segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Dia cheio é pouco

Queila Oliveira

Cinco horas, numa manhã de segunda-feira, após um final de semana, só no come e dorme e de vez em quando, de vez em quando mesmo, uma lidinha no texto do seminário do professor Miguez. A preguiça paira, ao levantar para se despedir dos pais que vieram passar a noite. Ao acordar, lhe veio um pensamento triste de um fato ocorrido na noite anterior. Ela fica imaginando como uma mulher, ainda hoje, no século vinte e um se submete a apanhar de um marido daquela forma. A cena não saia da sua cabeça, berros e pontapés aterrorizantes, puxões de cabelo e um grito sufocado de socorro. No seu olhar uma aflição por não saber como ajudar.
Ao abrir os olhos, a primeira imagem é de sua companheira de quarto, Talita, toda estirada na cama, no sono profundo. Terá sido uma noite estressante ou reflexo de uma nigth muito boa? Depois que seus pais saíram, ela volta a dormir. Sete e quinze olha o celular. “Aula oito horas da manhã, ninguém merece”. Ela custa a levantar, a preguiça fala mais alto. A cama nessas horas parece ter braços. Sete e meia e agora é pra valer. Hora de levantar. Queila vai direto para o banheiro lavar o rosto, para ver se desperta mais um pouquinho. Pronto... agora o sono parece ter ido embora. Pega a toalha e vai tomar banho. Um calor infernal aquele dia. Sai do banheiro já sabendo que vai chegar atrasada na aula, mesmo assim não faz muito esforço pra ir mais rápido. Toma café como se estivesse de férias.
O sol quente, que mais parece ser de meio-dia, é um impulso para chegar à faculdade logo. Ao passar pelo tão sonhado QUARTEIRÃO LEITE ALVES, lembra revoltada que se as aulas fosse ali, ela não chegaria todos os dias atrasada, nem tão pouco, andaria tanto pra assistir uma aula. Ao chegar, percebe que Leandro já tinha iniciado a discussão do texto. As horas passam. A aula continua normalmente, até que o professor pede pra fazer uma narração sobre o seu dia. Logo imagina como queria ir pra casa e voltar a dormir. Só que imediatamente veio a sua mente, que a tarde teria aula de Alene. Definitivamente segunda-feira não é um dia legal, não mesmo.
Antes de sofrer por antecipação, pensa no que colocar nessa bendita narração. Hum... Ela pensa... Pensa... Pensa. Será que não vai sair nada dessa cachola? Alguns minutos se passam e a produção não passa de cinco linhas. Ela vai ver se acha algo interessante na net. “Será que tenho algum e-mail legal? Vixe... lá vem o professor bisbilhotar os computadores”. Logo volta para sua gigantesca produção textual. O professor lê o seu texto e fica aterrorizado, com a estória contada.
Ela tentou continuar o texto, mas a inspiração custa a chegar. Só indo pra casa mesmo, já era quase meio dia. É hora do almoço e ela lembra que na casa não tinha nada pronto pra comer. A sua colega Lorena, lhe chama pra almoçar em um boteco perto da faculdade. Seduzida pelo valor e na ânsia de comer comida de verdade, ela e Talita, que partilha da mesma situação, nada em casa pra comer, resolvem ir.
Tarde – Aula de Alene e mais atividade. Um estudo dirigido para entregar às três horas. Ela faz o trabalho com Lorena, que logo corre para fora da sala com Camila. Antes de entregar o texto, ela não tinha mais cara, para falar com a professora, pois estava devendo muitas matérias. Ufa! Cinco horas da tarde e ela vai direto para casa. Afinal teria aula, outra vez, de novo, mais uma vez com o professor Leandro. Só que dessa vez ele não iria ver sua presença na sala. Enfim ela não agüentava mais, a única coisa que queria, era voltar para sua cama de onde ela não deveria ter saído.

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