segunda-feira, 27 de outubro de 2008

E é só uma barbearia

Daiane Dória

O que você pensa encontrar numa barbearia localizada numa pequena cidade do Recôncavo baiano? No Salão Glória e Armarinho, a barbearia de seu Antônio, se encontra de tudo. Três cadeiras de lona vermelha daquelas típicas de barbearia, bem antigas, loção Camélia do Brasil e perfume alfazema, loção para homens da Avon, uma foto do Preto Velho. Palmeiras, Vasco, Corinthians, Bahia, Brasil tetracampeão 94, Flamengo... Seu Antônio deve gostar muito de futebol. Pôsteres de times espalhados por toda a barbearia. Brasil penta em 2002.
Um homem está fazendo a barba. Navalha, mãos, um homem barbeando outro homem, mais um sentado no sofá e seu Antônio. Tesouras, pentes de todos os tamanhos, creme de barbear, mais tesouras, pequenas e grandes, mais creme de barbear agora com pincelzinho. Creme de barbear e barba.
O que faz ali um antigo ferro de passar roupa? Televisões, pia, sabonete e bucha de lavar pratos? O homem sai de barba feita. Ventiladores, um antigo e os outros mais moderninhos, desses que a gente tem em casa. Ao entrar lá a sensação de estar em um mundo paralelo. Mistura do velho e do novo. Uma caneca de alumínio de cabeça para baixo e uma cuia de chimarrão com uma intrigante coroa de abacaxi lá dentro. Ao lado, um telefone sem gancho e uma caixinha de som.
Hum... Não poderia faltar hein seu Antônio, aquelas revistas “de mulher pelada” - escondidas embaixo de uma toalha - para distrair os clientes e o senhor também né? Afinal, ninguém é de ferro. Jornais, outras revistas, essas menos escondidas.
Espelhos, espelhos, tatus – daqueles de madeira que balançam a cabecinha quando a gente mexe -, um ratinho com o pêlo cinza de camurça e uma tartaruga de madeira verniz e algumas bolinhas verdes enfeitam um tabuleiro de xadrez vermelho e branco que serve de mesa. Lembrança de Cachoeira – BA. Mais espelhos. Plantas espalhadas por todo lugar, geladeira marrom bem no meio da barbearia, um motor de liquidificador Walitta, só o motor, uma assadeira de alumínio em cima do frigobar branco meio enferrujado, bola de Natal vermelha, mochilas penduradas, plantas, passarinhos em gaiolas de madeira clara pendurados na porta, queria ouvi-los cantar.É essa é a barbearia do seu Antônio. Cheia de novidades. Coisas normais que se tornam curiosas pelo fato de estarem ali. Mas é essa mistura de formas, objetos e tempos que constroem aquele ambiente tão exótico, o Salão Glória e Armarinho.

3 comentários:

Lise Lobo disse...

O texto ta bem legal. Porém, apesar de muitas descrições não consegui criar a imagem da barbearia, talvez a grande quantidade de coisa tenha dificultado, fiquei confusa.

astrude modesto disse...

O texto é descontraído.
Gostei, principalmente, das impressões do lugar que a Daiane teve e passou, como: “O que faz ali um antigo ferro de passar roupa?”, “ao entrar lá, a sensação de estar em um mundo paralelo”, “Não poderia faltar hein seu Antônio, aquelas revistas ‘de mulher pelada’”, ela conversa com o personagem.
Mas poderia descrever mais os objetos, senti falta de ter a sensação e a dimensão de alguns, principalmente, os que são inusitados em uma barbearia.

Leandro Colling disse...

bom, boas observações.