quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Uma alegórica atmosfera

Carine Costa

Em algum lugar de Cachoeira, tem um cantinho exótico. É um ambiente rústico, de aparência envelhecida. Não faltam os muitos cacarecos e bugigangas. São tantos objetos aglomeradas que a visão do todo se torna confusa, aliás, o próprio lugar é confuso e tão difícil de descrever.
O dono, em plena dez horas do dia, almoça tranqüilo. Tem em mãos uma marmita de tons marrom surrado e branco encardido. Ao lado do seu almoço, encontram-se umas balas recheadas de chocolate. Mais à frente, um copo de alumínio, o qual seu Antônio leva à boca depois que encerra a sua refeição.
Não entendo o porquê de uma decoração tão exagerada, é um enumerado de quinquilharias: plantas pequenas, geladeiras, livros, troféus conquistados em campeonato de futebol de salão, cartazes de times do Vasco, Flamengo Bahia, Vitória e São Paulo e cartazes de propagandas relativas à vestibular.
Seu Antônio é a caricatura que faz jus ao ambiente. Aos 56 anos, tem cabelos crespos, grisalhos e ralos, pele amorenada, mede aproximadamente 1,60 de altura, usa um tênis, camiseta branca e azul, com uma calça marrom (pelo visto é a cor oficial do local), anéis e pulseiras da cor prata fazendo conjunto com o relógio.
Essa barbearia tem uma identidade muito peculiar, fato comprovado quando olho os vários espelhos dispostos lado a lado, as antigas cadeiras vermelhas, as pequenas gavetinhas na frente das cadeiras, as latas de leite e outras vasilhas que armazenavam outros produtos.
Salão Glória, um espaço que agrega o arcaico, que transforma o velho em novo diante dos olhares curiosos dos estudantes. De alguma forma, ao entrar neste espaço senti que aquela barbearia era um elo com a cidade histórica da qual ela faz parte. Seu Antônio é o personagem que se mostra feliz e cheio de vigor (claro, não deixei de observar a revista Playboy escondidinha embaixo da banca). As fotos nos quadros demonstram seu lado família, o velho sofá estampado encontra-se sem clientes.
Tenho que ir. Antes, aparece mais uma caricatura na minha frente. É um homem aparentando estar na casa dos 50, “olhos de gato” e algo na mão, faz propaganda de si próprio. Lê um poema para mim com muito entusiasmo.
A imagem que fica é confusa, confusa e alegre como aquela barbearia.

6 comentários:

Danielle Souza disse...
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Danielle Souza disse...
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Danielle Souza disse...

Gostei do texto. Só achei que você poderia ter descrito um pouco mais o local, ter dado mais detalhes do ambiente, já que como você mesmo falou e eu sempre reparo das vezes que passo na frente dessa barbearia, "é um enumerado de quinquilharias".

Camila Moreira disse...

Gostei muito. Boas descrições, dá pra ter uma boa visibilidade. As suas sensações no ambiente tambem ajudaram muito na descrição.

Leandro Colling disse...

bom, mas precisaria mais detalhes ainda para formar uma imagem mais precisa

Sandrine Souza disse...
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