segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O dia número 315 do ano de 2008

Ela acordou às 07h15min em ponto com o alarme do celular tocando a música “My girl” na versão de Otir Redding. Abriu os olhos desejando não faze-lo, mas consciente de que precisava. Usava um pijama com blusa verde e branca com os dizeres: “Make love, not war” e um short verde com as estampas do exército.
Mariana colocou os óculos e levantou em direção à área de serviço de “sua” casa – alugada – para pegar a toalha azul e tomar um banho antes de ir pra Universidade. Assim o fez. O chuveiro queimado fez descer uma água gelada que definitivamente acordou a menina que estava com muito sono devendo do final de semana. Depois disso, ela vestiu-se com um vestido básico, colocou os acessórios tradicionais – argolas e pulseira – e já estava no meio das escadas quando lembrou que tinha de descer o lixo. E que lixo! Desde sexta-feira não havia descido o lixo, o resultado foi aquele bando de sacos em sua mão e um odor nada agradável se misturando ao seu perfume de recém-tomada banho. Agora ela desceu de vez, com a bolsa, o caderno, o classificador e os sacos de lixo na mão. Eram quase oito horas, e a aula começava às oito.
No caminho da casa para o prédio provisório da UFRB, Mariana seguiu sem prestar muita atenção nas pessoas ou lugares por onde passava. Fazia esse mesmo caminho todos os dias e, por mais que as pessoas mudassem a cada dia, ela às vezes esquecia-se desse detalhe e passava direto olhando pra frente, mas enxergando somente seus pensamentos...
A única coisa que a chamou atenção foi quase chegando ao seu destino. Ela passou por duas mulheres vestidas com o uniforme azul e amarelo da prefeitura que recolhiam os lixos menores das portas de casas. Uma já devia ter pra lá de 50 anos, a outra era mais nova, cara de uns vinte e poucos. Pareciam mãe e filha. Mariana passou o resto do caminho pensando nessa possibilidade e sobre a história daquelas duas mulheres. Nada de extraordinário passou pela sua cabeça.
Chegou à Universidade e não encontrou com ninguém conhecido até chegar ao “laboratório” de jornalismo, onde acontecem as aulas de Jornalismo Impresso II, no caso a aula que ela foi assistir. Ao entrar, deu um fraco bom-dia aos presentes na sala. Eram eles o professor Leandro Colling, que escrevia ou lia alguma coisa em sua mesa, uma colega – Dani – sentada logo na frente da sala e com uma cara de quem não dormiu nada, e dois colegas sentados cada um em um computador – Caio e Hamurabi. Inicialmente a menina sentou próximo à colega, mas não demorou muito e partiu pra um dos computadores. Ia olhar seus e-mails e abrir seu orkut em mais um dos sites descobertos pelos alunos para driblar a censura imposta pela Instituição, não via mal algum na liberação do site para os alunos. Permaneceu navegando na internet até a hora que o professor decidiu iniciar a aula, até ali mais alunos tinham chegado. A aula transcorreu com sem anormalidades. Foi feita uma discussão acerca do texto “Os procedimentos da extensão” de Edvaldo Pereira Lima até por volta das 10h30min, quando o professor propôs que os alunos começassem a desenvolver uma outra atividade.
Já eram 11h50min quando a atividade foi concluída. Mariana saiu com Dani em direção ao restaurante Maktub para almoçar. No caminho, foram conversando sobre o clima quente da cidade. “Este calor está me torrando”, afirmou Dani. Aliás, torrava quem ousasse ficar muito tempo exposto. Debaixo de um sol escaldante, as duas sentiram-se extremamente aliviadas quando adentraram o restaurante. Assim que chegaram foram lavar as mãos e seguiram para o self-service. Foi um almoço tranqüilo, as meninas conversaram apenas banalidades. Encontraram o professor Leandro e Caio quando estavam por lá ainda, terminando, foram pagar a conta pra voltar pra Universidade. Ao caminharem até a praça central – no caminho da UFRB – Dani resolveu passar no banco Bradesco. Que idéia maravilhosa! O ar condicionado do banco estava em perfeitas condições e refrescou um pouco a cabeça das meninas.
