segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Cultura

Falta de interesse ou falha de comunicação

Alguns moradores de Cachoeira pouco sabem sobre o Centro de Cultura e Arte de Cachoeira

Lise Lobo

O Centro de Cultura e Arte, situado na Rua Ana Néri, no centro histórico da cidade de Cachoeira, funciona em um prédio pertencente à prefeitura, sede da Secretaria de Cultura, e ainda divide espaço com o restaurante Maktub, a Associação dos Artistas e Animadores Culturais de Cachoeira (AAACC), o Instituto Mauá e a Associação Muleki é Tu.
Alguns moradores da cidade não possuem noção de como funciona a Casa da Cultura. Raimundo Souza Brito, 52 anos, aposentado, diz saber pouco do centro: “Eu acho que lá tem aulas de capoeira e o que eu sei, às vezes, é sobre eventos já ocorridos, quando saem em alguns jornais”, diz ele.
A desinformação decorre da falta de interesse da população, mas também de necessidade de uma melhor comunicação do centro para com os habitantes da cidade. “Já passei várias vezes pela porta, mas nunca tive a curiosidade de entrar e conhecer”, diz Célia Souza, 21 anos, estudante. Juliana de Oliveira Santos, 22 anos, aluna do curso de história, diz já ter ouvido falar da existência da casa, mas não recebe nenhuma informação.
È perceptível a falta de organização no local onde estão inseridas as atividades. Não fica definido quem é o verdadeiro responsável pelo prédio que pertence à Secretaria de Cultura, mas também é administrado pela AAACC.
RESTAURANTE – O Maktub é o único que paga um valor (R$ 500) para ocupar o espaço. O dinheiro é repassado à Secretaria de Cultura e desta para a AAACC, como uma ajuda para manutenção da associação. A AAACC é uma organização não-governamental, que possui 21 anos e se dedica a promover a cultura com a produção artística local. Atualmente, possui cerca de 200 associados mas, segundo Roni Bom, vice-presidente, a maioria não se dedica nem participa da organização. Ela está no Centro de Cultura e Arte desde 2005 e tem como presidente Fábio Batista. Perguntado pela situação atual da AAACC, Roni Bom afirma que não fizeram nada desde que se encontram instalados no prédio e que estão em processo de organização, como também em fase de amadurecimento quanto aos projetos. Em relação aos problemas enfrentados, diz ter superado um dos maiores, que seria o espaço físico, e que hoje só sofre com desequilíbrios internos e a falta de equipamentos, como computadores, linha telefônica, entre outros.
A Associação Muleki é Tu conseguiu a concessão do espaço da AAACC. É também uma organização não-governamental sem fins lucrativos e possui o objetivo de trazer para as crianças e adolescentes o contato com a arte e a cultura, a exemplo da capoeira. A organização oferece diversas oficinas, como a de pintura, xilogravura, percussão, confecção de berimbau, entre outras.
Todos os professores são voluntários e muitas vezes são eles quem pagam os materiais utilizados nos cursos. Segundo Cecília Geneviéve, uma das professoras, a falta de materiais é um dos maiores problemas. Por mais que existam alguns colaboradores, os recursos ainda são insuficientes. Ela ressalta que a motivação e vontade de continuar vem da paixão pelo projeto. “Eu tenho vontade de parar de trabalhar na academia e me dedicar totalmente ao Muleki é Tu, mas, como vou pagar minhas contas?”.
O Instituto Mauá - órgão vinculado à Secretaria de Educação, é mantido pela prefeitura, que cedeu o espaço no Centro de Cultura e Arte e que também paga os professores, funcionários e outras contas. “De Mauá aqui só tem o nome, pois não arca com nada, a prefeitura é quem paga tudo,” afirma Terezinha Borges dos Santos, professora da instituição. O instituto oferece cursos gratuitos de corte e costura, bordado, crochê, pintura e artesanato em geral.
O Mauá de Cachoeira trabalha com base na proposta de promover a produção artesanal local, tornando as pessoas capacitadas para trabalhar e ganhar o seu próprio dinheiro, além de ajudar na preservação das tradições culturais do artesanato. Segundo Terezinha, esse ano a procura pelos cursos foi grande. Noventa e quatro alunos estão matriculados, distribuídos nos turnos da manhã e da tarde. Geralmente, utilizam a rádio para divulgação dos cursos. Os alunos pagam apenas um valor único de R$ 5 na matrícula e precisam levar todo material que irão utilizar. Tudo o que eles produzem fica em poder dos próprios alunos.

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