quinta-feira, 27 de março de 2008

SONS, IMAGENS, CHEIROS...SINESTESIA

Por Jamile Castro

Dez da manhã, o chão estava sujo de sangue, um sangue ralo e ao mesmo tempo escuro, parecia já seco, ou secando. Um rádio tocando Final Feliz de Jorge Vercilo fazia parte daquela cena. O homem de camisa amarela e bermuda jeans esgarçada amolava uma faca. Daí vinha o sangue, daí. O balcão também tinha sangue. No andar superior várias mesas, a de ferro era pintada na cor branca e era acompanhada de quatro cadeiras com marca da cerveja Schincariol. Devem ser antigas, pois a tempo mudou o nome da cerveja. Sobre a mesa uma capa de cor laranja, com dizeres “obrigado pela preferência” e “volte sempre”. Ainda um desenho com duas mãos dadas em símbolo de amizade. Em uma das mesinhas brancas uma manicura “faz” as unhas de uma moça que veste lilás. Talvez a moça trabalhe por aqui.
O lugar está bastante agitado, um entra e sai de pessoas, cachorros e coisas. O barulho é intenso, vozes, música, latidos de cachorro e ainda o barulho das facas que eram amoladas de vez em quando. O calor faz com que algumas pessoas se abanem. Outras conversam, outras trabalham.
Dez e quinze, o lugar está bastante sujo, mas tem um cheiro muito bom, hummmmmmmmmm, muito bom! Mas o cheirinho vinha lá de cima, onde ficavam as mesinhas. Bares, muitos bares. Bares e restaurantes. PF + coca-cola = R$4,90, dizia a plaqueta afixada em um deles. E aquele cheirinho de feijão, hummmmmmmmmm!
Uma senhora aparentando uns 65 anos, de sandalinhas pretas, roupas de feira e cabelos brancos enrolados em forma de coque se aproxima do homem de camisa amarela que abana sua mercadoria para livrá-las das moscas. Ele novamente amola a faca e corta a carne no Mercado Municipal.

Um comentário:

Leandro Colling disse...

texto bom, leva ao local. faltam apenas umas vírgulas