Saindo de lá, voltando pro inferno... Chegando ao CAHL, encontraram Hamurabi e ficaram conversando sobre os tempos do colégio, Mariana sentiu saudade de seus tempos de escola, lembrou o quanto aproveitou seu último ano nela e o quanto deixou de aproveitar. Um jogo de futsal e alguns pinos de titânio no tornozelo direito passaram pela memória da menina no momento, ela até chegou a sorrir. Logo o assunto foi música, em particular um arrocha que praticamente destruiu uma canção de John Lennon chamada “Let it be”, mas tava na moda e na cidade não tocava outra coisa, para a tristeza de seus ouvidos. Depois, Mariana encontrou Rodrigo, um amigo do curso de História, e ficaram conversando sobre a derrota do time dos dois – o Palmeiras – para o Grêmio no dia anterior. O tom dos dois era de raiva e lamentação, mas não adianta chorar pelo leite derramado, assim ela concluiu, “pelo menos o meu Vasco ganhou do Santos, já o seu Fluminense perdeu pro Cruzeiro né J”, zombou ela. Quando a professora Alene Lins passou por eles, os alunos seguiram em direção ao mesmo laboratório de Jornalismo para ter aula de Jornalismo On-line. Ah! antes disso Mariana tinha ido à secretaria e encontrou a professora Renata Pitombo. Ficou feliz em vê-la, ela gostava das aulas daquela professora e sentia falta delas. Voltando à classe, a atividade passada pela professora foi um estudo dirigido de um texto para ser feito em duplas, Mariana sentou ao lado de Sayonara para trabalharem juntas. Ás vezes ela saia da sala, porque estava justamente produzindo sua matéria da semana sobre o evento que ocorrerá em Cachoeira promovido pelo CAHL sobre os 40 anos do AI-5; ela entrevistou o professor Fábio Joly e alguns alunos do curso de História. Mas também ajudou Sayonara na atividade. E o estudo foi até às 16h, quando a professora recolheu os trabalhos e deu um belo de um sermão na turma por causa da falta de compromisso e de vontade dos alunos com a sua disciplina. Atordoada com a bronca, a menina postou com Hamurabi sua matéria do dia e, quando estava saindo da Universidade, recebeu um telefonema do seu namorado, Leandro, pedindo para que fosse lá vê-lo. Não poderia dizer não, né? E ela foi pra lá. A casa dele fica em cima de um Instituto de línguas estrangeiras, que pertence à seu avô. Mariana subiu para encontrá-lo e deu de cara com ele sentado no computador. Estava falando com a mãe via msn; ela sentou e esperou, observando sua prima Vitória, de 2 anos, que dormia como um anjinho. Léo terminou de usar o computador e os dois foram pra sala conversar, resolver uns probleminhas pendentes. Logo em seguida a avó dele, Dona Rafaela, chegou e ficou por lá conversando com os dois. Quando deu 18h15min, Mariana lembrou que tinha aula às 19h30 min, e que ainda precisava passar no supermercado pra comprar algumas coisas. Despedindo-se de Dona Rafaela e arrastando Leandro com ela, a menina seguiu com o namorado em direção ao supermercado Vieira para comprar alguns sucos e iogurtes pra passar a semana. Acabou comprando mais coisas do que devia e gastou mais do que o previsto. Merda. Ela detestava gastar mais do que planejava! Terminada essa Romaria, Mariana finalmente voltaria pra casa... Finalmente? Ela ainda tinha aula, era só o tempo de tomar outro banho e voltar pra aula. Que dia de cão, viu? Aula de manhã, aula de tarde, aula de noite. Despediu-se de Léo e foi pra casa. No começo da escada ela encontrou Daiane, sua amiga e companheira de casa descendo pra ir buscar sua prima e comprar o pão. Ao subir, encontrou seu amigo e companheiro de casa Maurício, ele estava com sua mãe – que dormirá lá hoje – e a amiga dos dois Calila, que mora lá também. Nem deu tempo de conversar direito. Mariana entrou no banheiro pra tomar banho e divertiu-se ao ler os avisos que lá foram colados. Terminado o banho, a menina vestiu um short preto e uma blusa azul, colocou um colar prata, suas argolas e pulseiras pra descer pra aula. Nesse meio tempo, Daiane tinha chegado com sua prima Jéssica. As duas se parecem um pouco, ambas são loiras, mas Daí é mais baixinha e tem os olhos verdes. Morta de fome, a menina sentou-se com Mau, Calis, Daí e Jéssica pra tomar café. Engoliu um pão com um suco de umbu e quando olhou no relógio já eram 19h35, estava atrasada. Desceu “correndo” e chegou no CAHL às 19h45. Nada chamou sua atenção no caminho, Estava tão atordoada pelo atraso que nem se Cristiano Ronaldo passasse por ela e lhe desse tchau a menina notaria, e olha que ela é “fanzona” do jogador de futebol português. No CAHL, viu o professor ainda no seu grupo de estudo, e rumou para o laboratório de Jornalismo. Não agüentava mais ver a cara daquele lugar, mas precisava entrar nele para terminar a atividade que Colling tinha passado pela manhã, a qual está sendo concluída neste exato momento...

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