quarta-feira, 14 de maio de 2008

Casa de estudante

Por Elton Vitor Coutinho

Vida de estudante. Casa de estudante. Triste fase essa minha. A única parte boa é a de conhecer pessoas novas, novas experiências, novos pensamentos frente às diversas situações. Foi assim que eu comecei a ver as coisas depois desse episódio.
- Você é o pivô de todas as brigas dessa casa.
Essa frase caiu assustadoramente aos meus ouvidos como uma arma apontada na cabeça de um parente bem próximo. Até então fiquei sem entender o motivo dessa falácia absurda e sem fundamento. Eu precisava entender o porquê que ele me disse isso. Foi aí que a briga teve um desfecho.
Morava eu e mais quatro, até então, amigos. Formamos uma república na cidade de São Félix. A casa ficava no centro da cidade, onde todos os dias éramos acordados com o trem passando bem em frente. – Que saco! Esse trem acha de passar justamente nesse horário. Era o que todos nós pensávamos. Mas até que era legal, pois funcionava como um despertador ambulante que apita sempre cinco minutos mais cedo. Os ricos minutinhos que sempre queremos dormir um pouco mais.
Hora da faculdade. Levanto, faço o café, ponho a mesa. A minha única função era cozinhar, porém eu sempre fazia mais do que deveria como, por exemplo, fazer o café.
O dia parecia nascer como todos os outros. Uma rotina. Tomei banho, me arrumei e fui para a faculdade. Cheguei meio dia, almocei, tomei banho novamente e fui estudar no quarto que eu dividia com mais um cara, o próprio da briga. Cinco horas da tarde. Assisti um pouco de televisão e depois fui passar um outro café. A galera que morava comigo ainda não tinha chegado da faculdade. Estava se preparando para um seminário que apresentaria no dia seguinte.
- Precisamos procurar uma outra casa, pois o contrato já está preste a vencer.
Essa era a nossa preocupação no momento.
Todos chegaram. A mesa do café já estava posta como de costume. Começamos a conversar, a brincar sobre os acontecimentos diários, até que um dos integrantes da casa comentou de um bilhete que eu tinha deixado na tampa do fogão pela manhã. “O fogão está sujo. Alguém precisa limpar. Espero que não esteja esperando por mim”. Eu nem precisei assinar, pois todos saberiam que eu era o autor. Maldita hora comentaram sobre o conteúdo desse bilhete. Na verdade, ele foi uma brincadeira. Sabe essas brincadeiras que fazemos com a finalidade de serem realizadas? Pois então... foi o meu intuito. Mas, pelo visto, o conteúdo dele significou não somente tirar a gordura que estava incrustada na parte metálica do fogão. Significou também o meu último dia na república que batizamos como Cafofo.
- Quem é você para dizer que sou o pivô das brigas dessa casa? Você aqui não tem direito a falar nada. Veio pra cá com apenas um ferro e o próprio colchão. Não ajudou um dia se quer a procurar a casa e ainda por cima quer tirar onda comigo?
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Você que quer tirar onda de ditador. Pagamos o mesmo aluguel que você e não tem o porquê de ficar se achando o dono da casa.
Esse foi o diálogo que travamos. Daí para pior. A briga começou a ser distorcida. Coisas que não tinham nada a ver com o início da conversa. Parecia que estávamos dispostos a largar todos os podres acumulados.
Até então, para mim, só ia continuar na discussão. No outro dia não iríamos nos olhar na cara. Passaríamos uma semana ou quem sabe um mês sem se falar, mas depois estaria tudo certo.
Entretanto não foi o que aconteceu.
- Você não dá para morar conosco. Eu acho melhor você procurar outra casa.
Como não levo desaforo para casa, ou melhor, não levo desaforo para fora da casa, depois de escutar essa humilhação, resolvi arrumar as minhas coisas e morar temporariamente de favor em uma outra república.
"Precisamos aprender a conviver com as diferenças", pensou.
Mas, pelo visto, isso não foi respeitado nem por mim e nem por ele.

Um comentário:

Leandro Colling disse...

bom texto, mas veja alguns probleminhas

vc escreveu: A galera que morava comigo ainda não tinha chegado da faculdade. Estava se preparando para um seminário que apresentaria no dia seguinte. (quem estaba se preparando? gera dúvida)

preste a vencer, ao invés de prestes

escreveu se quer, ao invés de sequer