terça-feira, 18 de março de 2008

Cultura é centro de discussão

Maísa Almeida
A idéia de interação entre a cultura e os outros ministérios, como o da educação, ainda não foi absorvida pelo governo. A transversalidade da cultura, que perpassa por todos os campos, não foi percebida pela sociedade, necessitando que o estado interfira através de políticas púbicas. Na palestra sobre cultura, comunicação e contemporaneidade, o professor da UFBA, Albino Rubim, destacou como a cultura possui um papel importante na configuração do mundo contemporâneo, abrangendo a área da política, da economia, da educação, da ciência. “A noção de cultura é ampla, não se limita à arte e ao padrão erudito, mas inclui também o senso comum e faz parte do nosso cotidiano”, afirma Rubim.

Para demonstrar como a cultura está impregnada em várias dimensões da sociedade, Albino Rubim falou da culturalização da política e da mercadoria. Temas culturais passaram a ser abordados pela política. Em relação ao mercado, vale mais a marca, o design de um produto do que a sua função. Assim, a mercadoria agrega diversos valores, havendo uma relação estreita entre o comércio e as dimensões simbólicas. A cultura midiatizada é a nova cultura, resultado do capitalismo e dos avanços tecnológicos que possibilitaram a reprodução técnica dos bens culturais e simbólicos.
Na contemporaneidade, a linha de pensamento interdisciplinar vem crescendo. Os vários campos de conhecimentos são pensados em conjunto e não de forma especializada e autônoma. Prosseguindo o debate, Rubim afirma que estamos vivendo o “reencatamento do mundo”, pois sabemos que a razão não é plena, tem limites. Ele explica que antes o mundo era encantado, era um mundo de mitos. Depois, o Iluminismo surge valorizando a razão, provocando o “desencantamento do mundo”. E hoje, presenciamos o reencatamento. “Acho que o mundo contemporâneo não é o da razão exacerbada”, declara.

Outro assunto questionado nessa exposição da última sexta-feira, 14 de março, na UFRB, foi a noção de culturas regionais. O foco foi a identidade baiana, composta pela cultura da capital e as culturas do interior. A baianidade vem de longe, a Bahia era cantada como uma terra paradisíaca, da cultura negra, e esta idéia foi apropriada por uma política de turismo. Esta Bahia existe, mas não é única. “Temos que repensar a baianidade com um pé da diversidade”, alega Rubim.

Um comentário:

Leandro Colling disse...

Tenta bem tirar uma notícia do evento, mas falta associar as idéias ao evento e quem as defendeu. às vezes parece que é vc quem defende e não a fonte. título não diz nada sobre o texto, não é informativo