segunda-feira, 10 de novembro de 2008

As mulheres do mercado

Patrícia Neves

Manhã de segunda feira, o sol está escaldante. No mercado municipal da Cachoeira encontram-se Carine e Daniela. Usando roupas pretas e toucas brancas, as moças preparam um almoço variado.
Carine é dona de um dos diversos boxes do mercado. Pele morena, cabelos e olhos negros, sorriso no rosto, usa uma blusa e um short de malha. Há dois anos, todos os dias, é mesma rotina: ela vai para seu box às sete da manhã, o almoço tem que ficar pronto ao meio dia.
O espaço é pequeno, cerca de dois metros. Devido a isso, a parede é muito utilizada. Cerveja, refrigerante, cachaça e copos pequenos de vidro são dependurados por um suporte de ferro com vidro quadrado em cima. Cadeados, panos de prato, calendário e o armário branco estão na parede verde. Em cima do armário, panelas vazias de alumínio, desgastadas, porém limpas, e peneiras de palha. Bife, fígado, peixe e frango estão sendo cozidos no fogão branco que divide o pequeno espaço com a geladeira, também branca com adesivos de canditados da eleição passada e uma pia de pratos com algumas panelas sujas. O cheiro da comida é agradável.
Nessa confusão está um pequeno garoto aparentemente com um ano e meio, sentado num banquinho de madeira, degustando um tomate verde. Com lágrimas nos olhos, com o peito descoberto, espera impaciente pela atenção da mãe Daniela, de aparência adolescente e tímida, negra, usa um vestido que dá menos volume ao seu corpo já magro. Ela corta cebola e um tomate bem vermelho para temperar o variado almoço.
Trabalham silenciosamente e com cuidado para se movimentar naquele pequeno espaço. Parecem gostar do que fazem.

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