sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ela tem todos os defeitos

Quem mais poderia ser certinha demais, romântica demais, sentimental demais e vaidosa ao extremo? Seus cabelos pretos sempre estão impecavelmente bem arrumados, mesmo quando ela não dá aquela passada básica no salão de beleza. Não chega a ser narcisista, porem acho que ela mantém um relacionamento secreto com seu espelho, no dia que ela não sacar ele da bolsa e dá aquela olhada no seu visu, é por que algo grave aconteceu. Quando temos aula pela manha é quase que automático: ela põe seus óculos escuros que escondem ou aquela tremenda olheira de uma noite mal dormida ou então seus belos olhos negros, fico com a segunda. Sua tez café-com-leite (foi a primeira coisa que me veio a cabeça), esta sempre coberta por um conjunto bem básico, às vezes ela joga um vestido e coisa e tal, mas em Cachoeira não cabe o luxo. É um calor danado! O que mais me surpreende é o que ela carrega: é aquele caderno da Môranguinho (ela vai saber o motivo no acento!) cheirando a produtos femininos que certamente ela usa e traz consigo para a qualquer momento formar o quarteto fantástico: ela, seus brilhos labiais, seu espelho (sempre ele) e seu caderno cor de rosa, certa vez quando ela pediu que eu segurasse seus materiais (entre eles estava esse caderno) eu comentei o meu apreço (aqui vai um tom irônico) sobre essa cor. Agora me responda o porquê desse caderno, logo essa personagem? Se bem que eu acho que tem um pouquinho a ver com ela. Sua estatura que é inversamente proporcional a sua falta de confiança. Ô menina insegura! Por que ela pensa tanto no que os professores vão achar dos seus trabalhos, dos seus textos? Por que ela convive tanto com esses fantasmas. Apesar desses pouquíssimos defeitos, claro em uma visão masculina (vá falar para uma mulher, as que vivem o século XXI que elas não precisam se arrumar tanto! e ela nem precisa disso tudo, não é feia, muito pelo contrário), ela às vezes passa quase por imperceptível (não quero dizer que seja insignificante, longe de mim, mas ela é um pouco tímida, quieta, sei lá...). Ela não é muito quente, nem muito fria. Esta na temperatura ambiente, nem gosta de fortes emoções, tampouco de viver na mesmice. Ela é um meio termo. E tem qualidades, lógico: ser minha amiga, e uma fina leitora de Jorge Amado e Pablo Neruda, isso foi o que consegui descobrir em quase dois anos de convívio, anos que tambem nem me permitem escrever isso, mas quando encontrar com ela, espero que ela tenha lido essa descrição, tenho cartas na manga, descuspas. Afinal ela sabe que o problema não esta em temperamento, em seus defeitos (se é que o que citei for isso) ou em suas qualidades. Ela é esse mosaico mesmo. Como todas as mulheres difíceis de compreender, ou até de decrever também. Tem dias que ela acaba de chegar na universidade, depois de uma hora de viagem, às vezes ela vem dormindo e diz:
- Tô doida para ir pra casa!
- DANI-se o mundo – penso eu.
Que preguiça! E olha que eu me esqueci de citar isso.
Hamurabi Dias

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