segunda-feira, 7 de abril de 2008

Longa caminhada chamada vida

“Quando a chuva passar, quando o tempo abrir. Abre a janela e veja eu sou o sol.” É o meu celular que toca até eu alcançá-lo e apertar a tecla que indica soneca. No visor do aparelho, 5h e 30 min. da manhã. É mais um dia corrido e cheio de vai e vem que se inicia. De tanto o celular tocar, tocar e tocar acabo levantando não muito satisfeita. Foram só cinco horas de sono!
Nesse período do dia, a hora parece voar e eu tenho que correr para poder acompanhá-la. Meu celular, que mais uma vez toca sua canção previamente selecionada, denuncia o passar da hora. Já são 6h e 15 minutos, tomo o café nas carreiras, apetite não é meu forte, quanto mais essa hora da manhã. Mais cinco minutos e saio de casa. Dali até o ponto de ônibus são mais vinte minutos.
No percorrer deste trecho encontro mulheres que voltam da caminhada da manhã, homens que viajam pra trabalhar em outras cidades, feirantes responsáveis pela oferta de produtos frescos para a mesa dos santo-amarenses já arrumam suas mercadorias.
O frescor da manhã me causa arrepios, um tanto exagerado. A sensação do vento frio batendo em meu rosto me faz sentir um ar de liberdade. Depois de andar uns sete minutos, passar por um colégio estadual, ter atravessado uma ponte sobre o rio Subaé e ter saído na rua Direita me deparo com uma figura um tanto curiosa. A rua faz uma curva e para percorrê-la por inteiro gasto uns cinco minutos. No chão, sob a cobertura de uma loja que durante o dia funciona uma oficina de bicicleta, está um pacote, um pacote humano. Aquele metro e oitenta de altura se encontra exprimido em centímetros. Sua coberta roxa o acompanha durante todo dia e ali é sua única e fiel companheira. Ele dorme. Seus cabelos mal tratados, unhas sujas, pés largos e maltratados de sempre andarem descalços caracterizam sua imagem desmazelada. Ele traja um short e somente isso, a sujeira esconde sua cor. É um mendigo. Pra mim, o homem da coberta roxa.
Sigo meu caminho. Aquele amontoado humano me persegue o pensamento. Quem é ele? Por que se encontra nessas condições precárias de vida? As inquietações perturbam minha alma. Sofro, mas nem sei bem por que. Aquela figura me acompanha até que o meu companheiro celular avisa-me que faltam apenas cinco minutos para o ônibus que me levará até Cachoeira passar. Acelero os passos.
Agora sim, 6h e 40 minutos, pausa para recuperar o fôlego. Na pracinha onde espero o veículo passar, mais mulheres, mais homens, crianças indo para as escolas e uma senhora que vende café, mingau e outros tipos de lanche. Depois de alguns minutos de espera, o ônibus chega. São 40min. até chegar no meu destino. Durante a manhã são quatro horas de aula e olhando para a fisionomia de uma mesma pessoa. Muito cansativo e entediante. Fim da aula, mas em, plena segunda–feira o dia por aqui ainda não terminou. Uma hora para o almoço e mais quatro horas de aula. Agora sim, de volta a Santo Amaro no fim da tarde. Depois de um dia com aulas e mais aulas nada melhor que chegar em casa. Porém, minha permanência no meu espaço de descanso é só por uns minutos. A aula no Cefet começam às 18h 30min., tenho que correr. O tempo não espera.
Depois de quatro aulas finalmente hora de ir pra casa. Antes de dormir leio os textos pra aula do dia seguinte. Agora o relógio do meu computador marca 1h da manhã, preciso dormir. Amanhã é mais um dia que se inicia nessa longa caminhada chamada vida.



Um comentário:

Leandro Colling disse...

Bom texto, o leitor segue junto com teu dia. probleminha no trecho

Fim da aula, mas em, plena segunda–feira o dia por aqui ainda não terminou.