segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Cartel político

Política

Para quem não acredita que os opostos se atraem, Lú e Raimundo unidos até na concorrência

Danielle Souza e Queila Oliveira

Tudo começou em clima de euforia. A população vibrava a cada pronunciamento do candidato Luiz Araújo (PT), mais conhecido como Lú, e se entusiasmava a cada afirmação de Raimundo Leite (PR). No início nem parecia ser um debate político, e sim um comício eleitoral, onde os candidatos presentes haviam se juntado para expor propostas, deixando a impressão de união, chegando até a pousar abraçados para fotos. Gritos e vaias tomam conta do auditório no momento em que a mediadora, Sandrine Souza, justifica a ausência do prefeito, Fernando Pereira, o Tato (PMDB). Revoltada, a platéia não aceitou a justificativa. “Devido a compromissos assumidos anteriormente não será possível comparecer ao debate”.
A iniciativa tomada pelos alunos do Jornal Reverso em promover o debate político, que ocorreu no dia 11 de setembro de 2008, no auditório do Colégio Estadual da Cachoeira (CEC), serviu como base para os eleitores analisarem melhor as propostas mencionadas pelos candidatos. Além de avaliar o desempenho de cada candidato diante dos problemas existentes em Cachoeira, muitas expectativas foram depositadas em cima do debate. A população ansiava pela comparecimento de todos os candidatos, principalmente pelo presença de Tato Pereira, o atual prefeito que vem levando o seu mandato recheado de denúncias e polêmicas. “Sem Tato não tem graça, afinal ele é prefeito e é a obrigação dele comparecer”, diz a funcionária do CEC Cristina dos Santos Bispo, 48 anos.
O debate foi dividido em seis blocos. O primeiro seria dada à oportunidade de apresentação dos candidatos, o segundo seria destinado à troca de perguntas com direito a resposta, réplicas e tréplicas e os outros blocos intercalavam perguntas feitas pelo Jornal Reverso e entre os candidatos. As regras foram expostas, mas como em qualquer evento, principalmente político, imprevistos acontecem, como foi o caso de algumas pessoas que se manifestaram querendo participar ativamente do debate. Porém, segundo a organização não seria possível selecionar quem poderia perguntar. Outro fato foi o aparecimento de alguns jovens com o intuito de atrapalhar o debate e ofender os candidatos. “Lú mijão e Dinho Bujão” foi o grito de um deles.
Falo Candidato: Assuntos como turismo, comércio, poluição, movimentos sociais, saúde, cultura e educação foram abordados. Entretanto, no plano de governo de Lú o que mais se destacou foi a cultura e a educação. É necessário se pensar em políticas culturais com o objetivo de valorizar as peculiaridades da cidade, como o samba de roda, o artesanato, a culinária e o candomblé. “Temos que capacitar as famílias para sobreviverem sem depender dos turistas”, afirma Lú. Ao fazer uma crítica ao modelo educacional, ele acredita que um dos aspectos fundamentais para melhorar é fortalecer o conselho municipal de educação. “O modelo que esta aí é falido. Nós precisamos transformar a educação das escolas em um centro cultural aberto, reciclando os aspectos metodológicos, o ensino e a aprendizagem dos professores”.
Enquanto isso, nos momentos em que Raimundo Leite tinha o direito de voz, poucas propostas foram ouvidas. Ele insistia com discursos ofensivos a atual administração, além de se promover com afirmações de quando era prefeito. “Não concordo com a maneira que o município vem sendo administrado atualmente, porque todos aqui me conhecem, tenho 15 irmãos e em momento algum, nenhuma quitandinha foi aberta”. Ele demonstrou insegurança diante dos questionamentos feitos, mesmo sendo um candidato experiente que governou Cachoeira por dois mandatos.
Rede verde branca, o tigre de papelão e o prefeito alucinado foram alguns dos codinomes direcionados a Tato pelos candidatos, que em clima de empolgação trouxeram à tona algumas acusações da sua candidatura. Como foi o caso do Plano Diretor Urbano que Tato se recusa a fazer, a questão do candidato Waldo Maia (PTN) seria um laranja de Tato, o abandono das escolas em localidades como Baixa Grande e abertura de empresas, também laranjas, onde a prefeitura compra produtos que enriquece a sua família. “È possível a gente entender como é a política dessa administração, é obras, obras e obras, só aspecto físico”, afirma Lú.

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