quinta-feira, 27 de março de 2008

Matérias do Reverso Editadas

Patrimônio

Cachoeira quer reconhecimento mundial

Ao completar 171 anos, cidade quer se candidatar ao título concedido pela Unesco

Maiane Matos e Joseane Vitena

Cachoeira comemorou os seus 171 anos, no último dia 13 de março, com um novo desafio: candidatar a Heróica cidade ao título de Patrimônio Mundial da Humanidade, concedido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação). A classificação visa catalogar e preservar locais de excepcional importância cultural ou natural, como patrimônio comum da humanidade. O programa foi fundado pela Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Cultural e Natural, adotado pela Conferência Geral da Unesco de 16 de novembro de 1972. Os locais selecionados são beneficiados por recursos destinados pelo World Heritage Fund. Isso ocorre após a verificação de critérios que determinam se o local está ou não na condição de ganhar o título.
Mas o que significa ser Patrimônio da Humanidade? Para a museóloga e professora do CAHL/UFRB (Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Rita de Cássia Doria, Cachoeira, embora sem o título oficial, já se configura como um patrimônio mundial da humanidade, devido toda sua importância histórica, seu conjunto arquitetônico, por ter sido uma cidade portuária e, principalmente, pela forte influência cultural que ela exerceu e exerce nas cidades do Recôncavo e também na Capital, Salvador. “Ganhar esse título só contribuiria para efetivar a sua importância e melhorar a sua conservação, uma vez que Cachoeira seria preservada pelo seu conjunto e não mais por blocos”, ressalta a professora.
Ser um bem da humanidade, além de aumentar a sua importância, garante um cuidado maior não só da população cachoeirana, mas também pode significar rapidez no desenvolvimento turístico. Os benefícios de um título como esse, segundo o diretor do CAHL, professor Xavier Vatin, são muitos: aumenta o seu valor turístico, ganha um destaque fantástico no cenário mundial e ainda recebe mais recursos para a sua conservação. Porém, uma preocupação de Vatin é de que esse ganho não seja real. Ele cita o que aconteceu com o samba de roda do recôncavo, que ganhou o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade. Depois disso, foi construída uma Casa de Samba em Santo Amaro, mas hoje ela está praticamente inativa.
RIQUEZA - Cachoeira, a Heróica, assim denominada pela Lei nº. 43, de 13 de março de 1837, em virtude dos seus feitos, foi a sede do governo provisório do Brasil durante a guerra da Independência em 1822 e, novamente, em 1837. A Comarca de Cachoeira foi criada em 1832, e, em 1837, a Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, como era chamada, foi elevada à categoria de cidade, devido à sua importância no cenário econômico e político da época.
Considerada “Monumento Nacional” e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional em 1971, Cachoeira, depois de Salvador, é a cidade baiana que reúne o mais importante acervo arquitetônico no estilo barroco. Seu casario, suas igrejas, seus prédios históricos preservam a imagem do Brasil Império – tempo em que o comércio e a fertilidade do solo fizeram de Cachoeira a Vila mais rica, populosa, e uma das mais importantes do Brasil, durante os séculos XVII e XVIII. Hoje, a cidade enfrenta dificuldades diversas para se desenvolver.

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