segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Cidade

Cachoeira em cena

Por quase dois meses, cidade serviu de cenário para série portuguesa Equador

Patrícia Neves e Calila Oliveira

A cidade da Cachoeira teve sua rotina mudada entre os meses de julho e agosto devido às gravações da série portuguesa Equador, baseada no best-seller do escritor português Miguel de Sousa Tavares, que vendeu 200 mil exemplares no Brasil. Cachoeira foi a cidade mais propícia a tornar-se cenário devido à sua arquitetura barroca do início do século XIX.
A história se passa em 1905 e conta as desavenças de um triângulo amoroso entre o boêmio Luís Bernardo (Luis Filipe Duarte), David Lloyd Jameson (João Ricardo) e sua esposa Ann, vivida pela atriz portuguesa Maria João Bastos, que já realizou trabalhos no Brasil nas novelas O Clone, Sabor da Paixão e Sitio do Pica-Pau Amarelo, todos na Rede Globo.
Na trama Equador, Luís Bernardo recebe um chamado do rei português dom Carlos para uma missão patriótica: ser governador de São Tomé e Príncipe e se ocupar das relações diplomáticas com o cônsul David Lloyd Jameson - que a Inglaterra mandara para “vigiar” os portugueses devido à divergência sobre a escravidão. Incrédulo, passa a acreditar no amor quando conhece a esposa de David, Ann, com quem vive um romance secreto.
Produzida pela TVI, canal de maior audiência em Portugal, “Equador é a mais importante produção feita por uma TV portuguesa”, segundo Sérgio Baptista, coordenador de produção da série. A princípio, a série não está prevista para ser exibida no Brasil.
FILMAGENS - Dos 26 capítulos, 70% foram filmados em Cachoeira e em algumas fazendas da região, os outros 30% foram gravados em cidades como Valença, no Rio de Janeiro, e Itacaré, na Bahia. Também foram feitas gravações na Índia e em Portugal. Segundo Sérgio Baptista, a escolha da cidade cachoeirana foi feita após serem confirmadas as dificuldades de filmar nas ilhas de São Tomé e Príncipe, na África, onde se passa a história do livro. “Faltava desde lugar para hospedagem até animais como galinha e cavalo”, complementa o coordenador.
Para a produção na cidade, alguns locais ganharam uma nova roupagem, muitas casas e estabelecimentos comerciais foram alugados e passaram por pequenas reformas, além da utilização de várias peças cenográficas.
PARTICIPAÇÃO POPULAR - Nilza Vieira Mateus, aposentada, 74 anos, ficou satisfeita em alugar seu imóvel que serviu de casa para uma modista. “Moro sozinha com meu filho e quase não uso essa sala. Aluguei também um móvel antigo. Com o dinheiro do aluguel, dá para fazer umas boas compras”, anima-se a dona de casa.
Cerca de 300 pessoas, entre atores, técnicos, produtores e câmeras lotaram os poucos hotéis e pousadas da cidade. Segundo Daniel Santana, atendente da Pousada do Convento, o local ficou com 100% de ocupação. Para Cleide Conceição, que trabalha na lanchonete Vieira, o movimento foi muito bom. “Eles ficaram no hotel daqui e consumiam bastante aqui na lanchonete”, diz a atendente.
O trânsito ficou caótico, pois grande parte das filmagens foi ao ar livre. “Foi complicado para transitar pela cidade, mas é bom ver Cachoeira participando de uma coisa dessas”, diz Marcos Freitas, morador da cidade. A produção também contou com cerca de mil figurantes locais que se revezavam durante as gravações.
A população e os visitantes foram aos poucos se familiarizando. Em pouco tempo, cada visitante já tinha seu lugar preferido para jantar ou apenas sentar e olhar o movimento da cidade. No final de semana, atores, produtores e moradores da cidade se encontravam numa festa dance promovida por algumas pessoas que trabalhavam na produção.
João Lourenço, diretor financeiro da TVI, não quis dar informações sobre o custo da produção. “Não podemos revelar o quanto gastamos” diz ele.
Cachoeira já serviu de cenário para outras produções, como os filmes Jubiabá (1987), de Nelson Pereira dos Santos, e Cidade Baixa (2005), de Sérgio Machado, com os baianos Wagner Moura e Lázaro Ramos.

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