terça-feira, 13 de maio de 2008

“Fica comigo”

-Sim, minha mãe, já to chegando em casa, vou pegar o ônibus agora, vou desligar. Tchau!

As balas! Como posso esquecer das balas? Não consigo ficar sem elas...

-Moço, me dê 1 real de bala. Sim, essas icekiss. Mistura! Coloca da preta, da vermelha, da azul e da verde.

Essa história aconteceu uns 7 anos atrás. Estava voltando do colégio, indo para casa, mas precisamente subindo no ônibus...

Ai que calor! Que fome! Que vontade de chegar em casa, tomar um banho e almoçar! Essa aula de hoje foi tão estressante... Que professora mais chata! Vou dormir a tarde inteira para compensar. Oxe, será? Não, deve ser impressão minha, to vendo coisa onde não existe. Sim! Ele está! Por que esse cobrador não para de olhar para mim? Se ainda fosse um gatinho, mas esse, velho, gordo, careca, ridículo... Eca! Para de ficar me encarando, seu idiota! Eu não estou te dando bola! Que merda!

Após um breve momento de raiva, vergonha, medo, olhei para minhas mãos e percebi...

Oxe, o que o passe ta fazendo na minha mão? Como passei pela catraca sem entregá-lo ao cobrador idiota? Mas eu entreguei! Tenho certeza! Ou não? E aquela figurinha de bala na mão dele é o que? Para de ficar me olhando, seu imbecil! Naaaaaaaaaao, eu não fiz isso! Não pode ser!

-Moço, eu esqueci de te entregar o passe. Ou melhor, eu me enganei e te dei um papel de bala. Você poderia trocar?

“Fica comigo?” O que? Eu dei uma figurinha esrito “Fica comigo” para o cobrador do ônibus? Que coisa mais baixo astral! Que vergonha! Que mico! É melhor eu descer logo daqui e ir para casa andando...

Um comentário:

Leandro Colling disse...

bom texto, só duas coisinhas:
to chegando: tô
não para: pára