rápido, meu coração dispara ao ouvir a palavra casamento. Estou com o rosto cansado, durmo cansada e acordo exausta. Mais sei que vai ser boa esta minha nova vida... Assim espero.
Nossa estou uma princesa dentro deste vestido, branco, as pedras brilhantes ressaltam a beleza, tem grande volume, olha a cauda como é enorme, fica como um tapete no chão, pior que sou tão miudinha, com meus 1,50 quase sumo nele. As palavras faltam neste momento, sinto algo vindo do meu interior para externar a sensação que estou sentindo, é uma lagrima tímida mais incontrolável, vem devagar mais com grande força, desce em minha face, mistura-se com meu sorriso. Grande emoção, ai meu Deus! Como irei controlar outras tantas lagrimas como estas naquele lindo dia, da realização do meu sonho? Como eu disse melhor não pensar, nada como um dia após o outro, afinal como diria Fernando Pessoa “tudo vale a pena, se alma não é pequena”.

Noite

Daiane Dória
"Erros são no final das contas, fundamentos da verdade". Li isso uma vez, não lembro bem quem disse. Porquê? Porque lembrar disso agora? Erros. Parecem que me perseguem. Entro numa rua, dobro uma esquina... e lá estão eles. Eu cometo. Cometo muitos deles e depois... o que fazer? Desculpas, desculpas, desculpas. Erro e depois... arrependimento, culpas, desculpas, perdão. Perdoa??? Perdão rápido, com rancores breves. Preciso cometê-los de novo. E então é isso. Não, não é isso, ele diria. Madura. Imatura. Errante. Culpa. Desculpas. Amor e perdão. Sentença: culpada. Braços e abraços e indiferença. Cansaço. Limite. Insisto e nada. Não estou aqui? Ele resiste. Tudo pelo seus pensamentos. Amor, perdão? Noite longa, o tempo não passa e eu insisto. Braços, pernas e abraços sem êxito. Sono vem sono vem sono vem sono, e sonho, e acordo e... nada. E era verdade, é verdade. Ele está acordado, sei que está. Carinho, indiferença. Abraço, indiferença. Inquietação e orgulho. E o orgulho passa. Acabo de assumir para mim os erros que já são meus. E tento, tento, abrço e nada. Sono vem sono vem sono. Arrependimento e manhã. Dia. Bom dia! (áspero). Resposta seca: Bom dia! (dói ouvir). Verdade. Conversas. Beijo. Desculpas e perdão. E amor.

domingo, 30 de novembro de 2008

Fim de festa

Fim de festa
Eu, minha irmã e mais duas primas resolvemos ir a um showzinho. Diga-se de passagem, de ingresso caro e que no final das contas não foi muito bom.
Somos quatro mulheres “lisas” que saímos com uma cota de dinheiro pra beber e o que sobrasse, ou melhor, o que tinha que sobrar, seria pra voltarmos para casa com um meio de transporte que até os últimos 20 minutos do final da festa não sabíamos o qual seria...

-Vamos?
-Vamo! Onde será que tem um táxi?
-Um táxi daqui até em casa deve ser caro!

Minha irmã vem em minha direção com seu namoradinho.

-E ai vocês vão pra casa de que? Pergunta o namoradinho de minha irmã.
-De táxi. Responde alguém que tava conosco.
-Meu amigo ta de carro, vocês querem uma carona?

Olho para o lado a procura do tal do amigo dele, vejo um sujeito de estatura mediana, cambaleando com uma latinha de cerveja na mão. Os olhos “trocados”.

-Vamo! Eu deixo vocês em casa.

Pensei duas vezes, mas quando olhei para o lado, minha prima Lívia que não pensou nem por um minuto, já estava acomodada dentro do carro. “Vamos economizar dinheiro!” diria ela. Então entramos todos no carro.

- Coloca Fantasmão ai! Eu que já não estava em sã consciência, fiz esta solicitação.

Quando ele entrou no asfalto comecei a fazer uma prece, não só eu, mas minhas primas e minha irmã. Ah, o namoradinho dela também...

“Ai, Deus nos proteja!” Pensei.

“Se acontece alguma coisa minha mãe me mata.” Era o que eu lia nas expressões de Amana.
- Ai, será que o que economizaremos vale nossas vidas? Momento de reflexão de Lívia.

Estávamos todos na maior tensão. Minha irmã me olhava como que queria dizer: “calma calma. Vai acabar tudo bem. Mas, se acontecer algo a culpa é de Lívia que entro no carro primeiro”.

Ao longe avistamos um viaduto

- Ai meu Deus, é agora! Fechei os olhos. Seja o que Deus quiser...

Como num flash o “nosso motorista” subiu com tudo o viaduto, com uma velocidade absurda.

“Aaaahhhhhhhhhhhhhh!!!!!” Gritamos todos mentalmente, espremendo-nos no banco do carro.

Como num piscar de olhos estávamos em casa. O cara depois que nos deixou, saiu rasgando avenida a dentro. Nós, paralisados, nos olhamos sem dizer nada e Lívia como num desabafo:

- Essa foi por pouco!

