quinta-feira, 8 de maio de 2008

Anjo ou demônio?

Por: Aline Pires

Verônica estava preparada para a viagem que seria o retorno à sua casa, que iria demorar dias para chegar ao seu destino final. Ela tinha acabado de entrar no ônibus, o corredor era estreito e ainda ocupado por muita gente que procurava lugares estratégicos que ficassem longe do banheiro. Ao se desviar de algumas pessoas, o que ela achava extremamente irritante, pois sempre tinha alguém que não saía da frente, é que pode encontrar uma poltrona já bem próxima do odiado banheiro. Ela depositou suas bolsas no chão, onde mais tarde colocaria seus pés vestidos pela meia. Imaginava que deveria ser muito frio durante a noite. Com seu travesseiro confeccionado por sua mãe o que lhe trazia muitas lembranças da época em que viviam juntas, ela pôde confortavelmente se deitar com a cabeça no braço da poltrona. De repente ao “pegar no sono”, ela começava a andava pelo corredor e podia ver cada pessoa em suas poltronas e a posição em que dormia, já não tinha mais ninguém acordado, permeava o escuro e de vez em quando surgia um raio de luz de outros carros, que entrava por uma das frestas que a cortina não conseguia cobrir totalmente. Essa percepção do local durou alguns minutos e, em seguida surgiram duas crianças com um sorriso malicioso. Ela ficou intrigada e, ao mesmo tempo, curiosa para saber de quem se tratava. Pôde ver que elas vinham exatamente das poltronas vagas, que não foram ocupadas. Voltou para o seu lugar e se deitou como antes, na mesma posição, dessa vez as crianças começavam a subir em cima dela e a beijá-la no rosto, não dava para se mexer, os braços não conseguiam sair da posição que estavam e não tinha como gritar ou pedir para elas saírem. O clima era de pânico, pois não tinha como reverter àquela situação, os meninos eram mais fortes e conseguiam fazer com que seu corpo ficasse estático. Ela começou a sentir que suas roupas começavam a serem retiradas e que a sua blusa era levantada num ritmo devagar e continuo e antes que seu sutiã fosse visto uma mão envolvia automaticamente o seu corpo e ambas se encontravam em suas costas, onde sentia que o feche da peça era aberto, suas mãos vieram novamente para frente e pararam na cintura e subia vagarosamente e apertava-lhe contra o seu corpo e ao mesmo tempo acabava de subir o que restava de sua blusa e pode tocar levemente em seus seios, estes permaneciam excitados talvez pelo frio que era muito ou pelo arrepio que as mãos lhes causavam. Em seguida o seu peito foi envolvido por uma boca quente e úmida, enquanto uma outra boca lhe beijava fortemente o pescoço, neste momento cada pequeno movimento que era feito, lhe causava crise de cócegas e aumentava ainda mais a vontade de sair daquele lugar... Um grito ecoou, saiu de seus lábios e num impulso o sonho acabou. O clima e a sensação do sonho ainda continuavam presentes na recordação de Sofia, causando-lhe medo de dormir e começar tudo outra vez, a lembrança daquelas criaturas ou crianças lhe trazia certo desconforto com as imagens e lhe causava espanto ser objeto de prazer daquelas crianças. Surgia um paradoxo para ela, conceber o sexo sujo e demoniaco ou sagrado e angelical.

Um comentário:

Leandro Colling disse...

bom fluxo, mas ainda apresenta alguns problemas gramaticais, a exemplo:
viagem que seria o retorno: viagem de retorno
que pode encontrar: pôde
ela começava a andava: a andar
devagar e continuo: contínuo
e demoniaco: demoníaco