terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Começar de novo

Por: Talita Costa

Como se a convidasse a levantar, o sol entra no quarto. Talita acorda cedo. Seis horas da manhã. Preguiçosamente se mantém na cama. Rola daqui e dali, sem o mínimo de vontade de levantar. Adora viajar em seus pensamentos... Sonhar acordada. Recapitular tudo que tinha programado para aquele dia, embora muitas coisas não dêem certo. Ela olha o relógio, sete horas. Com muito esforço se deixa cair para fora da cama. Espreguiça-se. Boceja. Olha no espelho. Vai ao banheiro. Adora sentar no vaso sanitário e pensar na vida. Toma banho. Não porque estivesse suja ou morrendo de calor. O sol ainda estava frio. Acostumou-se desde pequena a sempre tomar banho antes de sair pela manhã. Atenta aos horários não gosta de se atrasar. Ela gosta de ser responsável. Para ir à faculdade, não faz muito esforço. Abre a janela do quarto. O frescor da manhã anuncia um belo dia. Anima-se. Depois de se vestir, vai tomar café. Adora comer. Numa lista de cinco itens, comer seria o terceiro de suas preferências. Ela não compreende porque as pessoas fazem regime. Param de comer. Anorexia! Bulimia! Ela não entende. Alimenta sua carne. Café preto, pão com manteiga, coloca ela de pé até meio-dia. Não tem pressa. Adora comer com calma, experimentando todas as sensações possíveis. Prazer e angústia se confundem do início ao fim. Sempre usa escova de dente. Fio dental normalmente não. Nessa hora do dia não lhe sobra tempo para uma limpeza mais profunda. Tenta cumprir sua agenda. Caminho longo. Sol escaldante. E... Tempo esgotado. Outro dia atrasada na faculdade. Entra na sala. Entre a discussão do texto e as conversas paralelas com os colegas, Talita telefonema para casa. Intervalo. Às vezes nem se dá ao luxo de sair da sala. Querido diário... E mais uma tentativa frustrada de se tornar uma boa escritora. Doze horas. Hora do almoço. O típico feijão com arroz. Atrasada, come devagar. Hora de voltar à faculdade. Internet. Matérias. Vídeos. Fica nisso até as quatro da tarde. Ou seria até as cinco, caso não fosse interrompida subitamente. Aponta fraquinha. Vai levando e até acha que dá para agüentar. Nada feito. A cólica se torna insuportável e vai para casa. Chega em casa quatro e meia. Dor. Pressa. Joga tudo no sofá. Remédio. 40 gotas. Não gosta muito de tv e liga o som. Ana Carolina canta. Muito calor. Agonia. Desespero. Deita no chão frio. A dor não passa. Mais 40 gotas. A dor se tornara insuportável. Ela passa mal. Pressão abaixa. Sozinha em casa, não tem que lhe ajude. Sal debaixo da língua alivia o incômodo. Cochila um pouco. Toma banho e a dor permanece constante. Volta a deitar-se. Desliga-se de si mesma. Amanhã ela levantará as seis.

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