quarta-feira, 14 de maio de 2008

De louco todo mundo tem um pouco

Ana Clara Barros

No começo do ano, em Feira de Santana, eu estava em casa, entediada, procurando algo pra fazer. Depois de assistir televisão, filmes, ler livros e até lavar roupa, não me restava mais nenhuma distração. Foi assim que resolvi fazer aquela super-hidratação natural no cabelo. Desci as escadas e fui à cozinha. Abri a geladeira e vi que faltava um dos ingredientes: o iogurte natural. Pensei em ir no G Barbosa, mas o sol a pino não me deixou. Como diz meu pai: não é preguiça, é indisposição.
Assim, resolvi ir à padaria mais próxima de casa, no outro quarteirão. Troquei de roupa e peguei a carteira. No caminho fui pensando e mexendo nas chaves e no chaveiro.
Logo que cheguei, a única funcionária presente saiu detrás do balcão e veio até mim. Eu já a conhecia de vista, de outras vezes que tinha ido comprar pão. Seu uniforme branco a deixavam sem expressão, sem distinção. Para piorar, ela usava uma toquinha em que prendia os seus cabelos. Eu disse um boa tarde e ela não demorou a responder:
- Boa tarde. Posso ajudar?
- Aqui tem iogurte natural?
Eu pergunto. Vendo a sua cara de incompreensão, tento explicar:
- Aqueles iogurtes em copinho que não têm sabor de fruta.
Ela me olha e responde:
- Não. Mas temos Coca-cola.
Não agüento o comentário da funcionária e me escapa um riso, ou melhor, uma gargalhada. Não sei por qual motivo ela achou que iogurte natural pudesse ser substituído por Coca-cola.
‘Que louca essa menina, não pára de rir. Será que eu disse alguma tolice? Ave Maria...ela tá desdenhando de mim, é? Essa branquela mitida...'
Não páro para olhar a mulher novamente. Se fizesse isso, riria mais ainda. Saio da padaria e penso como tem gente doida nesse mundo.

Um comentário:

Leandro Colling disse...

muito bom, ri muito.
mas vc escreveu: Seu uniforme branco a deixavam. correto é a deixava. olha a concordância