Ana Clara Barros
No começo do ano, em Feira de Santana, eu estava em casa, entediada, procurando algo pra fazer. Depois de assistir televisão, filmes, ler livros e até lavar roupa, não me restava mais nenhuma distração. Foi assim que resolvi fazer aquela super-hidratação natural no cabelo. Desci as escadas e fui à cozinha. Abri a geladeira e vi que faltava um dos ingredientes: o iogurte natural. Pensei em ir no G Barbosa, mas o sol a pino não me deixou. Como diz meu pai: não é preguiça, é indisposição.
Assim, resolvi ir à padaria mais próxima de casa, no outro quarteirão. Troquei de roupa e peguei a carteira. No caminho fui pensando e mexendo nas chaves e no chaveiro.
Logo que cheguei, a única funcionária presente saiu detrás do balcão e veio até mim. Eu já a conhecia de vista, de outras vezes que tinha ido comprar pão. Seu uniforme branco a deixavam sem expressão, sem distinção. Para piorar, ela usava uma toquinha em que prendia os seus cabelos. Eu disse um boa tarde e ela não demorou a responder:
- Boa tarde. Posso ajudar?
- Aqui tem iogurte natural?
Eu pergunto. Vendo a sua cara de incompreensão, tento explicar:
- Aqueles iogurtes em copinho que não têm sabor de fruta.
Ela me olha e responde:
- Não. Mas temos Coca-cola.
Não agüento o comentário da funcionária e me escapa um riso, ou melhor, uma gargalhada. Não sei por qual motivo ela achou que iogurte natural pudesse ser substituído por Coca-cola.
‘Que louca essa menina, não pára de rir. Será que eu disse alguma tolice? Ave Maria...ela tá desdenhando de mim, é? Essa branquela mitida...'
Não páro para olhar a mulher novamente. Se fizesse isso, riria mais ainda. Saio da padaria e penso como tem gente doida nesse mundo.
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Um comentário:
muito bom, ri muito.
mas vc escreveu: Seu uniforme branco a deixavam. correto é a deixava. olha a concordância
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