07:00hr da manhã, os portões já estavam abertos. A fila para conferir nome, identidade já estava formada na porta da sala onde seria minha prova. Nervosas, ansiosas, apreensivas, inquietas tinha gente de tudo que era jeito. Mas não adiantava o desespero, estava quase na hora de fazer a prova de vestibular.
Colégio Luís Eduardo Magalhães. Subi três escadas, quase fiquei tonta das curvas que eu tinha que fazer, até chegar ao último pavilhão do colégio. A sensação era esquisita parecia que eu estava indo para uma batalha, o que não deixava de ser. A fiscal sentada na porta da sala, parecia mais um guarda noturno. Séria, estatura mediana, magra, olhos e cabelos escuros, fitou seu olhar em mim percorrendo todo o meu corpo com os olhos. Era a sua terceira "varredura" do dia.
- Bom dia!
- Bom dia!
Respondeu-me de forma mecânica e rápida.
- Documento por favor!
Eu já estava com o meu RG em mãos, justamente para evitar demora e que ela fizesse o pedido. Que cara hein! Parece que a noite anterior não foi muito boa. Mas eu não tenho nada a ver com o seu mal humor. Fazer o quê?!
Quando eu entreguei o documento senti que algo não estava muito convincente, nem para ela nem para mim. Lá vem coisa por aí!
- É alguma coisa?
Parece que eu estava prevendo o que iria acontecer.
- É você mesma? Está tão diferente!
- Ah, eu tinha doze anos quando eu tirei essa foto. Você pode verificar na data de expedição.
Ao mesmo tempo que ela fazia a pergunta, eu sentia um tom irônico em suas palavras. Eu entendo que a foto não era lá essas coisas todas. Se uma foto de RG, já não é uma coisa linda de se ver, imagine a minha. Mas não era preciso que ele reagisse daquele jeito.
- Acho que terei que verificar direito os seus dados.
- Por que?
Eu ainda arrisquei em perguntar por quê. Estava na cara a resposta. Ela verificou os meus dados, conferiu o número, perguntou o nome dos meus pais, local de nascimento e mesmo assim não queria deixar eu entrar para fazer a prova.
- Ah, meu Deus! Moça, eu vim de longe de Santo Antonio de Jesus, estou aqui nervosa e ansiosa. A senhora acha que eu estou mentindo? Tenha paciência!
- Não tudo bem, é porque eu tenho que conferir mesmo.
Filha de uma mãe! Pensei tão alto que tenho certeza que ela ouviu. Entrei, fiz a prova e durante todo o momento que fiquei na sala, ela olhava para mim. E o pior é que eu via que ela estava olhando; ela não disfarçava. Ou eu estou de verde ou eu sou bonita demais, que saco viu! Para de olhar...
Terminei a prova e segui em direção a mesa para entregá-la ao fiscal.
- Boa sorte, até amanhã.
- Até amanhã, espero que não tenha mais contratempos.
Ela largou um sorrizinho de canto, meio sem jeito, e concordou com a minha fala. Depois desse episódio, jurei para mim mesma que ao chegar em Santo Antonio a primeira coisa que eu faria, era trocar de RG, em especial a foto. Mas vejam só como é a vida, mesmo passando por uma vergonha dessas, estou até hoje com essa identidade. Passando vergonha.
Colégio Luís Eduardo Magalhães. Subi três escadas, quase fiquei tonta das curvas que eu tinha que fazer, até chegar ao último pavilhão do colégio. A sensação era esquisita parecia que eu estava indo para uma batalha, o que não deixava de ser. A fiscal sentada na porta da sala, parecia mais um guarda noturno. Séria, estatura mediana, magra, olhos e cabelos escuros, fitou seu olhar em mim percorrendo todo o meu corpo com os olhos. Era a sua terceira "varredura" do dia.
- Bom dia!
- Bom dia!
Respondeu-me de forma mecânica e rápida.
- Documento por favor!
Eu já estava com o meu RG em mãos, justamente para evitar demora e que ela fizesse o pedido. Que cara hein! Parece que a noite anterior não foi muito boa. Mas eu não tenho nada a ver com o seu mal humor. Fazer o quê?!
Quando eu entreguei o documento senti que algo não estava muito convincente, nem para ela nem para mim. Lá vem coisa por aí!
- É alguma coisa?
Parece que eu estava prevendo o que iria acontecer.
- É você mesma? Está tão diferente!
- Ah, eu tinha doze anos quando eu tirei essa foto. Você pode verificar na data de expedição.
Ao mesmo tempo que ela fazia a pergunta, eu sentia um tom irônico em suas palavras. Eu entendo que a foto não era lá essas coisas todas. Se uma foto de RG, já não é uma coisa linda de se ver, imagine a minha. Mas não era preciso que ele reagisse daquele jeito.
- Acho que terei que verificar direito os seus dados.
- Por que?
Eu ainda arrisquei em perguntar por quê. Estava na cara a resposta. Ela verificou os meus dados, conferiu o número, perguntou o nome dos meus pais, local de nascimento e mesmo assim não queria deixar eu entrar para fazer a prova.
- Ah, meu Deus! Moça, eu vim de longe de Santo Antonio de Jesus, estou aqui nervosa e ansiosa. A senhora acha que eu estou mentindo? Tenha paciência!
- Não tudo bem, é porque eu tenho que conferir mesmo.
Filha de uma mãe! Pensei tão alto que tenho certeza que ela ouviu. Entrei, fiz a prova e durante todo o momento que fiquei na sala, ela olhava para mim. E o pior é que eu via que ela estava olhando; ela não disfarçava. Ou eu estou de verde ou eu sou bonita demais, que saco viu! Para de olhar...
Terminei a prova e segui em direção a mesa para entregá-la ao fiscal.
- Boa sorte, até amanhã.
- Até amanhã, espero que não tenha mais contratempos.
Ela largou um sorrizinho de canto, meio sem jeito, e concordou com a minha fala. Depois desse episódio, jurei para mim mesma que ao chegar em Santo Antonio a primeira coisa que eu faria, era trocar de RG, em especial a foto. Mas vejam só como é a vida, mesmo passando por uma vergonha dessas, estou até hoje com essa identidade. Passando vergonha.
Um comentário:
bom, apenas duas coisinhas:
07:00hr: 7h
Para de olhar: pára
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