Um cara legal

Um cara legal
Cabelos pretos de um liso grosso, pele clara, uma voz nem muito fina nem muito grossa que sempre ecoa pela sala com seus comentários. Ele fala muito e alto que é uma beleza.
Sempre de bermuda, tênis e blusa, leva nas costas uma mochila preta (aquelas que todo estudante de graduação tem, que geralmente ganha-se em eventos) onde carrega um caderno enorme. A turma toda supõem que aquele caderno será para todo semestre, só pode ser!.
Tem um estilo roqueiro, até porque gosta de rock; quando entra na sala faz um gesto de hang lose para turma. Onde ele entra saúda a todos e dar sempre aquele oi individualmente para que já conhece a mais tempo.
Ele pode ser adjetivado de um cara legal, pois esta sempre disposto a ajudar, mesmo com uma vida louca de dois cursos acadêmicos e no bate- volta Feira/Cachoeira que vive. O seu humor é incrível, parece estar sempre alegre, mesmo com essa dinâmica estressante.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Pauta de: Casarão Mal - Assombrado

Um casarão antigo da cidade de Cachoeira é conhecido pelos habitantes por ser mal-assombrado. O objetivo desta matéria é colher algumas dessas histórias, e aborda-las de maneira interessante para o leitor. A idéia inicial é apresentar o texto por um terceiro ângulo de observação. Analisar como o sobrenatural se comporta na presença do “natural”.
Descrições, diálogos e fluxo de consciência serão utilizados na produção da matéria.

Camila Moreira

Pauta de: Um dia no Hospital de Cachoeira

O objetivo da matéria é observar o dia de um paciente no Hospital de Cachoeira. Analisar quais são as condições hospitalares, quanto tempo o paciente espera na fila, higiene do hospital, qualidade do atendimento, qualidade do atendimento, e o que ocorrer.
Seria interessante também, se houver a possibilidade, o repórter acompanhar o paciente na consulta ao médico para que o dia no hospital seja totalmente caracterizado.
Como a matéria deve seguir o estilo literário aspectos como as sensações transmitidas pelo ambiente devem ser incluídas, assim como a descrição do espaço e das pessoas.

Camila Moreira

A feira livre

A feira livre é um ambiente bastante frequentado e desperta em muitos uma sensação diferente.
Numa mistura de vendedores de frutas, verduras, roupas e outros artigos, a feira livre cria muitas vezes a sensação de estar em um ambiente paralelo.
A pauta sujere que selam entrevistados alguns vendedores e pessoas que frequentam o local. Para a elaboração da matéria pretende-se usar descrições de pessoas e ambientes, diálogos, narração e outros recursos que forem necessárioa à elaboreção da matéria.

Daiane Dória

Pauta -Violência Urbana

Patrícia Neves

Escreverei conto baseado nos dois últimos assassinatos que houveram em Cruz das Almas e nos poemas do Artista Nelson Magalhães, que tem como tema a violência urbana . Buscarei informações, porém o conto será junção do real com o fictício.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Galera!!!
As matérias e as fotos com legenda da última edição do jornal, devem ser entregues no dia 03 de dezembro.

Os editores.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Certo dia na 25

Por Sandrine Souza

Depois de vinhos e cervejas regados ao cansaço das desilusões, ela não quer ver ninguém. Até queria em algum momento daquele dia, mas agora não mais. Tentou fumar o mundo nos tragos do cigarro para sentir-se mais forte na tentativa de desafiá-lo. Conversava putarias com amigos de bar, mas a vontade era de se enterrar em algum canto escondido e escuro. A putaria rolava...
O Gogoboy conta de surubas vividas com muitas mulheres, homens e direito a chupadas voadoras. Bibi também entra na conversa com um ar de riso insinuante e irônico: - Da próxima vez me convida?
O Gogoboy fica sem graça com a pergunta. Mas, não deixa de mostrar simpatia. Logo envereda com outro assunto: - Vocês já tiveram orgasmos múltiplos? - referindo-se às mulheres da mesa com cara de insinuação.
O Superego, que parecia estar desinibido neste dia, disse que sim com empolgação de quem relembrava aquele momento: durante o sexo e de outras formas também.
Sempre contida, a Menina Mulher, naquele dia com ar de empolgação, disse não.
Ela, a outra, preferiu não se pronunciar até lhe dirigiram a palavra, quando respondeu “depende”, com olhar desconcertado. Tenta se reservar de uma conversa com alguns ainda não tão íntimos assim. Ela também não queria muito papo.
A Menina Mulher investe no assunto e volta atrás na resposta: - Há... depende também. No sexo não, mas já de outras formas.
O papo e o clima esquentam a cada gole de cerveja. As línguas rolavam soltas falando de desejos e de experiências excêntricas. Aos poucos o álcool faz ela se sentir à vontade e falar. Ela confirma que também já teve.
Bibi fala de sexo oral: - Tem gente que pensa que meu pau é picolé, fica só lambendo. Eu digo logo “Chupa porra”! - Todos riram.
O Gogoboy não perde a oportunidade para falar das habilidades de sua língua estranha, que se dobra e faz movimentos inimagináveis.
O Superego comenta sua falta de sexo e anuncia que a qualquer momento sobe pelas paredes: - São seis meses sem... Seis meses!!! - fala tentando fazer graça das próprias verdades, ou tentando mostrar uma inverdade fajuta na sua verdade. Bibi propôs ajudá-la, depois, lembra do impedimento de um compromisso. Superego insiste. Bibi diz não.
Bibi se empolgou e propõe uma suruba: em um lugar com piscina, homem com homem, mulher com mulher e homem com mulher, fazendo muita putaria com quem tivesse vontade. Alguns toparam; o Superego não. No balneário? Talvez.
Quase que sem se fazer notar Ele chega com ar de que o mundo gira a seu redor, com aqueles olhos negros e fortes que convidam ao sexo - esperemos um pouco. Ele não se pronunciava, apenas olhava como um felino que fareja o terreno. De repente um convite com olhar firme, que emana chamas ardentes...
Ele: - vamos para sua casa?
Ela já estava excitada.
Eles foram.

