terça-feira, 8 de abril de 2008

Descrição de lugar

Noite de outono. Quatro paredes limitam meu espaço. Brancas. A que está virada para o norte revela sinais amarelados e disformes, ao tocá-la minha mão reconhece o leve frio úmido, marcas de uma chuva que a chicoteou recentemente.
Cama macia, estampas de flores, cheiro de lençol limpo, guarda-roupa imponente, ursos de pelúcia. Indícios eternos da casa dos pais. Aquela que nunca abandonamos por completo.
Uma leve desordem, violão encostado ao canto, bolsas, livros empilhados no chão, um porquinho de barro que parece olhar para tudo um pouco perdido.
Barulho. Um único barulho toma conta de todo o ambiente, engrenagens. Logo acima de minha cabeça, vento, o som particular envolve o lugar com giros, muitos giros e abafa os ruídos externos. Mas os grilos persistem em se fazer presentes. Outono.
Luz. O único ponto luminoso é auto-explicativo, lâmpada fria. Tudo é branco, muito branco.
Piso da cor do gelo. Quadrados, vários quadrados em seqüência. Param. Esbarram nos limites físicos. Porta e janela de madeiras são os elos com o mundo de fora. Permanecem fechadas.

Um comentário:

Leandro Colling disse...

muito bom. alia bem as sensações com as descrições dos aspectos físicos.