Fluxo de consciência

Pessoas lindas. Chegamos no nosso último exercício: fluxo de consciência.

Primeiro leia as dicas em http://www.pucrs.br/gpt/fluxo.php

Depois crie um fluxo de alguém que vc conhece muito bem, em uma determinada situação. Por isso, use também um pouco de descrição, narração e diálogo.

Bom trabalho.

Leandro



PS: até o final do semestre irei ler todos os textos e tecer lindos comentários, podem esperar.

Coração dividido

- Eu não vou! Se você quiser, vá sozinho.
- Mas amor, você vai mesmo passar nosso 1º aniversário de casamento longe de mim?

Gustavo era um cara super romântico, daqueles que toda mulher sonha em conhecer. E Luísa sabia muito bem disso, tanto é que casou com ele, passando na frente de muitas outras concorrentes. Mas Gustavo tinha um problema, e que ela não suportava: o Fluminense.

- Eu não passei 364 dias do ano esperando por hoje pra você não querer nem sair comigo!
- Mas eu quero sair com você sim, vamo comigo meu bem...
- Onde já se viu comemorar uma data como esta num estádio de futebol, ainda por cima com o nome de ‘Laranjeiras’! Você costumava ser mais romântico, Gustavo...

Esse era o impasse. No mesmo dia do primeiro aniversário de casamento de Gustavo e Luísa, jogariam Fluminense e Botafogo pela final do Campeonato Carioca, jogo que nenhum torcedor de verdade seria capaz de perder. Ainda mais quem morava no Rio de Janeiro. Esse era o tipo de partida que pessoas do Brasil inteiro assistiriam, e Gustavo estava tão perto...

- Amor, você lembra quando me prometeu que não ia mais implicar com meu time? Olha só o que você ta fazendo agora... Seja mais compreensiva, xuxu...
- Mas aí você já quer demais né? Eu não impliquei quando deixamos de ir à formatura do meu sobrinho pra você assistir Fluminense x América RJ, não impliquei quando não fomos no aniversário da de 100 anos da minha avó pra você ver Fluminense x Vasco...
- Aquilo foi um clássico!
- Que seja! Não impliquei nem quando mudamos o domingo do batizado do nosso filho pra você ver Fluminense x Resende, mas aí já ta demais né? Você escolhe: ou o Fluminense ou eu!

Era o que ele temia. Estava numa sinuca-de-bico, num fogo cruzado. E não sabia como resolver a questão.

- Amor, você ta de cabeça quente, ta falando até besteira já.
- Besteira? Acho que isso foi a coisa mais séria que eu já falei na minha vida desde o ‘sim’ para o padre no dia do nosso casamento!
- Mas amor, aí já é covardia!
- Eu sabia! Sabia que você não gostava tanto assim de mim! Pra mim já chega, eu é que não fico mais aqui!

E quando ela já estava prestes à sair, eis que Gustavo teve a idéia que o tiraria desse aperto, com certeza.

- Espera meu bem!
- O que foi desse vez?
- Vamo fazer o seguinte? Vamos nós dois pra o jogo, e depois nós saímos prao lugar que você quiser!
- Eu ir pro jogo também? Depois a gente vai pra qualquer lugar? Que eu quiser mesmo?
- Claro meu bem, você sabe que faço tudo por você...
- Ah, não sei... Aquele bando de gente gritando e pulando e xingando...
- Você vai estar comigo, meu amor, eu te protejo...
- A depois a gente pode ir pra aquele restaurante chiquerérrimo que abriu naquele bairro nobre?
- Vamos pra onde você quiser, xuxu...
- Já que é assim...
- Eu sabia que você não iria estragar nosso aniversário de casamento, minha princesa! Por isso que eu te amo!

E assim foram os dois ao Estádio das Laranjeiras e viram o Fluminense derrotar o Botafogo por 3x0 numa final super empolgante. Mas o importante mesmo foi que Gustavo salvou seu casamento e seguiria com suas paixões juntas por toda a vida.